8.

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Louis se lembrava de quando tinha doze anos e teve seu primeiro beijo com uma menina da sua sala. Foi atrapalhado e, pensando nisso agora, também não foi muito bom. Porém, ele lembrava de outros beijos que deu nos últimos cinco anos e nenhum deles tinha sido como o de Harry. Nada o tinha feito se sentir tão bem e leve consigo mesmo. E aquilo era confirmação o bastante para Louis sobre a sua sexualidade.

Ele se afastou o suficiente para encarar Harry nos olhos. Louis queria correr até a porta que nem uma criança assustada, mas Harry ainda tinha os braços em volta da sua cintura.

Por mais certo e bom que aquilo tinha sido para Louis, ele não podia deixar de se sentir assustado. Aquele único beijo botava fim em todo o conflito que ele tinha desde criança e, agora, sem nada pelo qual se defender, Louis se sentia a pessoa mais vulnerável do planeta. Como se tivesse pulado em queda livre, o que era coisa mais clichê que podia ser usado naquela situação, mas também a metáfora onde Louis mais se encaixava.

Harry sentia-se extasiado, mas a confusão começou a tomar conta de si quando ele viu o punk encará-lo com os olhos azuis arregalados.

― Lou? ― Harry perguntou, a voz não mais alta que um sussurro.

Louis chegou a abrir e fechar a boca diversas vezes, mas não conseguiu pensar em nada para dizer. Ele tentava organizar seus pensamentos, mas tudo estava muito bagunçado em sua cabeça. Por fim, ele respirou fundo e tentou de novo:

― Harry, eu... Eu quero que você saiba de uma coisa. Eu gosto muito de você, mais do que só amizade, mas eu nunca contei isso pra ninguém. Na verdade, até hoje, eu me negava a aceitar o fato de que eu... ― A voz de Louis falhou.

Harry, enfim, reconheceu a razão para todo o nervosismo de Louis. Ele mesmo tinha passado por isso, há alguns anos. Mesmo assim, Harry deixou que Louis continuasse a falar. Ele precisava convencer não só Harry, como a si mesmo. E, além de tudo, Louis tinha que se aceitar.

― Eu sou gay. Mas não acho que esteja preparado pra assumir agora. ― Louis tomou fôlego. ― Eu não sei se você sabe, mas minha família não é lá muito compreensiva. Contar pra eles agora, enquanto eu não saio de casa, não é bem uma opção.

Harry sorriu suavemente.

― É claro que eu entendo, Lou. Nós podemos ir devagar com isso, se você quiser.

Louis olhou para Harry, deixando um sorriso aliviado aparecer em seu rosto. Harry não era obrigada a conviver com os demônios de Louis, mas, ainda assim, ele estava ali, disposto a tentar. Mesmo que Louis estivesse passando pela fase de descoberta e aceitação, mesmo com toda a confusão que aquilo era e mesmo depois do punk admitir que um relacionamento com ele não seria fácil se for contar com os pais de Louis. Harry disse que entendia e que teria a paciência de lidar.

Mordendo o lábio inferior para reprimir o sorriso que insistia em não sair do seu rosto, Louis se inclinou e beijou Harry mais uma vez, com mais lentidão e delicadeza.

Os fins de semana da casa dos Tomlinson eram sempre os piores. Principalmente porque os pais de Louis ficavam em casa durante esses dois dias e nem sempre o garoto conseguia arranjar alguma festa ou saída entre amigos para evitar conviver com os dois. Assim, ele passava seus dias no quarto, mas ainda era obrigado à ter suas refeições em família. Sua mãe exigia isso dele e da última vez que Louis tentara recusar, uma nova briga tinha explodido entre ele e seus pais a ponto de fazer as gêmeas chorarem.

O problema não era ter que olhar o rosto dos adultos que o tinham sustentado, mas ter que aguentar calado todos os insultos que Louis e suas irmãs recebiam.

UncoverWhere stories live. Discover now