Eu observava a circulação agitada de carros pela janela e o ritmo que ia diminuindo a medida que chegávamos mais perto do meu prédio, à noite ele parecia meio assombrado, era antigo realmente, mas tinha certa classe.
_ Tiago?
_ Oi.
_ Você realmente me surpreendeu essa noite.
_ De um jeito bom?
Meneei a cabeça.
_ Sinceramente, eu não tinha noção que você só estava me pegando esses dias.
Ele riu.
_ Eu não estava só pegando você, porque era só você, não tinha mais ninguém.
_ Então desde que momento começou nosso namoro?
O carro parou em frente ao meu prédio.
_ Desde que a gente se viu.
Arqueei as sobrancelhas e fiquei com vontade de rir. Ali estava sem iluminação pública mas o luar me dava um vislumbre da expressão de Tiago.
_ Então... _ comecei. _ estávamos namorado esse tempo todo?
_ Sim, só que escondido.
Soltei uma gargalhada.
_ Escondido até de nós mesmos né?
Tiago segurou meu rosto com as mãos me puxando para ele.
_ Porque você tem que ser tão debochada?
E começou a trilhar beijos pelo meu rosto.
_ Faz parte da minha personalidade, é melhor se acostumar.
Os beijos seguiram caminho pelo meu pescoço.
_ Você não acha que seria melhor nós entrarmos no seu apê logo?
_ Ei... acho que hoje eu prefiro ficar sozinha, tenho coisas pra resolver amanhã e... você sabe.
_ Sou uma distração pra você? _ ele me encarou.
_ Digamos que sim.
_ Quanto?
Tiago deslizou a mão pelo meu vestido.
_ Quanto o quê?
_ De zero a dez, quanto eu distraio você?
_ Olha só...
Sua mão pousou em minha coxa e simplesmente se enfiou debaixo do vestido.
_ Estou esperando sua resposta...
Resposta? Que resposta?! Eu havia prendido a respiração e nem tinha percebido até que senti os dedos de Tiago em minha calcinha e arquejei, à procura do ar perdido. Nem bem recuperei o fôlego e ele capturou minha boca e o resto apenas seguiu no automático, como se nossos corpos tocassem a mesma canção de sempre.
CH
Dez.
De zero a dez, o número máximo foi o escolhido e falado entre gemidos minutos atrás. Segui para meu apartamento com as pernas trêmulas e me joguei na cama, tirei minhas roupas bem devagar e nem tomei banho, eu estava tão relaxada que nem imaginava as pressões que viriam sobre mim no dia seguinte. Fiquei ouvindo uma música de Mariah Carey enquanto refletia sobre o meu dia, os agudos dela me fascinavam, queria saber cantar assim, ultimamente eu só gritava por um homem e com um homem, isso não era tão admirável.
E adormeci. Sonhei com uma orquestra cheia de violoncelos e violinos, Tiago tocava um instrumento, e o som que ele reproduzia era maravilhoso, parecido com os nossos murmúrios contidos dentro de um carro numa rua escura, suas mãos eram talentosas, principalmente quando estavam entre minhas pernas.
CH
Acordei com o sol na cara, o céu sem nuvens era convidativo pra ir à praia, mas eu ainda não me sentia confortável pra isso, e ao dar um breve olhar no meu apartamento percebi que ele estava precisando de uma faxina, então decidi deixar o banho pra depois, eu ia suar bastante.
Enquanto espanava os cantos das paredes ao som de Michael Jackson, meu celular tocou interrompendo a música. Olhei na tela e era o número de Renata.
_ Oi Renatinha.
_ Laureen, precisamos nos encontrar.
_ Aconteceu alguma coisa?
_ Sim.
_ Grave?
_ Não, é uma boa notícia!
_ E é...
_ Encontramos Mama.
CH
O banho tão adiado foi tomado as pressas e eu sentia minha pele pinicar por causa da poeira ao sair do prédio aquela manhã, as meninas tinham marcado um encontro no shopping, Mama havia aceitado o convite delas mas além disso, ela mesma tinha marcado o dia que viria visita-las, e esse dia era hoje.
CH
Quando cheguei no shopping as meninas me aguardavam na entrada, me deram um abraço rápido e percebi que estavam tão ansiosas quanto eu.
_ Marcamos com Mama na praça de alimentação. _ disse Renata.
_ Nossa, vai demorar pra eu me acostumar com esse nome... _ falei.
_ Foi assim com a gente também. _ disse Adriana tocando meu cotovelo.
Seguimos para o segundo andar do shopping e enquanto conversávamos sentadas ao redor de uma mesa uma mulher um pouco diferente apareceu, vestia um blaise azul marinho e uma saia justa da mesma cor e... lenço no pescoço? Ela parecia uma diretora carrancuda de escola, seu cabelo se prendia num coque alto e usava óculos. Enquanto ela se aproximava da mesa um sorriso se formava em seu rosto e ali ela não parecia ser tão carrancuda... espera, Mama?
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CHIQUITITAS - Revenge
General FictionLaurinha está de volta. Não como uma criança com traumas mas como uma mulher, que por sinal está disposta a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Disposta a se vingar da mulher que lhe trouxe uma dose de destruição bem grande ela se vê...