Capítulo 19

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Grace pediu que seu jantar fosse servido em seu quarto. Helena e Addam também não desceriam, já que a irmã estava se sentindo muito cansada nos últimos dias. Senão faltasse quase dois meses para o nascimento, estariam preocupados.

Esperou que toda a casa se silenciasse, como sempre fazia e saiu de seu quarto seguindo pelo corredor. A mesma chama tremulava pelo quarto, mas agora não era um doente imóvel que habitava aquele quarto. Um homem, forte, estava em pé olhando pela janela segurando uma caneca com algo fumegante. Ele parecia perdido em pensamentos quando Grace entrou, mas sorriu assim que a viu, colocou a caneca sobre a mesa e se aproximou a pegando pela cintura e a beijando sem ao menos esperar qualquer palavra. Grace por sua vez o abraçou pelo pescoço e apertou forte, nunca mais queria solta-lo ou ficar longe, na verdade o queria cada vez mais perto.

Eles se afastaram sorrindo e Addam se sentou em uma poltrona perto da lareira, trazendo Garce junto e a acomodando em seu colo. Ela sorriu ao sentir o gosto de limão e mel do chá que ele tomava.

- Vejo que a Sra Byrnes fez o chá que pedi para você.

- Ah sim, você se tornou uma santa para ela, faria qualquer coisa que pedisse.

- Muito bem então, assim você logo estará fortalecido.

- Assim espero, pois tive que me sentar ou acabaria derrubando nós dois, e isso minha querida, seria vergonhoso.

Ambos riram e ficaram abraçados por alguns minutos, apenas aproveitando a presença um do outro.

- Gostaria muito de me sentir culpado por estar aqui com você, me aproveitando da hospitalidade de Addam, mas só consigo sentir felicidade em ter você em meus braços.

Grace sorriu e acariciou a barba crescida e todo seu rosto, ele fechou os olhos com a sensação de seus dedos em sua pele, parecia magica, ou coisa de fada, como ele bem sabia.

- Posso te barbear? Ela perguntou.

- Você sabe fazer isso?

- Ah sim, as vezes meu pai ficava tão bêbado que desmaiava por dias. Eu sentia vergonha por ele, um homem ainda jovem e forte, se destruindo daquela forma. E ele maltratava muito Helena, acho que por eles serem muito parecidos, tanto em gênio como na aparência, quanto a mim, ele apenas me ignorava. Então nesses dias eu o barbeava.

- Seu pai Aonach, é um desgraçado...Ah Deus, me desculpe, eu...

- Não se preocupe, nada relacionado ao meu pai me afeta a muito tempo, Helena e agora Addam são minha unica família agora.

- Espero que esses seus planos mudem em breve.

- Talvez, quem sabe, ela disse sorrindo e indo pegar as coisas de barbear que estavam sobre a mesinha. E você, me conte sobre seu pai.

- Meu pai se chamava Sean, era o melhor de todos os homens, e o melhor pai. Ele morreu a cinco anos, do coração. Foi muito rápido, ninguém esperava, e minha mãe ainda não se recuperou, antes morávamos todos aqui em Londres, então ela quis voltar para Irlanda, disse que não suportaria mais ficar. Minhas irmãs voltaram, e eu fiquei, para seu desgosto, mas nunca poderia deixar as pessoas que contavam com meu pai desde sempre. Inclusive Addam e Albert, meu pai era administrador deles antes de mim.

- E como ele era? Como pai.

- Nós o amávamos, ele era permissivo e nos mimava, enquanto minha mãe era a durona. Quando eu e minha irmã mais velha aprontavamos alguma coisa, ele nos colocava de castigo, sem jantar, e quando minha mãe dormia, levava aos nossos quartos guloseimas e doces. Ele nunca ergueu a mão para nenhum de nós, nem nos piores momentos, nem durante a grande fome, quando viemos para cá, quando ele e minha mãe passam dias sem comer para não deixar que minha irmã e eu soubéssemos de nada. Quando chegamos aqui, eu tinha uns 10 anos e minha mãe descobriu que estava grávida, ela chorava o tempo todo, pois não tínhamos mais onde ficar. Meu pai saiu um dia e só voltou ao anoitecer, tinha conseguido trabalho em uma propriedade no interior e partiríamos naquele instante. Foi o pai de Addam, Lorde Anderson era muito generoso, e nos tratava com mais respeito que qualquer pessoa, assim como Lady Margareth, que mimava minha irmã como uma boneca.

Hamish parou por alguns instantes organizando seus pensamentos, era sempre doloroso pensar no pai, mas falar dele, assim tão compulsivamente nunca acontecera, e por mais incrível que fosse, estava sendo bom lembrar.

- Logo ele se mostrou muito eficiente e surgiu a oportunidade de ser o administrador. Ele aproveitou e logo outros Lordes vendo o sucesso das propriedades de Lorde Grayson, o procuraram, e assim ele conseguiu pagar meus estudos, criar muito bem minhas irmãs e ainda garantir um bom futuro para minha mãe.

- Gostaria de tê-lo conhecido, Grace disse se sentando ao seu lado, agora segurando um pincel de barbear.

- Ah ele teria te amado, de verdade. E você a ele.

- Já o amo por ter tornado você quem é.

Ele tentou pega-la novamente, mas ela se esquivou.

-Não, não, preciso fazer isso logo e voltar, antes que alguém nos veja. Então fique quietinho.

Ela se sento ao seu lado e passou a fazer sua tarefa com muito cuidado e atenção. Hamish teve que reprimir a vontade de puxa-la contra si umas mil vezes, fazer a barba nunca fora tão exitante, ou ele estava a muito tempo celibato.

Depois de alguns minutos ela terminou de passar a lâmina afiada e o limpava com uma toalha macia.

- Pronto, ela disse, acabei. Ele passou os dedos pelo rosto e se olhou em um pequeno espelho, constatando que ficara ótimo.

- Está perfeito, obrigado.

Ela sorriu e já ia se afastando quando ele a puxou de volta ao seu colo lhe roubando um beijo apaixonado.

- Acho melhor você não vir mais ao meu quarto Aonach, não sei se me controlarei quando minhas forças retornarem.

- Isso coração, só eu posso decidir, dizendo isso beijou seu nariz e saiu do quarto, deixando um Hamish mais decidido do que nunca a se recuperar.

Uma Promessa e Nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora