Obscure

42.

Eu continuava em silêncio sem conseguir pronunciar uma única palavra, eu sentia-me traída, tão traída que eu não conseguia controlar a raiva que fervia no meu corpo.

“Era o Zayn” eu falo entregando-lhe o telemóvel, esperando o momento certo para explodir.

Ele sabe que está algo errado, porque o seu sorriso acabou por desaparecer e ele ficou tenso quando eu nomeie o nome do Zayn.

“O que é que ele queria?” ele pergunta.

Agora todas as peças estão a montar-se no meu pensamento, as conversas estranhas entre ele e o Liam e o quão errado ele era, até a conversa da Grace faz sentido agora, ou até mesmo quando a Caroline me disse que ele trazia outras raparigas para cá, ou quando ele estava com a rapariga da minha turma que assumo que perdeu a sua virgindade com ele.

“Que tinha uma boa virgem para ti” eu exclamo engolindo seco de seguida.

Ele bate com a mão na sua testa e os seus punhos ficam cerrados naquele instante, ele anda até mim mas eu tento o máximo para que ele se mantenha afastado.

“Merda” ele exclama “Não é o que estás a pensar” ele tenta explicar-se.

Explicações não vão fazer sentido nenhum, eu estou furiosa e sinto ódio de mim mesma por ser tão burra, eu entreguei-me a ele há umas horas atrás, e neste momento eu sinto que foi a coisa mais errada que eu já fiz.

“É exatamente o que eu estou a pensar” as lágrimas estão tão prontas para cair agora.

Mas eu não quero de forma alguma fraquejar na sua frente.

“Não, eu posso explicar-te tudo” ele suplica.

“Tu achas que eu vou acreditar nas tuas palavras depois do que ouvi?” eu pergunto-lhe.

“Sim” ele responde.

“Tu não sabes o ódio que eu sinto de mim própria por me ter entregado a ti” eu não consigo diminuir o meu tom de voz.

“Eu amo-te, eu juro que te amo, eu não faria nada para te magoar” os seus braços tocam nos meus mas eu afasto-os.

“Há horas atrás tu nem sabias o que sentias por mim” eu grito “Tu usaste-me, tem-lo feito por meses –“ ele corta-me e eu sinto-me ainda mais furiosa.

“Eu nunca te escondi que inicialmente eu não sentia nada por ti” ele defende-se.

“Tu andas a tirar a virgindade a todas as raparigas da faculdade, o que me disseste na noite passada não foi verdadeiro e agora eu sei disso”

Ele agarra nos meus braços de forma a manter-me perto dele, ele está tão furioso que nem sequer repara que está a magoar-me ao apertar os meus pulsos daquela forma ou abanar o meu corpo para que eu acredito que o que me está a dizer é verdade.

“Tudo o que te disse foi real, eu tive medo de te perder quando o caralho do Sandy te beijou, eu tive medo que o escolhesses a ele em vez de mim” ele explica-se.

“Tu és um mentiroso” eu grito.

Naquele momento as lágrimas escorrem pelo meu rosto, os soluços são constantes, e por momentos eu sinto-me com vontade de desparecer.

“Tu traíste-me, não esperes que eu te perdoe por isso” as minhas palavras são quase inaudíveis devidos aos soluços.

Eu tento afastar o Harry de mim, mas ele junta os nossos corpos abraçando-me, eu tento afasta-lo mas as únicas forças que me restaram foram para chorar, o Harry sabe que eu não quero este abraço.