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Eu entro em casa, afora as luzes da cozinha tudo estava apagado. Eu acabo indo até lá, não tinha ninguém, mas a minha mãe deixou um pouco de comida para mim, junto com um bilhete que dizia:
"Minha querida, como não compareceu ao jantar, guardei comida para você, caso sentisse fome. Lótis e Aodh também não compareceram ao jantar. Caso os ache, faça-os comer!
— Mamãe!"Eu comi rápido e me aprontei para dormir. Eu procurei primeiro por Aodh, mas nem sinal dele. Lótis e Aodh devem estar juntos. Eu desisto de procurar e vou para o meu quarto.
Quando entro em meu quarto, a luz estava apagada, apenas um abajur de luz amarela estava ligado. Eu ouço uns ruídos do outro lado da cama, o que me deixa com muito medo. Começo a imaginar um rato roendo os pés da cama, ou algum stalker assustador me observando.
Andando devagar e esforçando-me para não fazer barulho, reúno toda a coragem presente em meu corpo para chegar mais perto. Eu respiro bem fundo, e pego algum objeto que sirva para me defender.
Levo um choque de adrenalina. O medo passa, e eu abaixo o vaso de plantas que carregava na mão. Eu encaro mais, e tento decifrar o que estava acontecendo. Era Lótis. Ela estava tão encolhida que era impossível vê-la de perto da porta.
— Lótis…? — eu me abaixo e encosto em seu ombro.
Ela levanta um pouco a cabeça e me olha de relance, sua franja cobria a metade de seu rosto. O pouco que ela me olha já me entrega que ela não está bem.
— Você não está bem. — a frase a faz começar a soluçar. — O que houve?
— O Aodh… Ele… — ela olha para mim com os olhos encharcados e me abraça. Seu rosto estava todo manchado de rímel. — Nós brigamos…
— O que ele disse? — acaricio sua cabeça.
— Nós… — ela funga — Começamos a discutir. Eu falei sobre como o pensamento dele é antiquado e que ele deveria deixar de pensar assim. Eu disse que ele deveria respeitar as pessoas, que ele deveria parar de ver maldade em tudo.
— Eu não sabia que essa briguinha boba te deixaria tão magoada, Lótis… — penso o quão indignada estou com Aodh esses dias, mas não demonstro.
— Ele é machista, Lauren! — diz com raiva.
— Eu sei, Lótis! — dou um sorriso doloroso para ela.
— Ele também é paranóico! — ela para de chorar e transparece sua indignação mais ainda. — Ele… Parece inacreditável, mas ele disse que eu fiquei flertando com um garoto no restaurante. Eu nem vi garoto algum hoje, tirando ele e o Karl! E ele nunca viu o Karl.
— Lótis, eu sei que você não reparou o garoto que estava no restaurante — eu suspiro. —, mas eu e o Aodh reparamos. O Aodh quase explodiu, mas eu o ameacei, e ameacei o garoto. Nós comemos rápido para tirar você de lá. Por isso, o Aodh ficou quieto o caminho todo.
— Ele insinuou que eu estava o traindo… — ela cobre o rosto e começa a chorar.
— Calma, Lótis! — digo com uma voz doce. — Você sabe que é por causa da forma como ele foi criado. A culpa… Ela é toda do Jordan… E para piorar: a maioria dos mexicanos são conversadores. Você não está acostumada porque é norueguesa, mas eu estou. Mesmo que os meus pais sejam muito modernos e liberais. Então, esqueça tudo o que ele disse hoje, e tente ajudá-lo.
— Será que eu consigo, Lauren? — ela descobre seu rosto e me olha nos olhos.
— Claro que você consegue! Você é a única que consegue! — eu a abraço.
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Filtro dos Sonhos
RomanceLauren, é uma garota mexicana que mora na Noruega, filha única, e não é muito fã de aviões. No verão, a caminho de Geiranger, lugar onde ficava sua casa de veraneio, começa a ter sonhos com um garoto que nunca viu na vida. Ela começa a sentir desejo...