Encontro

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- Tem certeza que ele tá' morto? - Um policial de estatura baixa e de óculos quadrado indagou, enquanto observava os assistentes médicos levarem o corpo inerte do detento sobre a maca.



- Ele estava apenas deitado sobre o chão, pálido demais. - Relatou Jaebum, que também observava.



- E o garoto não falou nada? Nem ao menos reagiu?



- Não devemos culpa-lo, cada um tem suas formas de lidar com situações de estresse. - Jaebum o defendeu, enquanto encarava por de trás das grades, aquele garoto que tanto assombrava seus dias.



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A médica legista, depois de realizar a autópsia, agora terminava de dar os pontos no corpo falecido.


- Foi o coração? - A delegada Jenny que ali estava presente, indagou de braços cruzados.


- O coração, fígados, pulmões. - Respondeu a médica. - O câncer entrou em metástase.


- Câncer, como assim? - SeoJoon que também acompanhava a delegada murmurou incrédulo.

- Fico surpresa que ele tenha conseguido entrar na cela com suas próprias pernas. - A médica comentou, retirando suas luvas de látex.


Ambos ainda tentavam digerir a informação recente. Eles trocaram olhares que compartilhavam do mesmo sentimento, confusão.



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Algo havia roubado a atenção do garoto. Devido a atenção posta sobre o corpo pálido do homem, acabaram deixando a cela levemente aberta. Um erro fatídico e digno de principiante, afinal, quais as chances disto acontecer? Parecia que a sorte estava ao seu favor.

Ele lentamente se levantou, cravando seus olhos na porta como se quisesse ter certeza de que era real e não uma alucinação.



Mas de fato ele estava fora daquele cubículo, diante de um corredor com direito a várias celas onde detentos de todos os tipos resmungavam e gritavam palavras sujas.



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Jackson se retirou pela a porta de saída, com sua mala de trabalho ele andava em direção ao seu carro, insatisfeito. Se sentia um mero fracassado, consequências de suas expectativas criadas.

Enquanto já a abria a porta do automóvel, teve a impressão de avistar alguém pelas grades extensas que ajudavam a demarcar o território, e a aumentar a segurança daquele presídio.

Madeixas levemente longas e negras, e uma baixa estrutura, o rapaz! O que ele deveria estar fazendo ali, afinal? Ou melhor, como?

Não importava agora, não quando o loiro já se encontrava colado nas grades afim de chamar a atenção do garoto:


- Ei! Rapaz! Lembra de mim? - Ele gritou.

O garoto aparentava estar assustado pela claridade, ele tentava inutilmente tampar os raios solares, colocando seus braços a frente de seus olhos.


Tamanho era seu incômodo que praticamente ele era um só com a parede atrás de si, como se quisesse fugir. Desde quando ele não via a luz do sol? Independente do quão assustador aquilo era, talvez o que mais lhe assustava era a sensação de liberdade, cujo por mais ilusória e pequena que fosse ainda sim residia em seu interior.


"Você nunca deverá ver a luz do sol novamente, grave isso na sua cabeça. Você nunca deverá ser livre." A voz áspera e familiar do homem que lhe privou de sua liberdade, ecoou em sua mente.

Um sentimento ruim lhe invadiu, sentia que havia esquecido algo importante. A sensação de culpa, raiva e tristeza lhe preenchia por inteiro, transbordando e o deixando sufocado.

Do que ele tem que se lembrar? Quem ele ao menos é? A agonia veio a tona porquê ele se lembrou da sensação de ser livre, e isto lhe despertou uma chama que á cada vez que crescia, mais árdua ficava.


O ar se fez falta, sentia seu corpo inteiro tremer. Pôs suas mãos em seu pescoço, e sufocado pela avalanche de seus sentimentos ele emitira ruídos sofridos. Estava em pânico.


Jackson assistia preocupado o garoto afundar em seu transe, não sabia que o que fazer. Como desejou estar próximo ao rapaz e abraça-lo, mas a distância era um obstáculo.


- Por favor olhe para mim! - Pediu, gritando em plenos pulmões. - Respire fundo, concentre-se na minha voz!

O garoto pareceu notar sua presença, embora ainda tentava recuperar seu próprio fôlego.


- Respire lentamente, não tencione seus músculos! - Instruiu. Tamanho era seu nervosismo que uma gota de suor descia de sua testa.


O menino lhe escutou, tentou inspirar e expirar. Evitou pensar novamente em seus problemas, ele queria voltar a não pensar em nada. Quando permanecia apático não sentia esse desesperador sentimento. Era como uma proteção.

Aos poucos seus braços foram se abaixando, soltando o aperto em seu próprio pescoço. O ar se fazia presente novamente, mas ele permanecia ainda ofegante, como se tivesse corrido uma intensa maratona.

Agora mais calmo e focado no estranho homem familiar que havia lhe ajudado, ele desceu as escadas, caminhando para mais próximo da grade.



- Isso! Muito bem. - Jackson elogiou, uma vez que o garoto já parecia mais calmo e sã. - Escute, você quer ser livre certo?


O menino que lhe encarava curioso, assentiu lentamente.



- Posso ser seu advogado se você quiser! - Ele exclamou. - Apenas chame pelo meu nome, Jackson Wang!


De repente, dois agentes saíram da porta, da onde mais cedo o menino havia saído. Apressados e de semblantes raivosos eles apreenderam o garoto que permanecia de olhos cravados em Jackson.


- Jackson... Wang. - O moreno sussurrou.



O loiro sentiu que deveria registrar isso, portanto logo pegou seu celular e fotografou a cena que se decorria ali, poderia ser usado como provas, caso houvesse um julgamento.



Quando o rapaz desapareceu por àquelas portas, sendo levado como um criminoso de volta à prisão, Jackson sentiu mais do que nunca que deveria tirar ele daquele lugar. Ele suspirou frustrado, as coisas não são tão fáceis e não saíram conforme seus planos hoje.

Infelizmente não havia mais nada do que se fazer ali, pelo menos não por agora, encarar a porta não faria o menino voltar e não resolveria as coisas.


Ele retomou seu caminho ao seu carro, e sem prolongar deu partida, indo embora com a lembrança do garoto em sua mente.




The boy • JINSON •Onde histórias criam vida. Descubra agora