Pumpkin's Camping

Capítulo 7

Jungkook respirou fundo e questionou:

JK: Vocês já ouviram falar em Jack O'Lantern?
Carlos: Quem?
S/N: Só sei que é como chamam aquelas abóboras com rostos esculpidos e iluminadas.
JK: Isso! Mas, vocês conhecem a lenda dele?
TH: Mais ou menos. Lembro que a lenda diz que ele não foi aceito nem no céu e nem no inferno e que vaga pelo limbo até hoje. - Jungkook acenava positivamente com a cabeça. - Mas, o que isso tem a ver com essa mulher?
JK: Tudo! Na lenda do Jack cita que ele tinha esposa e filhos, porém, não fala o que aconteceu a eles depois da morte do Jack. - Nós o ouvíamos com atenção. - Essa mulher volta aqui todo o halloween com o intuito de ajudar o seu amado a encontrar o caminho de volta do limbo para ela.
TH: Você está querendo dizer que ela é a esposa de Jack O'Lantern?
JK: Sim!
Carlos: Isso é loucura! Essa história não é real, é apenas mais uma lenda qualquer.
Jeon: É aí que você se engana. A lenda é real e acontece a centenas de anos.
S/N: Pai, deixa o Jungkook continuar. - Ele olhou para mim, suspirou e olhou para o Jungkook, esperando ouvir o resto da história.
JK: Então, dizem que com a morte do Jack a sua esposa enlouqueceu. Foi em diversas igrejas em busca de um milagre que trouxesse o seu marido de volta, mas, como não conseguiu o que queria, a sua opção foi apelar ao diabo. O diabo, sabendo que se tratava da esposa do homem que o humilhou e enganou duas vezes, resolveu se aproveitar da situação. Disse que se ela conseguisse almas puras o suficiente para ele em dia de halloween ajudaria o Jack a encontrar o caminho de casa. No dia 31 de outubro que se seguiu, ela colocou o vestido que havia usado em seu casamento, alegando que foi um dia muito feliz que eles viveram e que Jack a encontraria com mais facilidade se ela reunisse memórias felizes enquanto fazia o que a foi ordenado, e, em seguida, saiu em busca de crianças para ofertar ao diabo. As suas primeiras vítimas foram os seus próprios filhos, era um menino de 6 anos e uma menina de 8 anos, logo depois ela seguiu pelo vilarejo em que vivia, matou quase todos os filhos dos seus vizinhos e, por fim, tocou fogo em todos no meio de uma plantação de abóboras, dizendo que, dessa forma, a chama deles seria forte o suficiente para ajudar o Jack a encontrar a saída do limbo. Ao ser descoberta gerou grande revolta, as pessoas do pequeno vilarejo terminaram queimando-a viva no mesmo local que ela queimou as crianças.
Carlos: Meu Deus! - Exclamou surpreso.

Nem eu e nem o Tae conseguíamos dizer nada, apenas encarávamos o Jungkook boquiabertos com toda essa revelação.

JK: O que ninguém esperava era que no dia 31 de outubro do ano seguinte ela voltaria, tanto para se vingar quanto para buscar novas almas. E voltou poderosa demais, dessa forma que vocês puderam ver.
Carlos: E o que acontece com as pessoas? Para onde ela leva as crianças?
JK: As pessoas que não são puras, ou seja, não são mais virgens, ela as queima de dentro para fora e quanto mais pecados a pessoa carregar, mais terrível e dolorosa é a sua morte. Já as crianças, ou melhor, as pessoas que ainda são virgens... - Olhou para mim. - ...elas são transformadas nas abóboras iluminadas.
S/N: Jack O'Lantern! - Disse baixinho.
JK: Exatamente. E as suas almas ela leva lá para o mesmo local em que queimou as crianças no passado, só que, dessa forma, as almas das crianças ficam presas nesse mundo e nunca descansam. Dizem que o lago são as lágrimas de todas as crianças que estão presas aqui na chácara.
S/N: Como assim "aqui na chácara"?
JK: Aqui era o vilarejo em que Jack morava. Só que ao passar dos anos tentaram destruir todo o vilarejo para ver se conseguiam parar a maldição que se repete todo halloween, mas não adianta, a mulher da abóbora, como eu a chamo, volta todo dia 31 de outubro em busca de novas almas.

Ele calou-se e ninguém conseguia dizer nada, só ficamos digerindo todas aquelas informações por longos minutos.

