1068, séc XI. O príncipe Louis I está encantado com um simples plebeu cacheado que vende flores em Hastings.
2020, séc XXI. Harry Styles cursa história na universidade de Bridgton em Hastings. Sua amiga Luna acaba o arrastando para uma pesquisa sob...
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Adam. Ele agora chamava-se Adam. Ao menos por enquanto, como Zayn disse, até sua memória voltar, e isso se ela voltar.
Aquela sensação era simplesmente horrível, saber que sua cabeça estava cheia de lembranças, mas que ele não conseguia recordar de maneira alguma. Era como estar preso dentro de si mesmo.
Zayn havia o visitado mais cedo, ele o entregou um saco, que ele descobriu se chamar 'mochila', e disse que tinha roupas para ele ali dentro. O rapaz ficou por algum tempo e conversou com ele e o perguntou coisas que não faziam sentido, algo sobre viajem e tempo... Ou algo parecido.
- Ei garoto, acordou? - Uma voz rouca e cansada perguntou. Ele olhou para o lado e viu o mesmo senhor na cama que viu ontem quando foi colocado ali. Era um homem bastante velho, todos os seus fios de cabelos eram brancos e ele tinha um sorriso simpático no rosto.
- ... Oi... - Ele respondeu incerto. Aquele homem tentou conversar com ele ontem entre os "exames". Não deu muito certo, ele só fez perguntas que o rapaz não conseguia responder. E também tinha o fato dele estar irritado por todos os exames.
- Está mais calmo? - O senhor perguntou. O rapaz apenas assentiu. - Adam, certo? Esse é seu nome agora? Até sua memória voltar?
- Creio que sim... Como você sabe?
- Ouvi você conversando com aquele rapaz. - O senhor explicou. - Sabe, Adam, talvez sua memória demore um pouco a voltar. - Falou, ainda com o sorriso simpático. - Mas não se preocupe, tenho certeza que ela vai voltar. Você só precisa ser Adam por algum tempo.
O rapaz tinha sua testa franzida.
- Como você pode ter certeza disso? Quem é você? - Ele perguntou olhando para o senhor, sua testa franzindo mais ainda em confusão.
- Eu apenas sei. - Ele respondeu, o sorriso simpático nunca abandonando seu rosto.
- Bom dia! - Uma mulher entrou no quarto e cumprimentou assustando levemente o rapaz. Quando ele voltou a olhar para o lado ele notou algo que apenas piorou a situação.
A cama ao seu lado estava vazia. Ótimo, agora ele estava vendo coisas. Realmente ótimo.
- Parte dos resultados de seus exames chegaram, - a mulher segurava algo parecido com um fino pedaço de madeira cortado de forma retangular com finas folhas brancas em cima. - Seu coração está ok... Nenhum osso quebrado, - ela levantava as folhas enquanto falava.
Aquela era a mesma mulher que havia retirado um pouco do seu sangue e o levado para outras salas e o colocado dentro de coisas.
- Não encontramos nada em seu sangue, seu pulmão está ok por enquanto, mas rapazinho, vimos algumas sinais que demonstram que você fuma, pare enquanto há tempo, - ela escrevia algo nas folhas. - Falo por experiência própria. - Ela olhou para ele com um olhar estranhamente compreensível.
Adam ficou confuso, ele não se lembrava de já ter fumado alguma vez, mas novamente, ele estava sem memória.
A mulher continuou falando sobre os tais resultados dos exames por mais algum tempo, e naquele ponto o rapaz já havia parado de entender o que ela falava.
- Quando posso ir embora? - Ele a interrompeu quando já não aguentava mais.
- Ir embora para onde exatamente? - Ela perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
- ... Não sei...
- Exatamente. Terá que ficar por aqui até todos os resultados dos exames saírem. Caso você esteja 100%, será enviado para um abrigo onde ficará até sua memória voltar, porque não podemos o manter aqui. - A mulher respondeu. - Mas olha só, com essa parte dos resultados de seus exames eu trago boas notícias, você vai ser colocado em outro quarto, um quarto melhor.
[ . . . ]
Não era melhor. Era quase igual ao outro quarto, só que havia menos coisas metálicas e fios estranhos.
- Eu sei, - A mulher pareceu entender sua expressão. - Não é tão diferente do outro, mas estando aqui você tem acesso a área de lazer dos pacientes, tem várias atividades para lhe distrair lá. - Ela indicou na direção de onde provavelmente era esse lugar. - Você poderá ir lá mais tarde. Agora, se quiser, você pode tomar um banho e esperar seu café da manhã.
A mulher o indicou o banheiro antes de sair.
Adam suspirou olhando ao seu redor. Ele decidiu fazer o que a mulher o pediu.
Usar o "banheiro" para se banhar não foi uma tarefa fácil. Adam não reconhecia praticamente nada do que se encontrava dentro daquele cômodo, mas após algumas tentativas e sustos ele conseguiu entender como funcionava aquela estrutura por onde saia água.
As roupas que Zayn havia trazido eram estranhas aos seus olhos, mas ele conseguiu vesti-las. Ou pelo menos ele acha que vestiu certo.
Algum tempo mais tarde um rapaz entrou no quarto com uma bandeja com comida e deixou para Adam, e o avisou que o resto do resultado de seus exames estariam prontos durante a noite.
Naquele momento o rapaz percebeu o quão faminto estava. Ele comeu um pouco rápido demais.
Quando o homem retornou para pegar a bandeja, ele o avisou que ele poderia ir para a área de lazer dos pacientes agora e se ofereceu para guiar Adam até lá.
O lugar era grande, haviam algumas pessoas lá em assentos, haviam mesas de xadrez e outros objetos que o rapaz não fazia ideia do que poderiam ser. Um desses objetos que mais o chamou atenção foi um retângulo preto na parede que exibia imagens de outras pessoas.
Aquilo o assustou ao mesmo tempo que o fascinou.
Enquanto ele estava com os lábios levemente entreabertos e os olhos vidrados naquele estranho objeto, algo se chocou contra seu ombro.
- Opa, desculpa!
O rapaz desviou sua atenção das imagens e focou no rapaz que havia trombado contra ele.
Adam ficou sem ar por um segundo. Uma sensação estranha borbulhou dentro de si. Seus olhos se fixaram nas orbes verdes do outro rapaz e ele não conseguia se mexer.
O rapaz a sua frente franziu o cenho, entortando a cabeça para o lado.
- Hey, você está bem? - Ele perguntou, mas então ele também pareceu entrar em um breve transe ao focalizar os olhos azuis do rapaz. - Você... Eu conheço você? - Perguntou, parecendo sentir a mesma sensação que Adam sentia.
O que foram poucos segundos pareceu durar minutos enquanto os dois rapazes tinham seus olhos presos um ao outro. O que os dois sentiram era confuso, morno e familiar.
- Harry? Vamos! - Uma voz distante chamou, quebrando o transe em que os dois se encontravam.
- Já... Já vou, mãe... - O rapaz piscou algumas vezes para tentar voltar a realidade, ele olhou algumas vezes para trás, para o homem, enquanto se afastava dali e seguia a mulher.
Adam o observou ir embora, agora completamente confuso. Quer dizer, mais do que ele já estava.
Ele respirou fundo, sentou em um dos assentos e encarou o nada por alguns minutos.
Ele não entende o que havia acabado de acontecer, porém aquele foi o início de uma segunda chance para duas almas que tanto se amaram.
