Curando as feridas

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They tried to make me go to rehab
I said, "no, no, no"
Yes, I been black
But when I come back, you'll know, know, know

(Amy Winehouse: Rehab – Back to Black, 2006)

No dia seguinte, Bulma acordou mais cedo que o habitual, mas quando chegou à cozinha pensou em Vegeta e em vez de preparar seu café da manhã foi ver se ele estava bem. Quando chegou à porta do quarto, achou que talvez não fosse educado entrar sem bater e bateu de leve. Imaginou que ele perguntaria quem era, mas na verdade ele mesmo abriu a porta e a encarou em silêncio. Percebeu que ele viera mancando da cama até ali e disse:

– Não precisava levantar. Eu vim perguntar se você queria comer alguma coisa.

– Seria bom – ele disse – estou faminto... acordei no meio da madrugada e não consegui mais dormir.

Ela riu e disse:

– Deite-se um pouco. Vou trazer seu café.

Sem muito ânimo para responder, ele voltou mancando até a cama, onde sentou-se. Não queria se deitar. Na verdade, queria voltar ao treino imediatamente, por mais que o corpo protestasse. Cada dia perdido o deixava mais distante do seu objetivo.

Quando ela voltou, trouxe uma bandeja com um pão inteiro, muitos ovos, manteiga, leite e até mesmo biscoitos. Depositou tudo na mesa ao lado da cama, onde ela mesma adormecera dois dias antes. Ele levantou-se com alguma dificuldade, mas não aceitou a ajuda dela. Desabou na cadeira sem esconder a irritação e ela disse:

– Se ficar brigando com seu corpo você não vai se recuperar tão cedo.

Ele a olhou de lado, desconfiado, e perguntou:

– Quanto tempo fiquei desacordado?

– Desde sábado. Hoje é segunda.

Ele resmungou um palavrão. Ela riu e ele perguntou:

– Por que não tem café?

– Você vai se recuperar melhor se tomar leite.

Ele torceu o nariz mas começou a comer com o mesmo apetite que ela já conhecia. Ela sentou-se na beira da cama, bem próxima da cadeira onde ele sentara. De repente ele a olhou e disse:

– Não vai comer?

– Não estou com fome.

Ele acabou de mastigar um pedaço de pão e perguntou:

– O que aconteceu?

Ela hesitou. Não queria trocar confidências com ele. Na verdade, não queria falar sobre nada que se referisse à noite anterior, mas acabou dizendo:

– Eu terminei com Yamcha. Ele me traiu.

Ele não disse nada. Ergueu uma sobrancelha, meneou a cabeça de um jeito estranho e tornou a comer.

– Você não vai perguntar mais nada?

– Não, – ele disse objetivamente – queria saber por que você parecia estranha, você já me disse o porquê. Não vou te incomodar perguntando por que você dispensou seu parceiro de sexo recreativo.

– Parceiro de quê? – ela perguntou, indignada.

Ele pareceu perplexo, como se ela não soubesse algo óbvio.

– Não era isso que vocês faziam todas as noites em que ele passava aqui? Eu podia escutar.

– Não era algo vulgar como você faz parecer! Eu e Yamcha tínhamos um relacionamento.

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