Capítulo 5

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Jimin carregava o aspirador pela casa, enquanto secava as gotículas de suor que insistiam em aparecer em sua testa. Quando finalmente terminou de passar pelo corredor, desligou o aparelho e observou sua casa. Havia jogado os restos de comida fora, recolheu o lixo, lavou a louça, passou o aspirador de pó e havia agendado um horário na lavanderia. Tentava tomar as rédeas da situação.

O cheiro de limpeza era agradável. Fazia tanto tempo que morava no meio da sujeira, que até tinha se esquecido da sensação de pisar na sala e os sapatos não grudarem.

Depois da casa estar finalmente limpa, Jimin tomou um banho demorado, sentindo a água quente massagear seus músculos. Fazia tempo que não apreciava seus banhos, ele os tomava, mas era mais um ato no piloto automático.

Após o banho, botou sua calça jeans clara rasgada no joelho, uma blusa fininha de manga cumprida e seus velhos coturnos. Passou em frente ao móvel de canto e apanhou a aliança de namoro dele e de Jungkook. Sem pestanejar a colocou no dedo.

Jungkook foi enterrado com a dele e Jimin sempre usou a sua. Não importava que já havia passado dois anos, ele ainda era o namorado de Jungkook e sempre seria assim.

Passou pela porta e se dirigiu até o mercado a pé. Não era fã de transportes públicos, nem tinha um carro. Mas também não se importava de caminhar.

Chegando no mercado, apanhou leite, cereal, ovos e alguns miojo, dariam para semana. Pegou o cartão que seus pais o haviam lhe concedido, era assim que se mantinha.

Lógico que houve uma briga para que ele voltasse para a casa, mas estava irredutível, não largaria a única lembrança que havia de Jungkook. O emprego da época não durou já que Jimin não mostrava interesse por nada mais.

A atendente do caixa demonstrava mais simpatia por ele do que pelos outros clientes e ele sabia que era por pena.

Se lembrava do dia mais terrível de sua vida, ele estava no mercado comprando chocolates, Jungkook amava trufas de morango e isso consertaria tudo. O telefone tocou, e a voz da mãe de Jungkook nunca foi tão pesada quanto naquele dia.

Ele perdeu o equilíbrio no caixa, a operadora foi a primeira a perceber que ele não estava bem. Tirou sua própria cadeira para Park sentar enquanto pedia para que alguém trouxesse um copo com água.

- Vai ficar tudo bem. - dizia ela.

Não ficou.

- Crédito ou débito? - a voz calma da atendente tirou Jimin dos seus devaneios.

- Débito. - respondeu baixo.

Após pagar, juntou suas sacolas e resolveu voltar para casa. No meio do caminho, a chuva que ensaiava em vir fazia tempo, se mostrou presente. Se não estivesse com sacolas, não se importaria em tomar chuva, porém, não iria deixar sua comida molhar. Tinha consciência que estragar comida era errado. Entrou em um restaurante para se esconder da chuva.

Assim que entrou, sentiu o ambiente quente o abraçar. Olhou pela janela no mesmo segundo que um raio riscou o céu. É, iria demorar a parar de chover.

- Parece que toda vez que tem água, a gente está no meio. - escutou uma voz grave atrás de si.

Jimin se virou e se deparou com um Taehyung sorridente. O garoto parecia não conhecer a tristeza, já que sempre estava sorrindo.

- Oi Taehyung. - disse Jimin sem jeito.

- Você quer se sentar comigo e meus amigos? - perguntou apontando para uma mesa mais no fundo com dois rapazes.

- Ah... Não precisa, estou bem aqui. - negou envergonhado.

- Vai demorar para parar de chover, Jimin. - argumentou Tae. - E eu prometo um almoço melhor que miojo e ovo. - observou a sacola do menor.

Angel- VminOnde histórias criam vida. Descubra agora