Capítulo 2

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Hamish Callaghan sempre se considerou um homem inteligente, na verdade bem mais que a maioria que conhecia, e podia afirmar já que não era uma pessoa de falsa modéstia. Era muito racional, foi exatamente por esse motivo que tinha bem mais dinheiro que muitos lordes ali, porém, naquele momento, no salão abarrotado de pessoas na casa dos Graysons, ele começava a duvidar de seu próprio julgamento.

Assim que chegou em sua casa em Londres, após um ano na Irlanda devido uma epidemia de febre que assolou a vila de sua família, recebeu um convite para o baile de debut da cunhada do visconde. Se lembrava de ja ter visto a moça algumas vezes, mas nunca diretamente, mas o convite vinha com uma nota pessoal de Addam. " Se você não vier, irei pessoalmente te buscar".

Seria bom, pensou ele, já fazia muito tempo que não via seus amigos, e sair daquele sentimento aterrizador que passara, talvez melhorasse seu humor. Mas ao chegar, tentou imediatamente retornar, mas era tarde, Addam o vira e ja caminhava em sua direção.

- Hamish, disse ele apertando sua mão e segurando seu ombro com um sorriso, a quanto tempo amigo. Deus, como você está forte, o que fizera na Irlanda?

Hamish sorriu, os irlandeses não se importavam se ele era muito rico, se precisavam de ajuda no campo, para construir uma casa, ou até mesmo fazer o parto de um potro, eles simplesmente  exigiam sua presença. Mas só se deu conta de sua mudança corporal quando seus empregados de Londres o viram.

- Santo Deus senhor Callaghan, disse sua governanta, está parecendo um brutamontes, como vai se misturar com a nobreza assim?

- Então devo agradecer aos inúmeros trabalhos braçais que realizei, assim não precisarei se quer fingir que gosto deles.

Hamish sorriu diante da lembrança e da coincidência das declarações de ambos.

- Todos na casa da minha mãe, e a maioria dos homens da vila ficaram doentes. Tive que compensar a mão de obra, Disse Hamish dando de ombros.

- E como estão as coisas por lá, perguntou Addam preocupado.

- Como te disse em minha última carta, foi terrível, a febre durou uma semana, mas foi pior com minha irmã mais nova. Ela ficou dez dias desacordada, queimando. Mas tivemos sorte, ninguém morreu na nossa casa, pois contratei duas enfermeiras de Londres, mas na vila várias pessoas morreram, famílias inteiras, mesmo com dois médicos tratando todos, foi impossível controlar.

Ambos ficaram em silêncio por alguns instantes, um pânico se alojava em seu peito sempre que se lembrava de toda sua família sobre aquelas camas delirando e ardendo em febre.

- Que bom que passou, disse Addam o tirando de seu transe.
- Sim, que bom. Mas me diga, onde está a flor da noite.
Addam se virou procurando por Grace e a viu junto a Helena conversando com outras pessoas.
- Está al, ao lado de Helena, mas nunca, em hipótese alguma a chame de flor, ela te mataria, acredite.
- Se você está dizendo, só me resta acreditar. Mas Grayson, Lady Albany está linda. E vejo que logo seu herdeiro chegará.
- Herdeiro, disse Addam com um sorriso derretido, Helena afirma que será uma menina.
- Então com toda certeza será. Helena e Grace se aproximaram para cumprimentar Hamish, que em uma reverência disse:
- Lady Albany, senhorita Winton, estão encantadoras essa noite.
- Ora Hamish, quanta formalidade, você é  praticamente um irmão para Addam. Ficamos muito felizes com seu retorno e por saber que tudo deu certo no final com vocês na sua casa.
- Sim, obrigada, o pior já passou, agora só nos resta recomeçar. Senhorita Grace, disse ele se virando para Grace, será que ainda há algum espaço em seu cartão de dança para mim?
- Ah..., Sim, sim. Na verdade, disse ela olhando seu cartão preso a seu pulso, a próxima dança está livre.
- Perfeito, disse ele estendendo seu braço para ela, vamos?

Uma Promessa e Nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora