best friend 〔seungyul 🔖╯

🎠 14 ↷ violão

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Hangyul estava totalmente perdido.

Passara os últimos nove anos de sua vida em um país onde todos falavam inglês e perguntavam-o daonde ele vinha todos os dia. Do nada, ele volta para o lugar onde antes vivia.

E Seungyoun... não fez nada.

Não fez nada de diferente. Hangyul jurava que teria uma festa ou uma comemoração. Várias histórias incríveis. Sei lá, alguma coisa pra fazer. Caralho! Ele voltou de Londres! Mas Seungyoun apenas continuou a sua vida, como se Hangyul fosse um belo pedaço de nada. Pelo menos eles conversavam bobeiras ainda. Pelo menos.

A vida dele na Inglaterra estava perfeitamente estável. Chaeyoung e Mina eram donas de um escritório de advocacia perto do centro da cidade, e a família de Hangyul era bem conhecida por três motivos:

Um, eles eram ricos.

Dois, elas eram um casal homoafetivo que tinham um filho.

Três, eles eram coreanos.

Mas ele tinha amigos, alguns. Um dos seus amigos era descendente. Mark, um canadense-coreano que de alguma forma foi parar na Europa. Porquê não?

Mark o ensinou várias coisas, coisas que em Busan não faziam sentido. Eles não usavam maquiagem, não se cumprimentavam. Não comiam comida de verdade no café da manhã e hashis eram... inúteis. Mas o maior problema de Londres é que não era a casa dele, com os amigos dele, com a escola dele. Não tinha Hyuna, não tinha Wooseok nem San. Não tinha Seungyoun.

Não tinha Seungyoun.

Mas estava com saudade de Londres tanto quanto estava da Coréia, para ser sincero. Estava com saudade de falar inglês e passar tardes e tardes jogando basquete só para passar o tempo. Saudade de sair para festas, mesmo que não fosse sua praia. Ele costumava ir ou para ser socialmente aceito ou para acompanhar e cuidar dos amigos.

Geralmente, seus amigos mais populares na escola eram os que ele menos falava. Preferia falar com os que não eram tão conhecidos.

Aprendeu sobre a hierarquia social que havia no ensino médio. Aprendeu sobre racismo, muitas vezes defendeu o movimento LGBT sem ser gay e falou sobre gordofobia sendo magro. Além de modelo, era ativista nas horas vagas. Sabia que não era falado sobre esse tipo de coisa na Coréia, e queria levar pelo menos um pouco de senso quando voltasse.

Mas ninguém prestava atenção nele. Era o que ele pensava desde que chegou.

Seungyoun continuou a vida dele. E isso deixava Hangyul bem chateado.

O mais velho estava destruído. Acordou duas da tarde, almoçou um macarrão instantâneo que comprara na lojinha do lado de seu prédio e tirou sarro da cara de nojo que Hangyul fez.

─ Sim Gyul, eu vou almoçar algo decente. Não hoje.

Passou o resto do dia fazendo vários nadas. Empolgante.

Quando achou que tudo estava perdido e que ele, alguma hora morreria de tédio, ás quatro da tarde, Hangyul veio com uma solução. A solução era a Lista.

─ Vamos, levanta, tá na hora de morrer em nome disso daqui ─ e apontou para a Lista.

─ Sim. Mas eu tenho que trabalhar.