Capítulo 29

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Hamish sentia o vento frio batendo em seu rosto, e só por essa amostra temia pelo inverno que se aproximava, por isso estava ali em Dublin comprando mantimentos e terminando de acertar seus negócios para não precisar mais voltar até passar a pior parte do inverno.
Ajeitou a gola de seu casaco no pescoço tentando se proteger, olhou em volta e mesmo sendo bem cedo, as ruas já estavam movimentadas pela feira que acontecia ali. Foi ao armazém principal e comprou sementes, farinha, carne e outras coisas da lista de sua mãe, colocou as caixas na carroça que o aguardava e pediu que já levassem essas coisas na frente, pois terminaria algumas coisas e partiria no dia seguinte. O garoto que guiava os cavalos parecia preocupado e então Hamish perguntou:
- O que foi Roger? Porque estava com essa cara?
- Me desculpe senhor, disse ele remexendo no casaco gasto, quando estava saindo, sua mãe me deu isso pra te entregar, mas estávamos atrelando os cavalos e depois me esqueci, talvez seja importante. E então o garoto lhe deu um envelope, e mesmo antes de pegar sabia que era de Grace.
- Não se preocupe, pode ir, nos vemos em breve.
O garoto acenou com a cabeça aliviado e seguiu em frente.
Hamish segurava o envelope ansioso para ler e responder, diria a ela que assim que o inverno mais rigoroso passasse voltaria, pois tudo estava bem e encaminhado, claro, talvez tivesse que voltar em breve, mas não sem ela, não suportaria. Quando foi abrir o envelope viu uma aglomeração próxima  a uma barraca de frutas. Se aproximou e viu um garoto muito magro e com as roupas mais velhas que seus panos sujos sendo erguido pelo pescoço por um homem que o chacoalhava. De repente, ele jogou o menino no Chão e tirou uma faca de sua cintura, o menino se encolhia de medo e pedia perdão por roubar algumas frutas. Hamish sabia o que aconteceria, por sorte, teria apenas a orelha cortada, mas pela postura do homem, ele poderia cortar um dedo ou a mão do garoto, a muito tempo não via tal castigo, mas sabia que acontecia, e não era de se admirar em uma terra tomada pela fome e pobreza que as pessoas tentassem fazer de tudo para sobreviver. Sem pensar muito, abriu caminho e ficou na frente do menino em postura de proteção. O homem o olhou de cima a baixo e disse:
- Conhece esse pequeno rato senhor?
- Não, ele disse , mas pagarei o que quer que a criança tenha pego.
Ele sorriu sem achar graça realmente.
- Acho que não conhece os costumes por aqui. Se alimentar esse miseráveis, amanhã estarão roubando novamente. Precisam aprender a lição.
- Creio que se os alimentar, deixarão de passar fome,  e então não  precisarão mais roubar.
- Ora, ora, temos um revolucionário aqui. Acho que não sabe com que está falando rapaz.
- Estou falando com um homem covarde, que tenta mostrar seu poder machucando os mais fracos.
O homem fechou a cara e o sorriso que exibia desapareceu.
- Sou um soldado de Vossa majestade, fui enviado aqui para descobrir traidores e corrigir os criminosos, e pelo visto farei os dois hoje.
Hamish não se moveu aguardando o próximo passo do homem que acenou para outros dois atrás dele que se aproximaram para prende-lo. Olhou para o garoto e antes de partir para cima dos soldados sussurrou:
- Corra. O menino nem esperou qualquer reação, fugiu enquanto Hamish desferia vários golpes, e só foi parado, quando o primeiro homem o acertou na nuca com o cabo de sua faca, e então tudo se apagou.

Uma Promessa e Nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora