2008 (14 ANOS ATRÁS)
Na nossa sala de aula tinha 40 alunos e com isso muitas carteiras enfileiradas uma perto da outra, assim sendo deve ter sido muito dolorido no momento em que a Luciana caiu para trás esbarrando em umas carteiras, vi seu rosto se contorcer de dor.
Apesar disso logo ela estava de pé e correndo para cima de mim, pegou-me pela gola do uniforme da escola e bateu com mão aberta na minha cabeça repetidas vezes enquanto eu tentava me afastar a empurrado com uma mão e batendo onde eu conseguia com a outra.
Luciana tem a mão pesada só que a minha é mais, levantei a mão e com ela fechada acertei com tudo o ombro do braço que ela está me batendo.
Ouvia em nossa volta os gritos dos garotos dizendo "briga, briga, briga", uns batiam na mesa e a Jenifer e Anny gritavam para a gente parar.
Só que eu não pararia!
Não enquanto não desse uma boa surra nela.
Luciana recuou um pouco e eu aproveitei para chutar sua perna e depois usei o peso meu corpo para fazer nós caímos no chão já descendo a mão nela,
—EU VOU TE BATER TANTO SUA COBRA! — gritei com raiva.
—PODE BATER RECALCADA QUE EU DEVOLVO TUDO EM DOBRO! — gritou de volta e então conseguiu me acertar um tapa forte no rosto que me fez ficar um pouco tonta, Luciana aproveitou e nos virou comigo ficando por baixo tombando com as costas no chão e logo sendo estapeada por ela.
—PAREM COM ISSO AGORA! EU ESTOU MANDANDO PAREM COM ISSO! — Alguém gritou, mas nós continuamos. — VÃO CHAMAR O GUARDAS AGORA!
—SAI DE CIMA E MIM SUA PUTA! LADRA DE AMIGAS! — Cuspi na Luciana.
—OLHE O PALAVREADO MOCINHAS! — Acho que era a tia do corredor ali.
—EU NÃO TENHO CULPA SE VOCÊ É UMA MIMADA INSUPORTÁVEL QUE SE ALGUÉM NÃO FAZ O QUE VOCÊ QUER TU JÁ DA UM CHILIQUE..
—CALA A BOCA QUE TU NÃO SABE DE NADA!
—NÃO CALO PORQUE VOCÊ TEM QUE OUVIR UMAS VERDADES MIMADINHA DE MERDA, SE A JENIFER NÃO É MAIS SUA AMIGA A CULPA É SÓ SUA QUE AFASTOU ELA PARA LONGE!
— VOCÊ NUNCA GOSTOU DE MIM E POR ISSO FEZ DE TUDO PARA TIRAR A JENIFER DE PERTO!
—VAI A MERDA MARIANA SE VOCÊ ACHA QUE EU VOU PERDER MEU TEMPO PLANEJANDO ALGO PARA ACABAR COM A AMIZADE DE VOCÊS, EU TENHO MAIS O QUE FAZER!
—TU NÃO ME ENGANA LUCIANA, NÃO ME ENGANA. TU É UMA COBRA FALSA!
Enquanto brigávamos/discutíamos nós continuávamos nos estapeando e dando cotoveladas. Luciana conseguiu me prender no chão com suas pernas envolta da minha cintura, no entanto eu não parava de socar ela onde conseguisse.
De repente ela foi arrancada de cima de mim e a tia do corredor mandou ela ficar quieta no braços do segurança.
Meu corpo todo doía e acho que meu lábio estava cortado, entretanto isso não me impediu de levantar e tentar voar cima da luciana tentando bater nela novamente, só que o estraga prazeres do segurança entrou na frente ficando no meio de nós duas.
Continuamos nos xingando ate a diretora chegar na sala e ameaçar nos dá uma suspensão enorme que faria a gente perder a prova do quarto bimestre.
Fomos para a diretoria e lá ficamos esperando nossas mães chegarem. Em resumo eu discuti de novo com a Luciana e nós duas levamos uma advertência porque somos alunas exemplares e isso nunca tinha acontecido antes.
Ao chegar em casa só não apanhei da minha mãe porque já estava toda ferrada, mas fiquei de castigo e não poderia sair para brincar na rua ate segunda ordem. Não contei pra ela que o principal motivo da briga foi a Jenifer senão ficaria proibida de falar com ela, apesar de no momento eu não querer a gente nunca sabe como é o futuro.
O retorno para as aulas foi normal a escola toda já sabia da briga e eu e a Luciana nem nos encarávamos mais. Já a Jenifer não tentou mais falar comigo, bom uma vez ela mandou uma mensagem pela Anny perguntando se poderíamos conversar e eu neguei. Não era a hora ainda, tudo estava muito vivo dentro de mim, e me conhecendo, sei que faria ela escolher entre eu e cobra peçonhenta que ela chama de amiga e isso acabaria com ela.
E dependendo da escolha dela acabaria comigo também.
2009 (13 ANOS ATRÁS)
Depois da primeira semana de aula do 7° ano uma aluna nova estava na sala errada e fui eu que percebi isso, seu nome é Suzana e ela é bem legal, um pouco tímida, mas gosta do High School Musical, descobri isso vendo a capa do caderno dela que é do Troy Bolton. Conversamos muito sobre o filme e no fim do intervalo ela veio para sala certa.
Jenifer e eu não nos falamos ate o 2° bimestre que foi quando ela caiu e torceu o pé e ficou três semanas sem vir para a aula. Como eu não queria saber nada sobre a Jenifer, Anny não me contou o que aconteceu com ela e só quando ela faltou no terceiro dia e eu já estava muito preocupada que perguntei, quando soube no mesmo momento quis ir na sua casa.
No fim da aula eu fui e quando a vi na cama com o gesso na perna, meu coração apertou e uma enorme onda de saudades veio a tona que não consegui segurar e então subi na cama e a abracei.
—Nossa, Uau! Mariane não pensei que viria aqui. — Jenifer disse surpresa.
—É obvio que eu viria, Jenifer..— agora eu olhava para seu rosto amigável e também muito... lindo.
Percebi agora, e fiquei surpresa, porque sempre notei seu sorriso, sou filha de dentista. Mas como Jenifer é linda eu ainda não havia percebido.
—Sim? — ela questiona me trazendo de volta para a realidade.
Balanço a cabeça para tentar focar meus pensamentos e então falo o que estava me agoniando já.
—Me desculpa! — peço sincera. — por favor me desculpa?
—É serio isso? — ela questiona.
—Claro que sim! Eu fui uma boba ciumenta e sei que não mereço ser desculpada, mas prometo melhorar nisso. Você me desculpa?
—Claro que sim Mariane! Eu te amo minha amiga. — logo estávamos abraçadas de novo e como eu senti falta disso.
Depois das trés semanas a Jenifer tirou o gesso e voltou para a escola. Eu ia na sua casa todo dia repassar a matéria e ensinar o conteúdo novo, conversava com os professores e eles me ajudavam a entender tudo e depois passar pra ela. Assim ela não seria prejudicada e sem conteúdo acumulado.
Com tempo nossa amizade voltou ao que era antes só que agora mais forte, e eu me segurava mais no ciúmes dela com a Luciana e agora com a Suzana também. Jenifer é muito brincalhona e assim muitas pessoas acabam se aproximando dela. É uma ótima pessoa para se ter como amiga também.
Mais próximas agora eu vi como a Jenifer estava evitando falar de seus pais e quando eu ia na sua casa, ela não me deixava sair do seu quarto, quando seu pai chegava era sempre uma gritaria na casa, seus pais estavam brigando sempre e bem alto.
Com isso toda vez que podia a Jenifer ia para a minha casa e dormia. Em uma noite dessas eu acordei com seu choro e conversando com ela para saber o que estava acontecendo. Jenifer me confessou que o motivo de seus pais estarem brigando tanto era por sua causa.
Pelo meu conhecimento vasto com os namorados da minha mãe eu disse parar de pensar isso e que casais brigam mesmo e que não era culpa dela, ai ela discordou e disse que era dela sim e me pediu segredo para o que ela contaria, me fez jurar de dedinho e tudo.
Então Jenifer confessou que gostava de garotas e garotos, e que na última festa em família tinha sido flagrada beijando sua prima pelos seus pais e a tia, mãe da prima. E então levou uma surra e seu pai a jogou com tanta força no chão que caiu e torceu o tornozelo e seu pai só levou ela no hospital porque sua mãe ameaçou ligar para a polícia porque se não o pai não teria levado.
Quando ela terminou de falar eu engoli em seco, não sabia o que falar ou sentir. As coisas estavam explodindo na minha mente.
—Mariane? — me chamou baixinho.
