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Yuan correu pelo vasto jardim frente a casa, gritando alegre ao ser perseguido pelo burrinho que brincava com ele todas as manhãs. Wen ning observava pela janela da cozinha o menino agora com seus 5 anos rolar pelo chão tentando convenser o animal a fazer o mesmo. Riu achando divertido toda aquela agitação infanfil, que não desligava um minuto do dia.

Os anos se passaram arrastados, BaoShan não permitiu que eles saíssem, escondendo deles qualquer informação da criança ou a que família pertencia aquele emblema de nuvens azuis, estavam limitados a cria-lo e esperar que alguém ou alguma coisa chegasse perto o suficiente da barreira e que estivessem a procura do menino, usando algo parecido com aquela fita.

Essa que a criança nem usava mais. Por ter chego ali muito pequeno, não lembrava de nada, a nao ser o "Gu" que se referia a cidade de onde tinha vindo, mas parecia estar incompleto e por mais que tentasse lembrar de tudo, via tudo branco. Digo, ele lembrava de um homem alto de olhos dourados o carregando e só.

- A-Yuan, venha comer! - o chamou alto, vendo o menino correr para dentro - Vá lavar as mãos - deu um tapinha na bunda do pequeno, fazendo-o sorrir - E depois acorde o seu pai dorminhoco - ele concordou e correu para o quarto de Wei Ying.

Foi uma decisão inusitada a paternida. Eles vinham criando Yuan como se fossem irmãos mais velhos. Mas o menino simplismente começou a chamar o mais velho de pai ao se agarrar as suas pernas e gritava durante o choro quando era repreendido por chama-lo de "pai". Então para evitar futuras choradeiras, aceitaram por hora, quando mais velho, se ainda estivesse ali com eles, aprenderia que Wei Ying era seu Gege, ou seu mestre, por influência de Wen Ning que não parava de chama-lo assim.

- Papai! - se jogou em cima do mais velho que ainda dormia - Acorda!! - gritou alto, o apertando - Maçãzinha vai comer seu café!!

- Ah, maçãzinha, me deixe em paz! - pediu sonolento virando para o lado.

- Não sou maçãzinha, sou Yuan! Acorda! - apertou os dois lados da bochecha do mais velho que abriu os olhos com a dor - Eba!

- Seu pestinha! - sorriu ao levantar e pegar o menino nos braços, lhe apertando as bochechas - Sabe qual a punição por pertubar o sono sagrado do mestre Wei Ying??

- Mas tio A-Ning que mandou! - tentou se defender, mas acabou por receber cócegas.

- Ah é? Vou me certificar de manter os dois de joelhos em cima do milho!

- Não! Ning-gege, fuja! - gritou ainda nos braços do Wei.

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Wen Qing olhou para o pequeno JingYi que corria para la e para cá atrás dos ceolhinhos numa parte do gigantesco jardim daquele palácio. Se perguntava por onde andava seu pequeno Sizhui e por que em lugar nenhum nem nos reinos vizinhos foram capazes de encontra-lo. Mas sabia que não estava morto. Seu coração de mãe dizia isso.

6 meses depois após o sumiço da criança, descobriram que alguém havia aberto a urna que prendia um espírito maligno e que ele tinha atraído o bebê para fora. Mas não souberam dizer quem. Yanli foi solta do calabouço e absolvida da culpa. Retornando ao seu posto de confiança  e se tornando ama de JingYi, com a guarda dobrada.

O espírito não foi achado, nem se quer vestígios de sua existência, muito menos o príncipe. Como se ambos tivessem evaporados da terra.

O rei seguia em luto pelo primogênito, mas não parecia abalado. Seu irmão havia voltado de QingHe na companhia de seu parceiro Mingjue, para prestar solidariedade e ajuda com as buscas, mas como mesmo depois de 3 anos não haviam encontrado nada, teve que voltar para o reino de seu marido.

