Reconciliação

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Jinyoung se encontrava na escrivaninha, desenhando, enquanto Jackson dormia profundamente na cama ao lado. Havia acordado no meio da madrugada, e sabendo que o sono tinha o abandonando resolvera ocupar sua mente com algo.

A única fonte de luz era da janela, onde a lua iluminava suavemente o cômodo, e mesmo assim já era o suficiente para o garoto.

Tinha algo que havia guardado para si desde aquele dia em que colapsou no bosque. Algo que deveria ser trancado a sete chaves e não saberia se iria aguentar por tanto tempo. Aquilo estava lhe consumindo.

E quando parou para prestar atenção em seu desenho, seu coração acelerou e de repente se sentiu envergonhado. Mal havia percebido que aqueles traços que fazia sem pretensões, haviam formado um retrato do loiro. Jackson sorria em sua ilustração, o sorriso doce que tanto sentia falta.

Sentiu voltade de amassar aquele papel e joga-lo no lixo, mas não o fez. Apenas olhou mais uma vez para o retrato, e assim o guardou na gaveta como as outras ilustrações que havia feito. O diferencial, é que esta fora colocado por de baixo das outras, morreria de vergonha se Jackson visse o que tinha desenhado.

— Você está bem? — Assustando o moreno, Jackson pergunta em meio aquele silêncio noturno.

Virado para seu lado, com o rosto amassado e sua voz rouca, indicava que o mesmo havia acabado de acordar.

— Eu… fiquei sem sono, mas já ia voltar para a cama. — Jinyoung respondeu, não conseguindo lhe encarar, apenas fitou a mesa já vazia da escrivaninha.

— Venha… — O advogado pediu com um sorriso sonolento, levantando significamente o cobertor, em um gesto figurativo.

Jinyoung o olhou, suas bochechas adquiriram um vermelho forte. Suspirou quando percebeu que já não conseguiria negar o pedido do advogado, então um pouco conflitante obedeceu; deitou-de na cama junto ao loiro e se mergulhou nos cobertores.

Ambos de frente para o outro, Jackson encarava aqueles olhos azuis hipnotizantes que se negou a olhar por algum tempo. E não evitou de se assustar com o brilho frio que seus olhos possuíam, estavam diferentes. Não havia palavras para definir, porquê Jackson não conseguia lê-los. Eram ilegíveis, e poderia ser algo bobo, mas Jackson por um momento temeu o que aquilo poderia significar.

— Me perdoe… — Jackson murmurou, seu tom era sincero e sua mão fora de encontro com o rosto pálido do garoto, este que piscou os olhos, surpreso pela ação do advogado. — Eu não queria ter te evitado esse tempo todo, eu estava perdido e descontei em você.

Jinyoung não sabia o que dizer, estava sem palavras. Tudo o que podia fazer era ouvi-lo atentamente com o coração frenético no peito.

— Eu tive medo do passado, das coisas que eu já fiz e que eu estou prestes a fazer, eu ainda tenho, na verdade. Porém, anjo, eu não deveria ter ignorado o que aconteceu, não deveria ter te ignorado… me desculpe.

— Hyung… foi eu quem te beijei sem mais nem menos, era eu quem deveria pedir desculpas. — Jinyoung murmurou constrangido.

Eu quis, anjo. — Confessou, seu olhar ameno e seu sussuro confidenciativo causara um arrepio no garoto. — Sempre quis… — Acrescentou, seus olhos desceram para os lábios avermelhados e atrativos de Jinyoung.

E seus corpos pareciam se aproximar mais e mais, suas respirações se cruzavam e o calor humano irradiavam de suas peles aquecidas. Seus corações pareciam compartilhar uma mesma dança frenética, e não bastou muito para seus lábios se juntassem em um beijo apaixonado.

Um arrepio compeliu o corpo inteiro de Jinyoung, quando sentiu as mãos do loiro segurarem em sua cintura, firme. O ósculo se aprofundando mais e mais, deixando com que todo aquele desejo e sentimento que fora guardado dentro de ambos se revelasse de uma vez.

Céus, como Jinyoung podia beijar tão bem? Era difícil acreditar que este era o mesmo garoto que havia encontrado em seu porão alguns meses atrás.

De repente, Jinyoung interrompe o beijo, ofegante e com suas bochechas adorávelmente coradas.

Mas Jackson ainda não conseguia ler seus olhos.

— J-Jack… eu preciso te contar uma coisa. — Sussurrou, desviando seu olhar.

— Shii… descanse, amanhã conversamos.

Jackson o cortou sonolento, depositando um selar afetuoso em sua testa. Ele o envolveu em seus braços e com esse ato, toda a coragem que Jinyoung havia reunido se esvaiu. Tudo o que pode fazer era se aconchegar mais no peito no outro, encontrando refúgio naquele calor e sentimento doce.

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Uma batida forte e incessante na porta, fizera Jackson se despertar contra-gosto. O som abafado indicava que era porta de entrada da casa, e praquejando diversos palavrões se levantou com cuidado para não acordar um Jinyoung adormecido ao seu lado, que por sorte não pareceu se incomodar com o barulho.

Ao abrir a porta murmurando um "pois não?", se deparou com com um BamBam lhe encarando sorridente, enquanto os meninos se encontravam logo atrás dele, com sorrisos de cúmplices.

— Boa tarde, dorminhoco! — Cumprimentou Bambam, este que já ia adentrando na casa, assim como os outros.

— Tarde? — Perguntou um pouco confuso.

— Sim, Jack. Já é meio-dia. — Respondeu Mark.

— Bem, será que a gente finge que ele não nos afastou por esses dias? — Youngjae perguntou irônico, com seu olhar julgador fulminante perante Jackson.

O loiro coçou sua nuca, constrangido.

— Eu…

— Não quero mais saber. Vá se arrumar com o Jinyoungie porque nós temos um piquenique para fazer! — O azulado interrompeu, cruzando os braços e sorrindo autoritário.

— Piquenique? Como assim?

Yugyeom revirou os olhos.

— Sim, Jaebum nos convidou porque aqui perto tem um clareira muito boa para fazer um piquinique. — Explicou o de cabelos cor de mel.

— Além disso… vamos comemorar que eu finalmente sai daquele inferno de penitenciária. A partir de agora estou desempregado, porém feliz. — Se pronunciou o ex-policial.

Jackson supreso, sorriu pela ação do amigo. Sempre desejou que o mesmo procurasse aquilo o que mais lhe fazia bem.

De repente, um Jinyoung sonolento e coçando seus olhos apareceu diante do corredor. E quando o mesmo notou que os garotos estavam ali, seus olhos se arregalam e ele sorriu largo.

Jaebum! — Exclamou, praticamente correndo em direção ao mesmo, lhe abraçando.

O ex-policial supreso, ficara sem reação. Assim como todos presentes na sala.

— Meninos… eu senti tanta falta de vocês. — Murmurou com a voz embargada. Seus olhos se moviam para cada um deles, e todos sentiram um calafrio estranho no corpo.

Parecia até mesmo que ele não os via por anos.

— Jinyoungie-ah não fique assim — Bambam falou ameno, bagunçando as madeixas negras do garoto —  Culpe o tapado do Jack que quis tirar folga da gente!

— Certo, agora vão se arrumar! Anda, anda — YoungJae os apressou.

Jackson revirou os olhos, rindo. E não tardou a ir se aprontar junto com um Jinyoung sorridente.

The boy • JINSON •Onde histórias criam vida. Descubra agora