Me leve com você

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De modo súbito, o menino se desperta, se levantando assustado e suado. Sentia sua garganta em um nó, e as lágrimas desciam sem pausa. Desesperado, ele se levanta da cama correndo, indo em direção á porta.

— Jackson?! — Ele chama em alto som, tentando abrir a porta que jazia trancada. Bateu fortemente na mesma. — Eu quero sair! — Gritou frágil, embolado pelo choro.

Vendo que não havia resposta, ele começara a andar de um lado para o outro, perturbado.

Que vá para o inferno toda aquela maldita situação! Estava farto de nunca se lembrar de algo, apenas recordar do seu inferno que nunca pudera de fato esquecer.

Um urro saiu de sua garganta, e movido pela raiva ele derrubara todos os livros que continha na escrivaninha ali próxima.

Ele era uma bagunça sofrida, chorava alto enquanto descontava sua raiva nos móveis e objetos ali presentes.

O som alto que o menino estava fazendo deve ter atraído os assistentes médicos, estes que abriram urgentemente a porta a fim de ver o que estava acontecendo.

— Jackson? — Indagou virando-se para a direção da porta, seu tom surpreso e doce dando contraste ao seu comportamento anterior. — Vocês não são ele… — murmurou afetado, seu desespero voltando com mais intensidade.

Onde estava o loiro? Ele não estaria sempre consigo? Não podia ter ido embora, não aguentaria ficar longe de alguém que parecia se importar, ele queria se sentir seguro, ele não estava seguro sem Jackson.

— Eu quero ele, me levem até ele, por favor! — O garoto pedia com sua voz embargada, avançando sobre os assistentes que impediam do mesmo de sair pela porta.

— Se acalme, eu irei chama-lo, mas preciso que fique calmo! — Uma das assistentes tentava inutilmente conter o menino.

— Eu não queria ter que fazer isso, mas é para o seu bem.

Falou a outra assistente que injetara um sedante no menino, este que gradativamente ia perdendo suas forças, se tornando sonolento e mole. Não demorou muito para que sua visão se tornasse puro breu.

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O som dos pássaros cantando e os raios solares que tocavam seu rosto, fizera o menino se despertar. E ao notar uma silhueta familiar parada na porta, se levantou bruscamente. Era ele, Jackson.

Para surpresa do loiro, ele desesperadamente correu para seus braços. O menino lhe abraçou forte, aflito, ansiado. Como se estivesse esperando por isso a muito tempo. Sentiu sua blusa se molhar, e o corpo do menino tremia; ele chorava com seu rosto em seu peito.

Afetado com a situação do menino, levou uma das suas mãos a suas costas, a outra em suas madeixas, fazendo um leve acariciar.

— Shii… tudo vai ficar bem, estou aqui agora... — Murmurou o loiro.

Quando o menino se acalmou, Jackson o levou para se sentar na cama. Sentando ao seu lado, ele se pronunciou:

— O que aconteceu? — Indagou, olhando em seus olhos preocupado.

O menino desviou seu olhar para o chão. Notou que a bagunça que fizera havia sido arrumada, não evitou de se sentir envergonhado pelo seu deslize na madrugada. Havia surtado e se arrependia disso.

— Eu não me lembrei de nada… se é o que você está pensando... — Falou o menino — E esse o problema, eu apenas me recordo de coisas que já estão gravadas aqui — Tocou em sua testa, com os olhos lacrimejados. — Gravadas até mais…

— Quer me contar o que recordou? — Perguntou sutilmente, aflito em invadir o espaço do menino.

O moreno pareceu se assustar com a ideia, negou com a cabeça freneticamente.

— N-Não, não, eu não posso…

— Tudo bem, tudo bem… escute, eu não vou te obrigar a nada. — Tocou em seu rosto o fazendo encarar seus olhos. — Tudo em seu tempo. E seja o que for, eu nunca irei lhe julgar. — Sorriu compreensivo.

O menino sorriu, com suas bochechas coradas. Era por isso que se sentia seguro com o loiro, ele nunca ameaçava, nunca pressionava, nunca o fazia se sentir vulnerável e triste. Era completamente o contrário, ele o respeitava e parecia se importar com tudo.

— Posso t-te a-abraçar? — Indagou tímido, pensou que poderia incomodar o loiro fazer contato sem permissão. Havia se sentido muito constrangido por tê-lo agarrado na cena mais cedo.

— Não precisa perguntar! — Riu o loiro, achando o menino adorável.

E assim Jackson acolheu o garoto em seus braços, os dois unidos por um calor em seus corações. Algo reconfortante e pacífico.

— Muito obrigado, Jack… — Sussurrou grato em meio ao abraço.

— Não há de que — Sorriu Jackson.

— Posso te pedir uma coisa? — Quando se soltaram do abraço, o garoto indagou baixinho. 

O loiro tocou em sua mão, como um incentivo à continuar.

— Me leve com você, por favor… eu não quero ficar aqui sozinho… — Pediu corado, se sentiu um pouco atrevido em pedir algo a mais do loiro, ele sempre lhe ajudava, não queria abusar de má fé da sua gentileza.

— O que?… lá não é um bom lugar, você sabe aonde eu moro! Tem certeza que… conseguiria permanecer naquela casa? — Contrapôs o loiro, assustado com a  ideia.

— E-Eu não sei… mas você está lá, eu posso aprender a superar e não era como se eu ficasse no andar de cima de qualquer forma… — Suspirou envergonhado.

Sabia que estava se arriscando, sentia um pânico só de lembrar da sensação de estar no porão, na jaula, preso novamente. Só estava aflito. Estar sozinho era a pior escolha no momento, portanto se permitiu arriscar uma vez.

Jackson pareceu pensar profundamente nisso, e parecendo entrar em um acordo consigo mesmo, ele respirou fundo e disse:

— Está bem. Mas se isso te fizer mal, você irá voltar aqui, combinado? — Propôs o loiro, firme.

O menino assentiu, sorrindo sutilmente.

— Agora que eu notei… — Jackson comentou surpreso — Você sorriu! E essa nem foi a primeira vez…

O garoto abaixou levemente sua cabeça, um pouco constrangido. Pensando bem, nem mesmo ele percebeu que havia sorrido. Engraçado, sentiu vontade de sorrir de novo!

— Sorrindo de novo! O que está acontecendo? — O loiro fazia uma cena dramática, colocando suas mãos em seu peito e com uma voz forçadamente incrédula.

Isso não ajudava o moreno a interromper o sorriso que se moldava em seus lábios, pelo o contrário; lá estava ele sorrindo abertamente pela graça do loiro.

—Você fica lindo sorrindo, sorria mais, de verdade… — Quando a brincadeira a acabou, Jackson contou, hipnotizado pela beleza do garoto sem nome.

— Pronto para sair desse lugar e conhecer a cidade? — Agora o mesmo se colocava de pé, oferecendo sua mão para o menino.

— Pronto! — Respondeu o mesmo, firme. Agarrando sua mão sem hesitação.

•••

Bem, se preparem porque vem muita atualizações por aí!

Quem já deu uma visitinha do Spirit sabe que a fanfic já bem avançada em relação aos capítulos, portanto irei atualizar até o cap que parei no site propriamente dito.

Até mais então! ;)

The boy • JINSON •Onde histórias criam vida. Descubra agora