Quantas palavras podem fazer um coração se quebrar? Quantas faíscas de esperanças podem fazer a alma encontrar a luz?
Emoções mistas causam explosões no coração e colisão na alma. Existe um caminho que ainda não foi percorrido, uma estrada de terra úmida que fora abandonada, um portão enferrujado que está esperando para ser aberto.
Christian realmente esteve arrependido quando Heloise ainda era viva? Por que ele não disse as palavras certas? Por que ele não afastou os pensamentos impuros quando estava perto ou longe dela?
O amor não é preto e branco, ele nao é certo ou errado, nem tampouco forte ou frágil. Mas não existe amor sem discussões, sem promessas, sem sorrisos, sem lágrimas, sem carinho, sem despedidas. Porque no final, alguém sempre saí despedaça da última briga. Só que Christian ainda olha para o céu buscando o vislumbre dela, porque foi a partir do momento que ele olhou dentro dos olhos de Heloise que ele reconheceu sua própria alma.
Heloise deixou o mundo antes mesmo de ouvir o que Christian tinha para dizer a ela. Ele teria deixado ela ir por amá-la, ele teria desistido da única que realmente amou em toda sua vida: ela.
Existe uma faísca na noite, um sussurro no ar, algumas lágrimas na chuva, mas mesmo assim o coração continua querendo ir para a Sibéria. Mesmo que o ventania seja forte demais para a alma de Christian, o vento nunca irá levar embora todas as borboletas que Heloise deixou na essência dele.
Há tempos que ensinam como aprender com os erros, há tempos que mostram a superação, há tempos que ensinam a amar, mas há tempos que machucam mais do que facadas na pele. Esses tempos congelam, derretem, queimam, viram pó e se desvanecem no ar úmido. Mas isso tudo faz sentido quando se ama alguém?
- Ela me perdoará?
Christian estava martelando essa pergunta em sua cabeça quando escuta uma voz feminina vindo atrás dele:
- Você deve ser o Christian.
Ele virou-se para a menina e disse:
- Como sabe?
- Porque ninguém vem para cá sem um propósito.
Heloise nunca estará onde Christian está, aquela linha que os separava de apenas um armadilha de Lucífer fez para que Christian não pudesse concertar as coisas para ele e Heloise evoluírem espiritualmente.
- Quem é você? - perguntou Christian.
- Me chamo Holly. - ela respondeu.
- Mas isso não é um nome de verdade. - disse Christian.
- Não. - ela respondeu. - Eu peguei emprestado. - fez uma pausa. - Você pode fazer isso aqui, se quiser. - concluiu.
- Se só mudasse meu nome resolvesse as coisas. - ele disse sentando-se no chão coberto por folhas secas.
Holly sabia o que se passava na mente de Christian, isso era um dom que ela havia ganhado ao nascer em Aevun. Mas ela aprendeu a sempre escutar as pessoas, assim as palavras poderiam flutuar eternamente no céu púrpura nos fins de tardes do outono.
- O que você faz aqui? - perguntou Holly.
- Procuro por uma garota. - ele fez uma pausa. - Heloise, esse é o nome dela. - concluiu.
- Mas ela não está aqui. - respondeu Holly.
- O quê? - gritou Christian. - Mas aqui é Aevun certo? - perguntou confuso. - Lucífer disse que eu a encontraria aqui. - concluiu.
- Lucífer? - perguntou Holly. - Primeiramente, aqui não é Aevun. - ela fez uma pausa. - Segundo, não se faz um trato com Lucífer. - concluiu.
- Se aqui não é Aevun. - ele fez uma pausa. - A onde eu estou? - perguntou Christian.
- Você está acima de Aevun. - Holly fez uma pausa. - Você está no horizonte cinza, onde as chuvas são mortais, onde quase todos os dias são chuvosos e onde o tempo é eterno. - concluiu.
Christian percebeu que havia caído em uma armadilha de Lucífer, mas tem que haver uma maneira de reverter a situação. Então, pensou em descer para Aevun com a ajuda de Holly.
- Você pode me levar até Heloise? - ele pediu ajoelhado-se aos pés de Holly.
- Não posso. - ela fez uma pausa. - Isso é além do que posso fazer. - ela disse ajeolhando-se na frente dele. - Você não precisa ir até ela. - concluiu.
Christian revirou os olhos, levantou-se do chão e virou-se de costas para Holly. Ela levantou-se do chão para esperar que ele dissesse algo.
- Se não pode me ajudar. - ele fez uma pausa. - Então, deixe-me em paz. - concluiu.
- Era o que você devia ter feito quando ela era viva. - respondeu Holly.
Christian assustou-se. Como Holly poderia saber de sua vida com Heloise quando eles eram vivo?
- O que você disse? - perguntou Christian enquanto se virava para encará-la.
- Não é só os anjos, não é só Deus e não é só Lucífer que olha todos vocês acertarem e errarem na vida. - ela fez uma pausa. - Heloise virá até você. - concluiu.
- Como Holly? - ele gritou. - Me diz como Heloise virá até mim? - perguntou.
Christian estava confuso com tudo aquilo que estava acontecendo. Mas ele precisava manter a esperança acesa dentro si mesmo.
- Apenas acredite. - ela respondeu. - Heloise virá. - concluiu.
Se a vida se vai com um sopro, se a chuva é mortal, se o céu púrpura nos fins de tarde traz as palavras a tona, se as memórias voltam a vida. Quais eram as chances de Heloise ir até o encontro de Christian?
O amor deles não foi feito de palavras, nem tampouco foi feito de atitudes. O amor de Heloise e Christian nasceu na bruma da noite escura, onde a lua e as estrelas foram testemunhas, onde o céu escuro foi o juíz, onde os sussurros da noite, as trocas de olhares e os toques que provocavam choque na pele ambos foram as provas mais imortais que as chuvas intermináveis de Aevun.
O amor não é uma metáfora como Christian pensava ser, nem o carceirio da cova de Heloise como ela acreditava que é. O amor é a colisão das almas de ambos, o amor uniu as almas deles no céu púrpura para toda a eternidade.
Heloise é a esperança que Christian teve para mudar e ele mudou, encontrá-la é a única chance que ele tem para concertar as coisas para ambos. Ela nunca soube porque Christian a ignorava, mas ele a ignorava só pelo fato de querer tanto ela. Porque quando ela estava por perto, quando ela falava com ele, quando ela o olhava com o olhar de mistérios, ele ficava em chamas. Christian se queimava nos desejos de Heloise.
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Sussurros Na Névoa
RomansaDizem que aqui se faz, aqui se paga. Christian era um rebelde indomável, tinha tudo o que queria em um estalar de dedos. Mas ao conhecer Heloise, sua meia-irmã, a filha bastarda de seu pai, as coisas mudam. Christian e Heloise se apaixonam, mas como...