Negação

18 1 0
                                    

P.O.V. Hope.

E a reação foi a esperada.

-Não! Está errada. Não sou nada disso. Sou normal!

Protestou Charlie com fúria.

-O normal é relativo. Não pode me dizer que nada de estranho ou fora do normal jamais aconteceu com você.

-Não até eu me mudar para esta cidade maluca!

Ele saiu do refeitório como um tornado, batendo a porta.

-Poderia ter sido pior.

P.O.V. Tessa.

Quando a minha filha chegou em casa depois da escola, eu sabia que algo fora do comum havia acontecido. E quando ela me contou que havia dito ao filho do xerife que ele era um ser sobrenatural, eu quis voar no pescoço dela.

-Hope! Você não pode simplesmente dizer isso para alguém! Ele é um garoto de dezesseis anos de idade que até o momento, aparentemente não sabia de nada sobre esse nosso mundo. Não se joga uma bomba dessa em alguém. Se alguém tinha que contar isso a ele eram os pais.

-O Charlie é adotado.

-Perfeito.

Disse com fúria.

P.O.V. Charlie.

Eu menti quando disse que nada de esquisito nunca aconteceu comigo. Eu tenho pesadelos, mas são apenas pesadelos.

P.O.V. Sara.

Charlie chegou da escola, parecia irritado. Nem me disse oi.

-Oi querido como foi a escola?

-Eu odeio essa maldita cidade! Se mudar pra cá foi um erro! Esse lugar é uma sentença de morte! Eu odeio essa cidade!

A minha cozinha começou a chacoalhar.

-O que é isso?

Perguntei assustada e o meu filho respondeu no mesmo tom:

-Acho que sou eu. Acho que eu fiz isso.

Charlie tinha problemas com insônia e pesadelos, mas nada disso jamais aconteceu.

-Eu não quero fazer isso! Eu não quero ser isso, o que quer que isso seja!

-Fica calmo filho, vamos descobrir o que há de errado e vamos... concertar.

Vi os olhos dele, as íris ficaram vermelhas, ele ficou pálido como um morto e disse:

-Eu não preciso de concerto.

E senti essa onda de energia negra me atingir. Eu voei longe, atingi uma parede e a última coisa que eu vi foi o meu filho Charles sair mandando a porta pelos ares.

Quando acordei, a cozinha estava destruída. A porta toda arrebentada e eu também. Com dificuldade, me levantei e peguei o telefone.

-Escritório do xerife?

-Nick, vem pra casa. E traga uma ambulância.

P.O.V. Xerife Davenport.

A minha mulher me ligou, senti a dor na voz dela e ela pediu uma ambulância. Isso é preocupante.

Quando cheguei com as viaturas e a ambulância parecia que havia passado um tornado na minha casa. Os paramédicos prestaram socorro e a minha mulher foi parar no hospital.

Assim que ela acordou, parecia assustada e preocupada.

-Fica calma. Está no hospital.

-Charlie. Onde está o Charlie?

-Ele estava na casa?

-Eu não sei o que está acontecendo Nick, mas há algo errado com o Charlie. Eu nunca vi nada igual antes. 

-Quem fez isso Sara?

-Charlie. Há algo errado com ele, não sei se ele tem consciência do que está fazendo. Precisamos de ajuda, acho que precisamos de um padre.

-Um padre?

-Você não viu o que eu vi. Ele teve um ataque de raiva, falou que essa cidade era uma sentença de morte e então... os olhos deles ficaram vermelhos e ele me atacou. Destruiu a casa. Acho que ele está possuído.

Então uma terceira voz falou:

-Não exatamente.

-Quem é você?

-Hope Cromwell Scott. 

-E você sabe o que há de errado com ele?

-Nada. Charlie só... não é humano. Não completamente.

-Como assim ele não é humano?

-Ele não é humano.

-E o que ele é?

-Não sei, mas tenho um palpite.

A garota ruiva tirou um livro antigo de dentro da bolsa transversal marrom e parou numa página onde havia uma gravura de um humano de olhos vermelhos.

-Asta. O que é um Asta?

-Um híbrido. Prole de um humano e um demônio. Sua essência demoníaca permanece dormente até atingirem a puberdade. O que aconteceu hoje? A tendência é piorar. Precisam de alguém para ensiná-lo a controlar!

-Controlar? Precisamos de um exorcismo!

-Exorcismo não vai funcionar. Ele não é um humano possuído! É um híbrido! Ele pode entrar na igreja, você pode jogar um galão de água benta na cara dele que isso só vai deixá-lo mais irritado! Neste momento, ele está irritado, confuso e provavelmente assustado. Usar agressividade só vai deixá-lo mais instável.

Recebi uma chamada no rádio por várias ligações para a emergência e vandalismo.

-Vai lá. 

Conforme eu dirigia pela cidade, eu via o caminho de destruição sem precedentes. Era como estar naquele filme Carrie, a Estranha. Carros capotados, incendiados, pessoas mortas, uma trilha de cadáveres e fogo.

E quando cheguei ao local, não podia ter sido pego mais de surpresa. A pessoa que estava lá, parada contemplando a destruição era...

-Charlie?

After-New Version (Hessa)Onde histórias criam vida. Descubra agora