Apartamento

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P.O.V. Hardin.

Eu sei que ela me esconde alguma coisa, mas aposto que ela vai me contar alguma hora. E seria hipocrisia da minha parte condená-la por ter um segredo.

-Onde estamos indo? 

-Está pronta?

-Sim.

-Tem certeza?

-Sim!

Eu a trouxe escada acima com os olhos cobertos e ela está animada e feliz. Tirei a mão dos olhos dela.

-Uau!

O apartamento cento e oito.

-De quem é este AP?

-É de uma amiga do meu pai, uma professora.

-E onde eles estão?

-Ela está na Itália. E oh, certo eu deveria estar regando as plantas.

-Que feio. Pobre das plantinhas.

A primeira providência de Tessa foi pegar um regador vermelho, encher de água e começar a molhar as orquídeas, as bromélias.

-Olá. O Hardin não cuidou de vocês direito? Malvado.

-Você percebe que elas são plantas, certo? Elas não vão responder.- Comentei.

-Não com palavras não vão. Oh, ela pinta!- Disse animada olhando a tela em branco encima de um suporte de madeira.

-É muito bonito.

Nos deitamos na cama, eu embaixo, ela encima.

-Imagine se fosse a nossa casa.- Falei.

-Claro.- Disse num tom de humor.

-Pode ser.- Eu disse.

-Tipo, viver juntos?- Ela indagou.

-Sim.- Respondi.

-Isso não seria ilegal? Quer dizer, o apartamento tem uma dona.- Disse Tessa.

Ela olhou em volta admirando a beleza do loft.

-Quando o Landon me falou que sua mãe ia parar de pagar eu tinha que fazer alguma coisa.

-Fez isso, por mim?- Ela questionou com um sorriso.

-Sim. Porque não me contou?- Perguntei.

-Não queria que se culpasse. Foi minha decisão.- Admitiu Tessa.

Eu me culpo. Me culpo não apenas por ter feito a mãe dela parar de pagar, mas pela aposta e por ser egoísta demais para deixá-la partir.

-Podemos ficar aqui, pelo resto do ano. Só você e eu.- Eu propus.

Ela sorriu, o sorriso mais lindo do mundo, me beijou e riu. A risada mais fofa, a mais linda. E vivendo com ela eu notei que... por incrível que pareça, sempre que ela está feliz, as plantas florescem e parecem estar felizes também.

Nós fomos ao aquário. Nosso primeiro encontro de verdade. Eu tirei fotos dela sem que ela soubesse, quando ela me flagrou, colocou a mão na lente da câmera com um sorriso tímido.

-Você é a melhor modelo.- Falei.

-Galante. Oh, veja! Águas-vivas.- Disse Tessa.

Tessa Young é a única pessoa do mundo que fica fascinada por águas vivas. Ela olhava para o vidro do aquário como se aquelas coisas fossem, as coisas mais lindas que ela já viu.

-Não são lindas? São caravelas portugueses. Elas brilham no escuro e são altamente venenosas, a sua picada pode mandar um homem adulto para o hospital e ele vai ter uma cicatriz para o resto da vida. Aquelas brancas são medusas. Águas vivas são lindas, elegantes, frágeis, porém podem causar um belo estrago.- Disse a loira.

P.O.V. Tessa.

Eu não estava falando só da água viva, eu estava falando de mim mesma. Nós continuamos caminhando de mãos dadas pelo aquário.

-Olhe aquele lá.- Disse Hardin apontando para um peixe gigante, esquisito que parecia um tubarão cheio de pintas.

-Parece um pouco com você.- Ele falou.

-Não! Sou uma água viva!- Protestei.

-Você é uma água viva? - Ele perguntou com humor.

-Sou.- Eu disse.

-Eu ainda não consigo acreditar.- Ele disse.

-Em que?- Perguntei.

-Que você é minha.- Falou Hardin.

De novo isso?

-De novo isso?

-Eu não mereço você.- Ele disse sua voz cheia de culpa e medo.

-Nada que tenha feito no passado pode mudar o jeito como eu me sinto com relação a você.- Eu assegurei.

Ele me beijou e voltamos para o apartamento. Consegui convencê-lo a irmos na festa de casamento do pai dele. Na recepção. Mas, acho que já é um avanço. Estou me preparando psicologicamente para contar a verdade para ele. Tenho medo que me rejeite. Sinto que esta festa promete.

After-New Version (Hessa)Onde histórias criam vida. Descubra agora