Vamos jogar um jogo?

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— Você não está preso aqui, ok? — O loiro confortou — E nem sozinho, sempre estarei aqui com você.— Sorriu.

O garoto se encontrava sentado em uma cama branca. O quarto de tamanho mediano era na verdade, composto por branco e um azul pastel.

Jackson se mantinha sentado na ponta da cama, tentando confortar o menino perante a um lugar novo que, possivelmente, o mesmo poderia estranhar.

— Eu… vou ficar bem? — O menino perguntou em um sussurro — Vou lembrar de quem eu sou? — Questionou agora em bom som, encarando Jackson como se sua vida dependesse disto.

O loiro não conseguiu evitar de se sentir surpreso, e além de tudo: temeroso. Só agora que fora entender; este garoto sem nome, não tinha nada para se agarrar. Nem mesmo uma faísca reluzia em seu olhar.

Mas agora, aquele brilho sutil que aparecia em seus olhos quando o mesmo lhe encarava, e aquele tom desesperado como se o que quer que Jackson lhe respondesse, ele iria acreditar, fizera com que o loiro entendesse que o menino ganhou esperanças.

Esperanças essas que dependiam do loiro, e Jackson tinha um histórico bom em decepcionar as pessoas. Realmente desejava que o menino não entrasse para esse histórico, não queria ser aquele que iria quebrar suas esperanças, que ainda eram frágeis.

— Claro que vai, mas tenha paciência e não se force.— Aconselhou o loiro.

O garoto assentiu levemente, movendo sua atenção para janela que existia logo ao lado de sua cama.

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— Ele ficará bem Jackson, poderá visita-lo quando quiser. — A neurologista Sunhee abrandou, tentando apaziguar a face franzida do loiro, que exalava preocupação.

— Eu não sei se essa é a melhor escolha a se fazer… — Contou inquieto. — Quero dizer, eu não estou fazendo a mesma coisa? O mantendo em um local sem interação social, sem nada? — Olhou para a mesma, seu tom desesperado clamava por alguma orientação.

Sunhee suspirou, para logo responde-lo:

— Fique calmo, está bem? — Ela fez uma pausa — Você mesmo disse que ele não está preso. Nada te impede de acompanha-lo para uma volta na cidade.

— Eu sei, é só que…

— Você está fazendo seu melhor, Jackson. — Interrompeu a mesma, o consolando enquanto colocava sua mão em seu ombro. — Agora vá para casa e descanse. Está precisando.

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Ao chegar em sua casa, notou que os meninos já haviam ido embora. Não se surpreendeu, afinal era de manhã quando saíra, e agora o céu já ganhava uma coloração alaranjada e roxa, o sol já estava se pondo.

Colocando suas chaves no balcão da cozinha, ele já ia desabrochando sua gravata.

Suspirou, de fato estava se sentindo cansado. Mas acima de tudo, feliz. Pois mesmo que ainda não sentia que era o suficiente, conseguira a passo mais importante; tira-lo daquele lugar, daquela prisão.

Após trocar para uma roupa mais confortável, Jackson se permitiu descansar; se deitou em sua cama e assim logo caíra no mundo dos sonhos.

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O silêncio ensurdecedor daquele porão se tornara até mesmo confortável para o garoto, porque isso dizia que estava sozinho. Sem aquele homem, sem mais conversas, sem mais dores de cabeça.

A única coisa que gostava era de ouvir o som da chuva, que mesmo abafada, se sobressaía pelo local úmido. Era relaxante pensar que existia um mundo ali fora, além das grades e além daquele porão.

The boy • JINSON •Onde histórias criam vida. Descubra agora