Universo || Imagine Jungkook

Prólogo

Ao olhar no canto da tela do seu computador, _________ percebeu que já estava na hora de ir para casa. Guardou seu caderno na bolsa e arrumou os papéis e canetas que estavam espalhados na sua mesa. A garota era perfeccionista ao extremo e sempre organizava tudo nos mínimos detalhes antes de sair do trabalho. Salvou seu projeto duas vezes seguidas, para ter certeza de que não perderia nada, e bloqueou a tela do computador. Colocou a bolsa no ombro e se despediu dos seus colegas de trabalho, inclusive sua chefe. Ao sair da editora, ___________ atravessou a rua com cuidado e procurou as chaves do seu carro no fundo da bolsa. Após longos segundos de sofrimento, a garota achou suas chaves e destravou o carro.

O Kia Sportage vermelho tinha sido um presente de aniversário dos seus tios no seu aniversário há um ano, após se mudar para um apartamento com a melhor amiga. _________ morou com os tios desde que tinha sete anos de idade, quando perdeu seus pais em um terrível acidente de carro. Seus tios a criaram como se fosse a própria ilha deles e isso fez com que a garota não se sentisse tão abalada pelas memórias. Afinal, estar dentro do carro no momento do acidente e ser a única sobrevivente não era uma das melhores lembranças.

A garota abriu a porta do carro e jogou sua bolsa no assento do passageiro enquanto se sentava no do motorista. Ao ligar o motor, conectou seu celular no som do carro e colocou uma de suas playlists favoritas que estavam gravadas no aparelho. ________ deixou a música em um volume agradável e começou a dirigir pelas ruas movimentadas de fim de tarde da cidade. Os prédios altos bloqueavam a maior parte da luz solar, o que dava a impressão de estar escurecendo mais rápido do que o normal. Quando parou em um sinal vermelho, procurou um panfleto que tinha guardado dentro da bolsa. O panfleto falava da inauguração de uma nova livraria perto do bairro onde morava. No panfleto, não havia nada que indicasse que horas a livraria ia fechar, então, se agarrou na esperança de pegar o local ainda aberto. Estava ansiosa para ver que tipo de livros a aguardavam naquele lugar.

Dirigiu por mais alguns poucos quilômetros e, quando chegou perto do local, estacionou em um das milhares vagas que tinha ali. A livraria não era nem um pouco bem localizada e muito menos tinha aparência de ser uma. A loja era pequena e ficava abaixo de um prédio abandonado. Se não fosse pela plaquinha amarelada que indicasse que a livraria estivesse aberta, __________ iria embora por achar que o lugar estivesse abandonado. Pegou sua bolsa e saiu do carro, andando em direção à porta de madeira. Receosa, a garota abriu a porta lentamente e um pequeno sininho anunciou a sua chegada. A livraria estava completamente deserta e novamente pensou que aquela deveria ser uma loja abandonada.

As poucas estantes de madeira eram velhas e a maioria dos livros estavam empoeirados. Todos tinham capas escuras e duras, como os livros que eram impressos antigamente. Só de olhar ao redor, já podia deduzir que aquela loja não poderia receber os futuros livros da editora onde trabalhava. ___________ olhou por entre as prateleiras novamente, para ter certeza de que não havia ninguém ali. Quando deu meia volta, a garota foi pega de surpresa ao dar de cara com uma mulher mais velha. A mulher sorriu de leve.

– Perdoe-me, minha jovem. – a mulher falou com a voz calma. – Minha intenção não era assustá-la.

– Eu que peço desculpas! – falou rapidamente. – Pensei que estivesse sozinha aqui, já estava indo embora. A senhora é a dona da livraria? Espero que já não esteja fechando.

– Não, não! Sinta-se em casa, querida, e me chame se algum livro for do seu interesse. Leve o tempo que precisar.

__________ assentiu e começou a andar pelos corredores. Apesar de ter poucas estantes, todas estavam repletas de livros antigos. Por mais que tivesse criado alguma esperança, aquela livraria certamente não era indicada para vender os livros do lugar onde trabalhava, eram estilos diferentes. Quando chegou na última estante, reparou na prateleira superior. Em meio aos livros de capa preta, havia um livro de capa dura colorido. A garota ficou na ponta do pé e alcançou o livro com um pouco de dificuldade. Examinou a capa do livro cuidadosamente, prestando atenção em todos os mínimos detalhes. O livro, que variava entre tons de azul, roxo e preto, possuía estrelas e o formato de um rosto feminino de perfil. O livro tinha o nome de Universo, escrito por C. Chade. Ao folhar algumas páginas do livro, notou que se tratava de uma história em quadrinhos. Apesar de não acompanhar muito esses tipos de história, __________ sabia que nunca tinha visto uma única cópia daquele livro em nenhuma livraria ou sites on-line. A capa do livro era belíssima, seria uma falta de respeito não lembrar dela.

