Eu estou no corredor do orfanato.
Tudo é escuro e apenas a luz de um quarto está acesa.
De repente ouço a voz de tia Carlota me chamando baixinho.
_ Tia Carlota? _ respondo.
E do nada alguém surge à minha frente, e preciso levantar a cabeça para ver porque ainda tenho nove anos.
É Soraya.
Uma xícara de chá está em suas mãos e a fumaça sobe e contorna seu rosto.
_ Olá Loirinha... quer um pouco de chá?
Dou passos para trás para tentar fugir mas antes que a escuridão me engula, Soraya me pega.
CH
Com um grito ecoando no quarto dei um pulo da cama.
Meu coração estava batendo rápido e forte e precisei respirar fundo várias vezes pra voltar ao normal e me conscientizar que aquilo havia sido apenas um sonho.
A conversa com Mama no dia anterior tinha acionado algumas lembranças que eu preferia ter esquecido.
Me joguei na cama e tentei dormir de novo.
CH
Na segunda feira, o início de uma nova semana, eu me sentia restaurada, minha conversa com Mama apesar dos pesares havia me feito pensar sobre muita coisa e eu tinha um novo norte pra seguir.
Fui para o orfanato e felizmente tudo parecia tranquilo, até as crianças pareciam estar felizes, Soraya havia saído e aproveitei pra dar uma vistoria no escritório novamente, procurando por paredes ou fundos falsos, Soraya era apegada à coisas do passado, como a carta que ela guardava a tantos anos, então talvez tivesse alguma coisa que poderia ser usada contra ela. Mas, nada.
Sentei na cadeira em frente ao computador e pensei.
CH
Duas palavras piscavam na minha cabeça como luzes de neon, Dinheiro e Nilson.
Abri várias pastas do computador e as planilhas que Soraya havia me feito fazer e refazer, deveria ter alguma ponta solta por ali, ela não me mandava fazer nenhum trabalho no banco ou em outro lugar que não fosse o orfanato, mas alguma coisa devia sair dali, e se não era ela quem mexia, com certeza era outro alguém.
CH
Soraya se virou para a mãe, um celular tocou enquanto ela falava.
_Não vou pedir merda nenhuma! _ bradou ela e pegou um celular de cima da penteadeira do guarda roupa, imediatamente Tia Carlota segurou sua mão.
_Me dê isso agora.
Soraya não tinha saída, revirou os olhos e entregou o celular à mãe.
_Nil? _ falou Tia Carlota_ De novo esse garoto Soraya?
Soraya revirou os olhos novamente.
_Eu já te falei pra não conversar mais com ele.
_ Mas é ele que me persegue mamãe... _falou ela com uma cara de inocente_ não vê que é ele que liga pra mim? O que eu posso fazer?
_Saia daqui.
Soraya estendeu a mão pedindo o celular, o que ela queria mesmo era sair correndo dali. Tia Carlota olhou pra ela e entregou o celular, "não sei pra quê" pensei, "ela vai ligar de novo pra esse tal de Nil..."
VOCÊ ESTÁ LENDO
CHIQUITITAS - Revenge
General FictionLaurinha está de volta. Não como uma criança com traumas mas como uma mulher, que por sinal está disposta a fazer qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Disposta a se vingar da mulher que lhe trouxe uma dose de destruição bem grande ela se vê...