—Estou pensando, um momento. — pedi.
"Gosto de garotas e garotos, Gosto de garotas e garotos, Gosto de garotas e garotos, Gosto de garotas e garotos"
Essa frase ecoava na minha mente e eu não sabia o que fazer. Então olhei pra ela em busca de alguma ajuda e quando vi seus rosto na escuridão do quarto iluminado apenas por abajur em cima da comada que fica de frente para a cama, me veio uma curiosidade.
—Como é? — Perguntei e olhei para sua boca.
—O que? — Questionou confusa.
—Beijar... — Respondi num sussurro.
Já tinha notado como seu sorriso é bonito e seus dentes bem alinhados são uns dos grandes responsáveis por isso, só que reparando agora os lábios dela ajudam muito também.
—É legal, bom eu gosto, principalmente com garotas, elas são mais legais de abraçar e parecem mais doces.
—Você já beijou outras pessoas? — Jenifer é uma caixinha de surpresas e eu não sabia.
—Algumas, umas 3 meninas incluindo minha prima e uns dois garotos, mas com eles não foi tão bom.
—Porque?
—Um queria passar a mão no meu peito e tu sabe que eu não gosto e o outro tirou o pinto dele pra fora e perguntou se eu queria tocar, garoto nojento. — terminou de alar fazendo uma careta.
Eu nunca tinha beijado e pelo fato de ser gordinha e o cabelo feio os garotos não ligavam muito para mim.
Será que a Jenifer me acha bonita?
—Você me acha bonita?
—Claro que sim, porque?
—Bonita para beijar? — Sussurrei.
—Sim...mas...— Ela não terminou
—Mas? — Insiste que ela continuasse.
—Você quer isso?
—É que eu nunca fiz antes, seria só por curiosidade.
—Promete que as coisas não vão ficar estranhas depois?
—Prometo sim. — Levantei o dedinho e ela apertou com o dela.
Ficamos um tempo com nossos dedos cruzados olhando uma a outra, eu estava nervosa então Jenifer tomou a atitude e foi chegando mais perto porque eu não conseguia me mexer, ela parou bem perto do meu rosto e eu acenei que sim.
E ai eu fui beijada pela primeira vez.
E foi pela minha melhor amiga.
E eu gostei muito.
Ao ponto de passarmos quase a noite toda nos beijando.
Eu ainda não sabia como era beijar garotos, mas beijar a Jenifer é muito bom.
Daquele dia em diante sempre que ela vinha para casa nós nos beijávamos depois de todos irem dormir. Quando íamos na casa dela a gente não fazia por medo do pai dela pegar a gente.
Não estávamos namorando e eu nem sei se gosto de garotas. Tentei sentir vontade de beijar outras meninas, mas não tinha vontade nenhuma, pelo contrário, parecia nojento.
No entanto, toda vez que olhava para a minha melhor amiga, implorava mentalmente para que o tempo passasse mais rápido e fossemos para o meu quarto a noite.
Comecei a perceber que por mais que a Jenifer tivesse amigas mulheres ela interagia muito com os meninos e jogava bola com eles sempre. Reparei também que é muito boa e que os meninos disputavam para tê-la no time.
Eu ja tinha notado que ela não gostava muito do seu corpo e usava roupas mais largas, e agora me perguntava se isso era para parecer mais com um menino e se enturmar melhor entre eles.
Mais de um mês depois do meu primeiro beijo mamãe começou a frequentar uma igreja evangélica e me levar junto. Mamãe era católica, mas estava gostando. Comecei a fazer a escolinha para aprender mais sobre a bíblia e um dia a professora brigou com uma garota que se recusava a sentar como uma mocinha e era muito "moleca", ela disse para a menina que Deus tinha feito as mulheres doces e delicadas para agradar os homens e serem o oposto deles, que são duros e fortes, e que com ela sendo daquele jeito Deus não se agradaria dela e ela iria para o inferno. Perguntou se ela queria isso e a menina disse que não, a mulher falou também que mulheres que se comportavam e vestiam como meninos acabavam beijando meninas quando eram mais velhas e que Deus não aceitava isso. Por isso o retorno de Jesus estava próximo para acabar com essa pouca-vergonha que o mundo estava virando.
Depois dessa aula eu fui pensativa para casa e quando cheguei me ajoelhei no chão perto da minha cama e pedi perdão em oração pra Deus e disse que não sabia que era errado e que não faria mais.