S/N: Aquelas abóboras que apareceram durante todo o dia também está relacionado a isso? - Perguntei quebrando o silêncio.
Jeon: Sim. Toda véspera de halloween elas começam a aparecer. Alguns hóspedes antigos já nos relataram ver crianças sempre que aparecia uma abóbora, assim como você também me disse hoje pela manhã, S/N.
S/N: Sim, eu vi primeiro uma garotinha e depois já a vi acompanhada de um menino.
JK: Eu sempre os via quando era mais novo, hoje em dia não vejo mais. E a maioria dos hóspedes que dizem vê-los são crianças e adolescentes.
S/N: E o que isso significa? Quem são eles?
JK: Eu não sei ao certo quem são eles, mas quando eu conseguia vê-los, eles sempre me atraíam para o mesmo local, só que eu sempre voltava correndo com medo e nunca soube o que eles queriam. Só acho que eles buscam por ajuda, pois muitas vezes eles estavam chorando quando eu os via.
S/N: Eu vi a menina chorando antes de você ir atrás de mim no lago, na verdade, foi por isso que eu estava ali, estava procurando por ela.
TH: E por que agora você não consegue mais vê-los? Eles só aparecem para crianças?
Jeon: Eu achava que era isso, até a S/N me relatar ter visto uma garota correndo hoje de manhã.
S/N: Eu não sou criança e os vi.
JK: Mas, você é virgem!
Carlos: O que a virgindade da minha filha tem a ver com isso? - Perguntou de uma forma engraçada que se tivéssemos em outra situação eu provavelmente teria rido.
TH: E como você sabe que ela é virgem? - Indagou enciumado. - Vocês andaram conversando sobre isso em tão pouco tempo que se conheceram? - Eu fiquei nervosa pensando no que aconteceu de manhã, onde por pouco eu e o Jungkook não nos beijamos.
Carlos: E você está insinuando que a minha filha já se entregou a algum homem, Taehyung? - Olha do Tae para mim desconfiado. - Tem alguma coisa que eu não estou sabendo, minha filha? - A situação já estava seguindo um rumo completamente diferente do que realmente deveríamos nos preocupar agora.
TH: Não é isso, Pastor! - Falou na defensiva. - Eu só quero saber... - O interrompi.
S/N: Tae... pai... - Olhei para ambos. - ...isso não tem importância agora. - Tentei soar tranquila e apertei levemente as mãos deles que eu ainda segurava. - Arrumar uma forma de salvar a todos é prioridade no momento, então, por favor, foco vocês dois. - Eles se calaram.
JK: O que estou querendo dizer, é que as crianças só aparecem pra quem é puro assim como elas, no caso, pra quem ainda é virgem, por isso eu só as vi até a minha adolescência e agora não vejo mais, também explica o fato da maioria dos adultos nunca terem visto elas e você sim, S/N, porque você ainda é virgem. Eu não sei o motivo disso, mas é a única explicação que tenho. - Eu percebi que isso tudo sobre virgindade estava incomodando tanto o meu pai quanto o Taehyung, que se remexiam impacientemente no sofá.
S/N: Certo! Entendi! Será que podemos falar de outra coisa que não seja a minha virgindade?! - Disse sem graça.
JK: Desculpe!
TH: Por que vocês ainda permanecem aqui sabendo que isso se repete a cada ano? - Se apressou em mudar de assunto. - Ou ela vai atrás de vocês onde quer que vocês estejam?
JK: Eu não sei ao certo, o que os outros falam é que ela parece estar presa a esse lugar e eu já quis ir embora, mas o meu pai insiste em ficar. Eu não tenho coragem de ir e deixá-lo aqui sozinho, porque se algo acontecer a ele, me culparei para sempre. - Abaixou q cabeça e ficou encarando as próprias mãos, enquanto eu, meu pai e Taehyung desviamos o nosso olhar para o senhor Jeon que suava frio de tão nervoso que estava com toda essa conversa.
S/N: Por que o senhor permanece aqui? O que está esperando para ir embora?
Jeon: Nós temos um trato com ela, não podemos simplesmente rompê-lo e ir embora.
S/N: Mas, se ela está presa a essa chácara não tem cabimento vocês continuarem aqui!
Jeon: Nós não temos pra onde ir! Você não entenderia.
S/N: O que eu não entendo é vocês continuarem aqui sem necessidade! - Aumentei a minha voz, estava ficando irritada. – O senhor ganha dinheiro com o aluguel da chácara, não é possível que nunca conseguiu juntar grana o suficiente para sair daqui e ao menos alugar uma casa pra vocês dois em outro canto, ou ir para a casa de algum familiar, nem que fosse temporário, apenas tempo o suficiente para arrumarem um emprego e conseguir um lugar para morar. A não ser que o senhor goste de toda essa matança que acontece aqui todos os anos, essa seria a única explicação de continuar vivendo dessa forma, pondo a sua vida e a do seu próprio filho em risco ano após ano.
Jeon: Claro que eu não gosto disso! - Se alterou, ele estava cada vez mais nervoso. - Eu nunca fico em paz comigo mesmo, não me orgulho em ser cumplice de tudo isso.
S/N: Então, por que o senhor continua aqui, senhor Jeon? - Quase gritei.