Maternidade

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P.O.V. Tessa.

Nunca em um milhão de anos pensei que me encontraria nesta situação, mas eu não me arrependo de nada. Conhecer o Hardin, ter a Hope.

E agora eu tenho uma colega que está passando por uma situação semelhante. Sara recebeu alta do hospital, ela já está em casa e apesar do médico ter pedido repouso e dela estar cumprindo... sua saúde física é a menor das minhas preocupações.

-Olá Sara. Pensei que precisaria de ajuda.

-Eu agradeço, mas... eu vou dar um jeito.

-Talvez pudesse se beneficiar da ajuda de alguém que passou por uma situação semelhante.

-Sério? Quem?

-Eu.

Ela olhou para mim chocada.

-Eu estou fazendo chá, se importa em explicar? Podemos tomar uma xícara de chá.

Nós fomos até a cozinha e ela fez chá de camomila.

-Quem é que pode me ajudar?

-Eu. Eu também tive que ser uma mãe comum para uma criança extraordinária. Mas, infelizmente minha situação era um pouco mais complicada que a sua. Veja, quando eu descobri que estava grávida... eu estava no meio duma zona de guerra, liderando bruxas contra um grupo de humanos fanáticos que caçava impiedosamente qualquer um que possuísse o dom da magia. Os Cavaleiros de São Cristóvão.

Fiquei passada.

-Você teve um bebê?

-Tive. Eu sou uma bruxa, imortal que ficou grávida de um lobisomem. Houve um momento em que eu fiquei tão assustada. Não apenas por estar sendo caçada por fanáticos malucos, lutando numa guerra e prestes a ser mãe, mas porque eu não tinha a menor ideia do que eu iria trazer para este mundo. Nunca houve uma criança como a minha, mas fosse o que fosse... eu a amava.

Então, eu percebi. Tessa não era irmã de Hope... ela era sua mãe.

-Você é a mãe da Hope?!

-Sim. Sou. Me lembro do dia em que ela ativou sua maldição... Deus, por dentro eu estava surtando, mas eu precisava passar-lhe calma, então fiz tudo que eu podia fazer que era abraçá-la e confortá-la.

-Hope é amaldiçoada?!

-Infelizmente. Como muitos dos moradores desta cidade. Somos todos amaldiçoados duma forma ou de outra. Mas, me lembro na lua cheia, naquela primeira lua cheia. Eu provavelmente sofri mais do que ela. Não fui forte o bastante para ficar com ela durante a transformação, mas o Hardin estava lá. Do lado de fora, com ela. Ainda posso ouvir os seus gritos, o som de seus ossinhos quebrando. Enquanto ela estava passando por aquilo... eu estava com o coração na mão, chorando, implorando para acabar logo.

Lua cheia, se transformando.

-Hope é lobisomem? Você é lobisomem?

-Ela é. Eu não. Esse gene ele herdou do Hardin. Eu não sabia, mas acidentalmente transformei-o num híbrido. Parte vampiro, parte lobisomem.  Bem, vinda a Mystic Falls.

Tomei um gole do chá, tentando processar aquilo. Vampiros, bruxas, lobisomens, demônios, anjos.

-Como você lidou com isso? Com tudo isso?

-Bem, eu levei tempo para me aceitar. Também fui adotada, como o Charlie e minha mãe era uma católica devota. A primeira vez que eu usei um decote e maquiagem... eu estava na Universidade.

-Caramba!

-Gostaria de poder dizer que existe uma receita, uma fórmula mágica, infelizmente isso não é verdade. Cada criança é diferente, tem coisas que funcionam para uma que não funcionam para a outra. E tenho quase certeza de que os Poderes do Charlie são diferentes dos da Hope, mas uma coisa é certa. Como eu, você não consegue fazer isso sozinha. Precisa de ajuda, ele tem todo esse poder que eu aposto você nem compreende e precisa de alguém para ensiná-lo a controlar.

Nunca pensei que estaria recebendo concelhos de paternidade de uma garota de vinte anos.

-Eu tenho medo dele.

-Seria uma tola se não tivesse. Eu tenho medo da Hope também ás vezes, mas eles são nossos filhos, é o nosso dever impor limites e ter certeza de que ensinamos a eles a diferença entre certo e errado. O que é aceitável e o que não é.

-Não há uma forma de impedir isso?

-Os poderes você quer dizer?

-Sim.

-Não queira fazer isso. Não vou mentir para você, não será fácil e você jamais vai entender completamente o que é ser supernaturalmente diferente. Mas, toda a minha vida eu conheci  e convivi com todos tipos de seres sobrenaturais que não estavam realmente confortáveis com quem eles eram, o que podiam fazer. Sempre pensando que seus dons era uma maldição, inclusive eu. Eu não quero isso nem para a minha filha, nem para o seu. Precisa aceitá-lo, se você que é a única família que ele tem não aceitar... ele também não vai. Vai crescer ou no caso dele desenvolver seu poder pensando que é algo necessariamente ruim. Vai temer suas habilidades mais do que já teme.

-Tem razão. Mas, como vou esconder o meu medo dele?

-Não vai. Converse com ele, explique como se sente, mas diga que o apoia. Que ele não está sozinho. E você não vai a lugar nenhum. Se Charlie não se sentir seguro e confortável, ele jamais vai obter o controle de seus dons. Confie em mim.

Uma xícara de chá com uma bruxa imortal. Ela me deu ótimos conselhos.

-Obrigado pelos conselhos. Me ajudou muito.

-Obrigado pelo chá. Aconselho que compre chá de verbena. Vai te proteger e á sua família, impedirá que seja controlada.

-Controlada?

-Controle mental. Vampiros podem compelir você a fazer qualquer coisa, a esquecer de coisas, apenas vampiros originais como eu, meu pai e minha filha podemos compelir outros vampiros e ninguém pode nos compelir. Apenas minha família e eu podemos projetar ilusões poderosas nas mentes alheias. A verbena vai proteger vocês, mas precisa beber todo dia, pode usar a erva em jóias, perfumes, cremes.

-Obrigado pelo aviso.

Ela tirou da bolsa uma caixa de madeira que estava cheia de saquinhos de chá e perfumes, cremes.

-Considere o meu presente de boas vindas. Quando acabar, passe na minha loja, eu tenho um estoque considerável.

-Obrigado. Sabe, para uma bruxa você é... muito boa.

-Conhecimento e sabedoria. Os fundamentos da bruxaria. 

P.O.V. Charlie.

Fui atrás da Hope para me desculpar e ela estava conversando com o Cayden.

-Vai mesmo fazer isso por mim?

-Claro. Mas, existem regras. Regras de matilha, somos lobos, não bestas. Vou explicar quando chegar a hora. 

-Obrigado. Por tudo. Não sei o que seria de mim, se não fosse por você. Obrigado Hope.

-O prazer foi meu. Oi Charlie.

-Oi. Eu queria me desculpar, por culpar você, por te atacar.

-Tudo bem. Eu sei que você não fez por maldade.

Sobre o que será que eles estavam falando?

After-New Version (Hessa)Onde histórias criam vida. Descubra agora