Sussurros Na Névoa

Encontre-me No Mistério

Música (Wicked Game de Gemma Hayes) do capitulo deixada acima:

Eram dias chuvosos tanto em Aevun quanto na Terra. O amor de Heloise era um enorme iceberg e o coração de Christian estava frio na avalanche que Heloise havia se tornado.

Chovia a cântaros dentro de Heloise e pela primeira vez em sua existência, ela sentiu uma onda de raiva consumi-lá.

Heloise achava que Luck era o seu melhor amigo naquele lugar, mas o diabo tem suas formas de manipular os sentimentos das pessoas tanto em Aevun quanto na Terra e o coração dela estava propenso às armadilhas dele.

Enquanto o coração de Heloise se fechava e escurecia, o espírito de Christian estava sentado no chão debaixo da cerejeira que havia enterrado o corpo de sua irmã.

A terra estava úmida e algumas folhas ja estavam caindo da cerejeira, mas Christian só pensava em como foi egoísta e obscuro quando Heloise era viva. Ele levantou-se do chão ao escutar alguém sussurrar seu nome:

- Christian.

Christian caminhou em direção ao cemitério, a neblina estava tão alta que Christian tropeçava nas pedras por nao conseguir enxergar onde estava pisando. Ao chegar no túmulo de sua mãe, ele se ajoelha e sente sua alma uma sintonia triste e pesada invadir sua alma.

A canção que a mãe de Christian costumava cantar para ele antes de dormir ecoou por todo o cemitério cercado de rosas e banhado da água da chuva.

- Me deixa ir, por favor. - Christian disse enquanto chorava.

Ele estava implorando para que a essência de sua mãe parasse de apresentá-lo, porque lembrar dela nunca fez bem para ele. Mas desta vez, Christian não sentiu raiva, ele estava com medo.

Então passos surgiram atrás de Christian junto com uma voz rouca que disse:

- Eu sei o quanto você sente a falta dela.

Christian virou-se para ver quem era que o observava chorar e implorar para uma lápide. Então ele viu um rapaz ruivo que possuía asas douradas e olhos violetas.

Sim. Era o diabo em outra forma.

- Eu não sabia que anjos caídos choravam. - disse Lucífer.

- Quem é você? - perguntou Christian.

- O que é isso Christian? - Lucífer perguntou sorrindo. - Eu esperava que o meu filho me recebesse com um abraço. - ele fez uma pausa. - Olha eu estou muito feliz com a pessoa que você se tornou na Terra, exceto por algumas coisas que não foram do meu agrado, mas eu lhe perdoo. - concluiu.

- Filho? - perguntou Christian sem entender. - Quem é você? - perguntou novamente.

Lucífer revisou seus olhos e disse:

- Pelo visto tenho que te relembrar de certas coisas. - ele fez uma panusa. - Lembra-te dos nove anjos que eu influenciei na queda?

- O que isso tem haver comigo? - perguntou Christian.

- Quando sua mãe foi embora, seu coração puro começou a se fechar, você foi um menino muito perverso, Christian. - ele fez uma pausa. - Mas para encurtar a história, eu ordenei que Yekun influenciar-te a desencaminhar Heloise. - concluiu.

- Mas Heloise está em um lugar melhor agora. - gritou Christian.

Lucífer sorriu e disse:

- Eu diria isso com tanta convicção nas palavras, Christian.

Christian não estava entendendo onde o diabo queria chegar.

- Siga-me. - disse Lucífer.

O diabo saiu do jardim e caminhou até a cerejeira onde o corpo de Heloise estava enterrado nas raízes da árvore.

- Olhe com atenção, Christian.

Christian olhou atentamente para a cerejeira e aos poucos foi aparecendo a imagem de Heloise sentada na beira de um precipício chorando debaixo de uma chuva forte.

- Eu não compreendo. - Christian disse enquanto chorava.

- Heloise não acredita no seu arrependimento, Christian. - disse Lucífer.

- Ela está me olhando?

- Sim, mas não nesse momento.

- Eu preciso tirá-la dali.

- Vamos fazer um acordo. - disse Lucífer. - Eu permito que você vá para Aevun tentar mudar as coisas. - ele fez uma pausa. - Mas se você não conseguir fazer com que Heloise acredite em você, ela passará a eternidade em Aevun e voce poderá ganhar suas asas douradas e vir para o inferno comigo e obedecer minhas ordens. - concluiu.

- Eu aceito. - Christian disse enquanto apontava a mão para firmar o acordo com o diabo.

- Eu não preciso apertar sua mão para firmar o nosso pacto. - Lucífer disse sorrindo. - Só não esqueça que você tem até o último cair das folhas da cerejeira para tentar fazer com que Heloise acredite em você. - ele fez uma pausa. - Caso o contrário, após o cair da última folha, você virá comigo e Heloise viverá eternamente em Aevun. - concluiu.

Certamente, Christian não sabia onde estava pensando direito ao aceitar um acordo com Lucífer, mas ele sentia-se culpado pela morte de Heloise.

Aevun era um cenário totalmente diferente do que vagar na Terra e Christian sabia que não seria uma tarefa fácil convencer Heloise de que se ele pudesse voltar as mãos do tempo, ele a deixaria em paz desde o dia em que ousou pensar em toca-lá de uma forma impura.

- Eu vou concertar as coisas para nós dois, Heloise. - sussurrou Christian.

Christian fechou os olhos, e enquanto permanecia de olhos fechados, ele conseguia ver a claridade dos flashes. Depois tudo o que ele sentiu como se estivesse flutuando entre as névoas das noite frio, e então seu espírito repousou no chão frio.

Alguns minutos depois seus olhos abriram, e se deparam em uma cabana lúgubre, onde a madeira que ela fora feita parecia estar apodrecendo.

Ele saiu da cabana e debaixo da chuva de Aevun ele caminhou em direção a lugar algum, mas ele sabia que aquela chuva era diferente das chuvas da terra. As chuvas em Aevun traziam as memórias e os sentimentos mais mortais para as pessoas.

- Perdoe-me, Heloise. - ele disse ajoelhando-se na terra molhada. - Mas eu não sei o que eu faço aqui. - concluiu.

Nem mesmo Christian foi forte um suficiente para aguentar todos aqueles sentimentos. Na primeira chuva, ele transbordou e pela primeira vez em sua existência, Christian mostrou do que sua alma é feita.

Talvez Aevun seja isso que parece ser: um lugar de chuvas que mostra de que são feitos os fragmentos da alma.

"Quando a chuva cai formando uma canção, eu ainda posso sentir você aqui."