A noite da tormenta

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If I could hold this moment in my hands

Tonight I know I could not let it go

Thats why I keep on searching 'till I find

Just might destroy myself

But never mind

I'll be in heaven tonight

Be in heaven tonight

Be in heaven tonight

(Waysted: Heaven Tonight – The Good, The Bad, The Waysted 1985)

E, entre aproximações e tensões, eles conseguiram segurar seus desejos por um ano. Um longo e ansioso ano onde, de certa forma, alguma coisa parecia estar simplesmente errada para ambos, o que fez que se evitassem mais e mais. Nesse meio tempo, Bulma soube que Yamcha não voltara de sua viagem de treino, conseguira um contrato com outro time, longe da cidade do Leste, e que Goku finalmente tirara sua carteira de motorista – sem saber porque isso era tão importante para Chichi.

Por sua vez, Vegeta seguia cada vez mais calado, cada vez menos aberto à interação, a frustração se acumulando como um grande rio represado, tornando-se uma bomba relógio prestes a explodir. Sua obsessão por se tornar um super sayajin o atormentava dia e noite, e ele treinava mais de doze horas por dia, agora na câmara de gravidade interna, o que fazia com que ele e Bulma se encontrassem cada vez menos, mesmo vivendo na mesma casa. Apenas pela manhã se viam, e não era raro sequer trocarem duas palavras.

O que não significava, porém, que não pensassem um no outro.

Como faziam todos os anos, os pais de Bulma saíram em uma viagem de dois meses para visitar um santuário de animais em outro país, deixando os dois sozinhos na casa. Bulma não sabia mais se gostava da ideia de estar só com Vegeta, mas havia relevado por tanto tempo aquela atração que já não mais importava estar perto ou longe dele.

Foi então que a temporada de tempestades começou na Cidade do Leste, que era moderna e desenvolvida, mas sempre enfrentava problemas quando as chuvas do fim do verão chegavam, com seus raios, trovões e ventos que quase se equiparavam a furacões. Bulma odiava as tempestades: às vezes, a energia acabava cortada pela violência dos ventos por horas e ela precisava se refugiar, assustada, num canto da sala, ouvindo o vento que rugia e a chuva, às vezes de granizo, batia implacável nas janelas, das quais ela se mantinha prudentemente afastada. Passar a temporada de tempestades sozinha com Vegeta não era algo que ela quisesse, pelo menos não da forma como se relacionavam naquele momento.

E chegou, num fim de tarde, um alerta da cidade que era para um furacão de proporções assustadoras, como não acontecia há mais de dez anos. Bulma, sabendo que naquelas condições a câmara de gravidade não era segura porque a energia podia ser cortada a qualquer minuto, acionou o comunicador para chamar Vegeta, mas descobriu, para seu espanto, que ele não estava por lá. Procurou-o por toda a casa e na área externa, e viu que ele havia desaparecido. Como a nave estava no mesmo lugar de sempre, ela sabia que ele não podia simplesmente ter partido... olhou para o horizonte e viu as nuvens ameaçadoras que vinham na direção da cidade e, de alguma forma, soube onde ele estaria.

Trancou a casa, refugiou-se na sala de estar, apavorada, com medo pela chuva e do que poderia acontecer com ele, enlouquecido por sua obsessão por treino ao ponto de desafiar um furacão. Quando os ventos se intensificaram e os trovões anunciaram o começo da tempestade ela sentou-se no cantinho da sala e, em posição fetal, sentindo-se assustada e só. Logo depois, a energia caiu e tudo ficou escuro, exceto pelos raios que às vezes iluminavam a sala, seguidos logo depois por ensurdecedores trovões.

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