Capítulo 33

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Hamish chegava em sua casa. Tudo parecia como antes, a casa, a fumaça subindo pela chaminé, o cheiro de comida que se espalhava pelos arredores. Entrou, tirou seu casaco e botas e foi para a cozinha, viu sua mãe de costas tirando algo do forno quente.
- Maire, me ajude aqui filha.
- Não é Maire mãe, sou eu.
Sua mãe se levantou lentamente e ao vê-lo caiu de joelhos chorando. Hamish correu para seu lado a abraçando forte.
- Meu filho, meu filho, você voltou para nós. Ela acariciava seu rosto, passando as mãos pela barba enorme e os cabelos cumpridos. Segurou seu rosto com as mãos geladas de emoção o olhando demoradamente. E então ouviram passos e depois gritos, e mais mãos se juntaram ao abraço, eram suas irmãs que voltavam do campo.
Ficaram abraçados por longos minutos até que se soltaram e as perguntas começaram. Hamish contou tudo, desde o dia que foi preso e o porquê até o dia de sua soltura.
- Mas te procuramos lá em Kilmainham, procuramos em todas as prisões de Dublin, ninguém disse que você estava lá. Disse seu cunhado que estava ao seu lado segurando sua sobrinha no colo já crescida.
Olhou para a irmã mais velha grávida novamente, e para a caçula já uma mulher. Sua mãe apenas ouvia tudo, parecia mais velha que da última vez que a viu, com muitos fios brancos no cabelo e rugas de preocupação no rosto.
- Eu sinto muito por terem passado por isso.
- Ah meu filho, sempre soube que você voltaria para mim. Rezei todos os dias e noites por um milagre. Agora basta você aceita-lo
- É  a segunda vez que ouço isso, disse ele sorrindo.
- Agora meu filho, tome um bom banho, faça a barba que amanhã cortarei seu cabelo.
Após um bom banho, Hamish estava em seu quarto escolhendo outras roupas, algumas não serviam, pois a única coisa que tinham para fazer naquela prisão maldita era morrer ou se exercitar para manter a sanidade.
Então tentou a segunda com muito afinco, o fazendo ficar mais forte. Vestiu qualquer coisa e desceu para o jantar. Todos já estavam reunidos o esperando. Tudo correu animado, todos contando novidades até que Hamish perguntou:
- Vocês tiveram notícias de Londres?
Sua mãe se levantou e pegou alguns envelopes que guardava na cozinha. Estavam molhados e manchados, apenas um estava intacto.
- Elas chegaram enquanto te procurávamos, deixaram na varanda e então um chuva horrível caiu e estragou, apenas essa chegou depois, quando achávamos que você estava morto. Ela lhe entregou o envelope e lhe deu espaço para pensar. Se levantou e foi para o quarto ler, sabia que era de Grace, era algo eletrizante que passava por seu corpo ao pensar nela. Abriu a carta e começou a ler.
                       " Hamish,
Esta será a última carta que lhe escreverei. Tenho meu coração partido ao pensar no quanto você mentiu para mim, no quanto me usou. Mas não se preocupe com suas responsabilidades, logo não saberá mais sobre nós, você não assombrara mais meus pensamentos ou sonhos, nunca mais.
                                         Grace Winton"

Hamish leu as palavras de Grace várias vezes tentando entende-las, mas não conseguiu. Ao imagina-la sofrendo ou o odiando, seu corpo e coração doíam mais que a pior surra que já levou na prisão. Precisava voltar a Inglaterra, e precisava ser agora.

Uma Promessa e Nada maisOnde histórias criam vida. Descubra agora