Naquela noite eu dormir chorando e com uma dor no coração, pensando em como conversaria com a Jenifer.
Não foi fácil.
Expliquei pra ela o que fiquei sabendo, mas ela não aceitou e disse que eu estava parecendo o pai dela. Quando contei que não poderíamos mais nos beijar ela me bombardeou com a notícia de que gostava de mim como namorada e namorado e que ia me pedir em namoro naquela semana, com anel e tudo.
Eu disse que nunca aceitaria por que não gostava dela da mesma forma e que eramos amigas e só isso.
Estávamos na escola no horário de educação física e Jenifer tinha deixado de jogar porque eu disse que precisava falar algo importante com ela. A garota ficou com raiva e disse que se fosse para falar essa merda era só não olhar mais na cara dela. Melhor do que ouvir o que eu disse. Tentei dizer que ainda eramos amigas e que tínhamos uma promessa de não comprometer nossa amizade, eu já estava desesperada de não ter mais ela de novo, eu a amava muito, porém como amiga.
Jenifer deu uma risada que me assustou e disse que eu saberia quebrar essa promessa da mesma forma como tinha quebrado o coração dela e antes de ir embora de costas para mim ela disse para eu nunca mais dirigir a palavra a ela, porque pra ela eu morri naquele momento.
Depois disso eu acompanhei com a visão embargada ela sair da quadra correndo.
Escorreguei ate o chão chorando e com uma enorme dor no peito, triste e inconformada que ela não conseguiu entender como o que estávamos fazendo é errado.
Jenifer realmente não olhava mais nem na minha cara e as meninas perguntavam o motivo da briga pra ela e ela dizia para perguntar para mim. Eu disse que era um desentendimento que só cabia a nós duas o porque. As meninas não gostavam muito da resposta, mas com o passar do tempo viram que não teriam nada além disso e se conformaram.
No segundo semestre do ano eu peguei uma doença tão forte por causa de gato que eu emagreci muito e com isso eu comecei a me cuidar mais. Sempre fiz muita dieta e não dava os resultados que eu queria.
Comecei a cuidar do meu cabelo e aprender sobre maquiagem, beleza e ser uma verdadeira menina.
Quando voltei para a escola todos ficaram abismados com minha nova aparência. Todos menos a Jenifer, que não esboçou reação nenhuma. Para mim sua cara era sempre de gelo.
E isso se seguiu pelos próximos dois anos.
2012 (10 ANOS ATRÁS)
Já tínhamos começado o primeiro ano do ensino médio e estávamos estudando agora em outra escola, a grande maioria da turma veio para o turno matutino, inclusive a Jenifer.
Não nos falamos mais desde o dia da quadra.
Eu ja tinha ficado com outros Garotos e pelo que eu saiba ela tinha ficado com umas meninas de outras escolas.
Tentei não me incomodar com isso, porém confesso que as vezes imagino como seria se tivéssemos ficado juntas.
No mês de abril poucos dias depois do dia do aniversario da Jenifer, ela apareceu de moletom cinza na escola e com óculos de sol gigante no seu rosto. O professo de geografia disse que ela não poderia continuar assim na aula e mandou ela abaixar o capuz e tirar o óculos.
A sala toda deu um suspiro de surpresa, inclusive eu, quando percebemos que ela estava careca e com olho direito roxo e do lado esquerdo da boca ainda bem vermelho. Eu notei também que o rosto da Jenifer estava mais ossudo e com orelhas fundas.
O professor disse que se ela quisesse poderia ir ate a diretoria conversar, mas a Jenifer disse que a outra pessoa estava pior.
Todos riram.
Menos eu.
E pela primeira vez em anos a Jenifer olhou para mim. Nós nos encaramos por um bom tempo ate eu desviar o olhar e começar prestar atenção no professor. Mas senti seus olhos em mim nos trés primeiros tempos ate o intervalo.
Quando a campainha tocou anunciando o intervalo de 20 minutos, eu fui atrás ela e a segui ate chegarmos na parte de trás da escola onde não tinha câmeras e povo vinha aqui pra pular o muro e fumar.
Jenifer sentou no chão e começou a olhar para o muro, ela me ouviu chegando porem não me olhou.
—O que você quer Mariana? — perguntou contida e nossa! Sua voz parecia mais grossa.
—Só fiquei preocupada com você e... — ela me interrompeu.
—Pois não fiquei, eu estou ótima.
