Tempos Sombrios

8 1 7
                                    

Seus olhos. Essas iris azuis acinzentadas são especiais. Isso ecoava constantemente na cabeça de Christian durante o almoço na casa de Ana.

- Christian venha comigo. - Ana disse levantando-se da cadeira.

Christian levantou-se da cadeira e seguiu Ana, deixando Holly para limpar os pratos e com os sujos.

Ana caminhou para fora da casa e Christian a seguiu até pararem em um pequeno jardim de rosas que tinha uma fonte em frente à um banco de madeira polida. Eles sentaram-se no banco e permancerm em silêncio por um breve minuto até Christian caminhar até uma rosa amarela, arrancá-la e dizer:

- Eram as preferidas dela.

- Sente a falta dela não é? - perguntou Ana.

- Holly disse que você me ajudaria a concertar as coisas. - Christian mudou de assunto enquanto caminhava para sentar ao lado de Ana.

- Eu posso te mostrar os caminhos, mas primeiro você terá que  mostrar-me todos os tons da sua alma, Christian.

- Minha alma é cinza, Ana, sempre foi e sempre será. - respondi olhando para a rosa amarela em minhas mãos.

- Não, Christian. - ela fez uma pausa. - Você pinta sua alma da cor que você pinta sua vida. - concluiu.

- Então diga-me quais são as cores do pecado?

Ana levantou-se do banco, caminhou até os arbustos e arrancou um rosa vermelha e uma branca. Depois caminhou sentando-se no banco ao meu lado com as rosas presas nas mãos.

- Não existe cor do pecado. - ela respondeu. - Isso é uma definição na qual vocês crescem e morrem acreditando.

- Quando eu cheguei na varanda da sua casa, você disse que meus olhos são especiais. - eu fiz uma pausa. - Por quê? - perguntei.

- Os olhos são os espelhos da alma. - ela fez uma pausa. - Eu sei que seus olhos escondem muitas sensações e explosões, mas eu quero que você me conte. - concluiu.

- Contar o que? - perguntei.

- Por que você escolheu a rosa amarela para arrancar do arbusto?

Fechei meus olhos e vi novamente a imagem dela dançando às margens do lago Vitória.

Era uma doce manhã de domingo, nós estávamos fazendo um piquenique enquanto ela dançava ao som de Elvis Presley com o vento jogando seu cabelo loiro contra o seu rosto e os raios solares irradiavam seu sorriso.

- Por que o papai não veio? - perguntei pegando um sanduíche de frango com creme dentro de um cesta.

Ela sentou-se ao meu lado, prendeu seu cabelo em um coque e disse:

- Ele está trabalhando, Christian.

A lembrança se desvaneceu no fundo do meu subconsciente e quando abri os olhos lágrimas escorriam pelo meu rosto constantemente.

- Eu não posso fazer isso. - eu disse à Ana enquanto secava minhas lágrimas.

Sussurros Na Névoa Onde histórias criam vida. Descubra agora