Uncover

12.

Louis não queria ter que voltar pra casa, olhar na cara do seu pai e ter que dizer que terminara com Harry. Ele não queria mais ter que mentir essa noite. Talvez tudo o que ele precisasse fosse de um tempo com Harry, para distraí-lo da crueldade de Mark.

Foi por isso que Harry sugeriu que Louis passasse a noite em sua casa.

― A sua mãe não se importa? ― Louis perguntou, inseguro.

Ele sabia que a mãe de Harry era muito melhor do que a sua no quesito homossexualidade, mas nada garantia que Anne não achasse uma falta de respeito ter outro garoto dormindo com seu filho sob o seu mesmo teto. Era o que seus pais sentiriam, se fosse na casa dele.

Mas não era a casa dele, era a casa de Harry.

― Não. ― O cacheado respondeu, sorrindo. ― Além do mais, ela dorme como uma pedra, provavelmente nem ouviu você chegar. E, mesmo que tivesse, ela é bem tranquila nessas coisas.

Louis reprimiu o sorriso, agradecendo mentalmente a Anne. Sua mãe podia tomar umas aulas com a mãe de Harry. Não seria nada mal.

Harry levou Louis ao seu quarto, abrindo a porta e deixando o punk entrar primeiro. Ele fez toda uma cerimônia, estendendo o braço e dobrando os joelhos, numa reverência desajeitada. Louis não se importou, isso o fez rir e era o bastante pra ele.

O quarto não era muito grande. Além da cama e do guarda-roupa, situados em lados opostos, havia também um rack ao lado da porta, onde estava o laptop e mais um monte de papéis e alguns livros didáticos espalhados. Harry não tinha colado nenhum pôster, mas mantinha um quadro de cortiça no espaço da parede em cima do rack. Louis viu fotos da mãe de Harry, de um homem junto com um Harry mais novo, de uma garota com o mesmo sorriso que Harry tinha e de algumas pessoas que Louis supôs serem os amigos de Harry em Holmes Chapel.

― Não é enorme, mas-

― É bom. ― Louis sorriu para Harry.

Harry sorriu de volta, um pouco envergonhado. Não era a primeira vez que ele trazia um garoto para o seu quarto – talvez fosse sua primeira vez em Doncaster –, mas as circunstâncias eram um pouco diferentes agora. Da última vez, ele e seu ex-namorado, Nick, tinham feito amor pela primeira vez, mas terminaram no mês seguinte. Agora, o objetivo principal era distrair Louis da ditadura imposta pela sua própria família.

Harry estava tentando muito, muito mesmo não pensar em nada malicioso, mas ele que não conseguia evitar.

― Hã... ― Harry coçou a nuca. ― Você quer tomar um banho? Eu posso te emprestar uma toalha e pijamas...

― Oh. Hm, isso seria ótimo, na verdade.

― O banheiro é na segunda porta depois da minha. ― Harry indicou, encaminhando-se para o guarda-roupas.

Louis saiu, deixando o garoto sozinho. Harry nunca planejara aquilo, mas não podia evitar de pensar em várias maneiras de fazer a noite terminar bem. Ele tentou afastar esses pensamentos, afinal, não era o momento. Não com toda a confusão que o pai de Louis tinha causado. No entanto, uma parte de Harry acreditava que sim, aquele era um ótimo momento, principalmente porque Louis precisava se distrair.

Mesmo depois de Harry ter garantido que ficaria ao seu lado, Louis ainda não parecia completamente recuperado. Seus sorrisos ainda eram fracos e seus olhos ainda pareciam prestes a transbordar de lágrimas. A mágoa no rosto de Louis não era uma emoção que combinava com o punk e Harry se sentia um tanto agoniado de vê-lo tão pra baixo.

Harry saiu do quarto, carregando toalhas e um pijama seu que provavelmente ficaria grande em Louis. Ele ouviu o chuveiro ligado e se perguntou se Louis já estava no banho ou se ele era uma daquelas pessoas que esperavam a água esquentar (Harry rezou para que Louis já estivesse no banho, porque sua mãe era naturista o bastante para ensiná-lo durante os anos sobre desperdício de água e isso era uma neura secreta que ele e sua mãe tinham em comum).