Algo naquele livro chamou muito a sua atenção da garota, mas por mais que procurasse, não achava o preço do mesmo em lugar algum. Voltou para onde estava antes, com o livro nas mãos, o que acabou atraindo o olhar da mulher. Esta olhou fixamente para o livro e sorriu de canto.

– Posso lhe fazer uma pergunta? – a mulher pediu educadamente e a garota concordou. –Por acaso, hoje é o seu aniversário?

– É, sim... Como sabe? – a garota estranhou.

– Você nasceu no mesmo dia que a autora desse livro. Isso a torna muito especial.

– Especial? Do que você está falando?

– A mulher que escreveu esse livro morreu antes de poder terminá-lo. – ela explicou. – Você pode ver que as últimas páginas da história estão em brancas e esse é o único exemplar do livro.

– E por que isso me torna especial? – __________ não tinha ideia do que escutava, a mulher na sua frente parecia estar louca.

– Tome. – a mulher alcançou um livro preto com capa de couro, fechado com uma fita vermelha brilhante para _________. – Aceite esses livros como um presente de aniversário.

– Não posso fazer isso...

– Tudo o que for escrito nesse livro preto, se tornará realidade. – a garota se sentiu obrigada a pegar o livro. – Então tome muito cuidado com o que escreve nele.

___________ saiu da livraria mais confusa do que quando entrou. Quando entrou no seu carro, olhou para os dois livros em suas mãos e se pegou pensando nas palavras da mulher. Nada do que ela disse fazia sentido e isso, de certa forma, a deixava preocupada. Suspirou e colocou os livros junto com a sua bolsa no banco ao lado. Ligou a música novamente e fez todo o seu caminho de volta para casa.

***

– __________, vem aqui agora! – Amanda, sua companheira de apartamento e melhor amiga, gritou da cozinha assim que ouviu a amiga entrar no apartamento.

____________ deixou sua bolsa no sofá e foi direto para a cozinha. Assim que viu Amanda, arregalou os olhos ao perceber o enorme bolo que ela tinha comprado para comemorar o aniversário da amiga. Amanda sorriu animada e puxou _________ para se sentar na pequena mesa de jantar.

– Eu falei que não queria bolo, Amanda... – a mais nova abaixou a cabeça e fixou seus olhos nas velas acessas no bolo decorado.

– Sei disso. – ela respondeu e se sentou do lado da amiga, abraçando-a fortemente. – Mas é o seu aniversário, apesar das lembranças ruins. Sabe que eu entendo perfeitamente como você se sente, mas eu queria fazer algo especial para a minha melhor amiga.

Ambas se olharam e _________ sorriu enquanto descansava sua cabeça no ombro da mais velha. Pequenas lágrimas surgiram nos olhos da menor, mas não queria estragar aquele momento, então as segurou para si. Quando se afastaram, Amanda serviu um pedaço de bolo para cada uma e ambas comeram animadas. Comeram metade do bolo em meia hora, nenhuma das duas percebeu como estavam famintas. Após guardar tudo, Amanda foi para seu quarto e _________ pegou os seus dois novos livros e subiu para o terraço do prédio.

Ela olhou para o céu estrelado com calma e paciência. Adorava ir para o terraço quando tinha algum tempo livro. Ficar olhando para o céu, seja de dia ou de noite, era como se fosse um remédio natural para ela. ___________ se sentou no pequeno acolchoado que colocará ali para suas noites em claro e apoiou as costas na parede de gesso gelado do terraço. Pegou o livro colorido na mão e passou a mão sobre sua capa dura. Um calor percorreu a palma da sua mão e subiu pelo seu braço.

– Estranho... – falou para si mesma e abriu o livro, parando no seu primeiro capítulo. Observou o título e o leu em voz alta. – A origem de Starmithys. – pensou por um segundo e sorriu. – Acho que, pela primeira vez, vou gostar de uma história em quadrinhos.