—Não é isso que parece. — zombei tentando quebrar um pouco o clima tenso que estava no local. É a primeira vez que nos falamos em mais de 2 anos.
—To nem ai, minha vida não interessa para ninguém — ela olhou para mim no fundo dos meus olhos — e principalmente para você.
Eu dei um passo para trás tamanho era a intensidade no seu olhar e a tristeza ai era bem presente.
—Olha eu fiquei preocupada porque ... porque... — eu não sabia o porque, eu só sabia que eu queria abraçar ela e protegê-la de todo mal.
Jenifer rapidamente levantou do chão e veio na minha direção sem tirar os olhos de mim, só percebi que andava para trás quando senti a parede nas minhas costas.
Ela parou bem próxima a mim, por pouco não me prensa no muro.
Caramba como ela é mais alta que eu. Não me recordava disso.
Isso fez com que eu levantasse a cabeça para olhar seu rosto melhor e ..porra... ela estava toda machucada, apesar disso a filha da mãe continuava linda.
Jenifer colocou uma mecha do meu cacho bem definido atrás da minha orelha seguiu ele ate o final, depois subiu com as pontas do dedos pelo meu pescoço, fazendo minha pele se arrepiar e certas regiões começarem a ficar agitadas, e parou na minha boca passando o dedão pelo contorno do meus finos lábios.
—Posso? — Perguntou em um sopro.
Eu nem sabia o que estava permitindo quando acenei positivamente. Só vi a Jenifer se aproximar e logo seus lábios estavam sobre os meus. Sua mão livre me puxou pela cintura pra ela e depois nos prensou na parede enquanto dávamos o melhor beijo da minha vida ate hoje.
Paramos de nos beijar quando acabou o ar, ai respiramos rapidamente e logo voltamos para o beijo. Nos separamos quando a campainha anunciou o do final do intervalo.
—Precisava disso uma última vez. — falou e deixou outro selinho rápido. — Hora de voltar para seu Deus Mariane.
—Como assim última vez? — eu estava toda confusa sobre o que ela estava falando.
Jenifer se afastou e pegou sua mochila do chão que eu nem vi cair me deu um sorriso que eu tanto admirava, se afastou voltou para a direção do muro, a vi correr e pegar impulso, subir no muro e quando já estava com uma perna para o lado de dentro e a outra de fora ela beijou o ar e piscou para mim, logo depois disso sumiu.
A segunda campainha tocou e eu corri de volta para a sala.
Passei a noite acordada pensando no nosso beijo e como ela disse que era última vez. Eu não tinha o número de celular dela e nem tinha como pedir para alguém. Decidi que na manhã seguinte bem cedo passaria na casa dela e teria uma conversa seria.
No dia seguinte acordei animada e ate cantei e dancei com a minha vó. Minha mãe se surpreendeu porque ela sabe que não gosto de acordar cedo.
O sorriso que eu ostentei o caminho todo no rosto saiu no momento em que cheguei na frende da casa de Jenifer e vi uma placa de vende-se ali.
Comecei a bater no portão com rapidez e a chamar pela Jenifer, pela mãe dela, pelo seu pai, ate mesmo pelos cachorros, mas não havia barulho nenhum.
Nada.
Uma vizinha saiu do lado de fora, acordada pelos sons das minhas batidas escandalosas no portão de alumino, pedi desculpas, mas logo perguntei por informações sobre os moradores daquela casa e ela me disse que a mãe e a filha tinham saído ontem de mala e cuia com os cachorros e disseram que voltariam para o Estados Unidos.
Eu agradeci e fui embora no meio do caminho com a ficha caindo de que a Jenifer tinha ido embora não consegui mais segurar o choro e então chorei na rua de volta para a minha casa.
Quando cheguei minha mãe já tinha saído com a minha vó para o médico que tinham hoje, aproveitei para trancar a porta e ir tomar outro banho.
No chuveiro olhando para os azulejos através da visão embaçada, lembrei da vez que briguei com a Jenifer anos atrás e do meu desespero em imaginar minha vida sem a amizade dela.
Irônico.
Hoje meu desespero é em imaginar minha vida sem o amor dela.
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NOSSA VEZ (COMPLETO)
RomansaMariane tem uma semana de ferias para ir no casamento da sua melhor amiga, é a hora dela descansar e matar as saudades de seus amigos e mãe. Mas por não ter confirmado presença a tempo tera que dividir quarto com um homem interessante que tem até pê...