Xichen era mau visto pelo povo se gusu pelo seu gosto dito como "tedencioso". Fora expulso pelo tio, que desaprovava seu relacionamento, e tirado do posto a sucessão do trono, dando a responsabilidade para Wangji que desejava tudo, menos se tornar o rei. Fora inevitável e triste, mas depois que QiRen se afastou, eles puderam se rever e como rei, Wangji pouco se importava com o povo, queria seu irmão por perto e pronto.

- Só queria saber se esta bem.. - soltou junto a um suspiro quando viu Yanli se aproximar com Jin Ling nos braços, o pondo no chão para brincar com JingYi - Está cada dia mais esperto - falou um pouco mais alto para ser notada pela ama de seu filho - Logo estara dando trabalho igual A-Yi.

- Sim, minha senhora, não vejo a hora - sorriu para a rainha, voltando a ajudar seu filho na brincadeira.

Só tinham um ano de diferença, então estava tudo bem, eles conseguiam se resolver.

Wen Qing era uma rainha de certo que bondosa, mas rígida. Se dava bem com Yanli pela mulher ser muito gentil.
Não estava ali por que queria. Havia sido tirada do leito de sua família aos 7 anos para ser criada no Palácio como futura rainha. Fosse Xichen ou Wangji a suceder, ela casaria com um deles sem reclamar. O casamento em si estava bem, embora os dois mau se tocassem. Wangji era um homem frio, fora que não tinha interesse nela e ja havia falado nisso, porém se respeitavam, mas desde que Sizhui desapareceu ele se tornou ainda mais fechado, deixando a mulher mais frustrada. Sem o cunhado ali, era impossível saber o que se passava na cabeça do rei.

- Meu marido, aconteceu algo? - se ergueu de imediato ao vê-lo se aproximar.

- Não, vim ver JingYi, apenas - ergueu uma mão pedindo que ela sentasse de novo - Yanli, seu irmão esta a procurando.

- Sim senhor, com sua licença senhora - se curvou em respeito e saiu com seu filho nos braços.

- Estão querendo desistir não é?

- Você que decide sobre isso.

- Esta bem, fazem 3 anos, gastar energias a toa vai me deixar mais deprimida, farei a sua vontade meu rei.

- Certo! - beijou a testa da esposa e foi até o filho - A-Yi - apenas com o olhar, repreendeu o menino que brincava de jogar o coelho para cima - Venha.

Wen Qing observou eles irem embora, com o coração na boca de tanta frustação,  mas entendendo o motivo. Mesmo que ela não parasse, jamais questionaria a decisão do marido, pois sabia que era apenas para o visual, ele jamais deixaria de procurar pelo filho. Nem que fosse só o corpo para enterrar.

Enxugou as lágrimas antes de levantar. Era uma rainha afinal, tinha que demonstrar altivez, ou jamais seria respeitada.

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- Ning-gege, onde estamos? - o pequeno perguntou, quando pararam de andar, após colher frutas e verduras e tratar alguns animais pelo  caminho - Cadê o papai?

- Ah, ele está no rio de Predor - respondeu o ajudando a por um sapatinho que havia caído - Compramos um número muito grande dessa vez.

- Predor? Mas não é a Sereia morta das histórinhas? - pôs um dedinho na boca, entortando a cabeça.

- Sim, predor costumava dar energias a todos os seres dessa floresta por isso se isolou no lago.

- É mesmo? - perguntou curioso quando foi colocado em cima do burro.

- Sim, ela era muito poderosa, mas havia pessoas querendo roubar esse poder, então ela se escondeu, tão fundo que jamais alguém a encontraria e assim poder continuar salvando vidas e curando as terras.

- Então o papai foi ver ela?

- De certo modo sim... - puxou as rédeas, depois que organizou os cestos ao lado, fazendo o animal caminhar - Quando você crescer eu conto o que ele faz lá.

- Promete? - ergueu o dedo mindinho, oferecendo para o Wen.

- Sim, sim - falou fazendo o mesmo, juntando os dedos - Eu prometo.

A curaOnde histórias criam vida. Descubra agora