DEPOIS DO SOL

A revelação

A partir desse ponto tudo mudou, a chave virou finalmente, e nada voltou ao que era. Chegando em casa, bati a porta atrás de mim e fui direto para o quarto.

Depois de um banho e roupas limpas, peguei os fragmentos que encontrara, arrastei minha poltrona para perto da janela, e comecei a observá-lo sob a luz de um lindo luar.
Porém, quando fechava meus olhos as imagens do que tinha acontecido tomavam formas em minha cabeça, e tudo se repetia em questão de segundos.

Já era tarde, estava exausta, mas me negava a dormir, então olhava atentamente os fragmentos, mas não conseguia entender o que estava escrito, por mais que eu conhecesse várias línguas, aquela me fugia o conhecimento.

No momento em que passava os dedos sobre a folha, conseguia sentir um frio que percorria todo o meu corpo. Não era possível compreender, mas algo estava acontecendo, e acontecia de uma forma que não consigo explicar ainda.

No fim, depois de tanto lutar, me entreguei ao cansaço e adormeci.
Em um flash acordei, e simplesmente estava andando sozinha em um lugar de cores estranhas, parecia não haver ninguém em lugar algum, fazia frio, e uma solidão adentrava meu coração através de acordes solitários que passeavam no meio de um mundo sem vida.

Comecei a caminhar em uma estrada cujo o chão estava repleto de ossos, então percebi ser uma planície cheia de mortos. Nesse momento, meu coração se quebrou e chorei ao perceber que estava diante do vale da morte.

De repente contemplei alguém descer do céu, acompanhado de muita luz, que tomava todo o ambiente e parecia me puxar. Com dificuldades de enxergar quem ou o que era, não consegui me manter em pé diante da presença daquele que descera.

Me prostrei de joelhos, com uma mão sobre a terra e a outra sobre os olhos, então comecei ouvir muitas vozes como de multidões, sons de águas e sinos e ao fundo uma voz como trovão,

- É chegada a hora, levante-se, é chegada a hora, acorde!

Aos poucos, aquela luz se discipou e deu lugar ao céu escuro, então vi uma nuvem enorme se aproximando, mas ela não era uma nuvem normal, existia algo vivendo lá, algo ruim, e muito antigo, e o que quer que fosse me encarava de volta.

Eu não sei como eu sabia disso, mas de alguma forma eu me convenci. Quando percebi que não conseguia fugir, entrei em desespero e enquanto tentava fugir simplesmente acordei.

Transpirando, ofegante e com a boca seca, olhei rapidamente pela janela e era o início de um novo dia.