O mais amargo vazio

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This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend, the end
Of our elaborate plans, the end
Of everything that stands, the end
No safety or surprise, the end
I'll never look into your eyes, again

Can you picture what will be, so limitless and free
Desperately in need, of some, stranger's hand
In a, desperate land

(The Doors: The End. – The Doors, 1967)

Nota: Este capítulo, obviamente, se passa após os jogos de Cell, o que significa um grande salto na historia. Assistir a saga de Cell ajuda a compreender esse capítulo melhor.

"Nunca mais irei lutar"

A frase ecoava dentro dele e parecia soar no vazio do seu espírito. Os ombros de Vegeta estavam caídos, seus olhos contemplavam o nada. Os outros haviam partido, levando o corpo do seu filho, inerte e morto, para o templo de Kami-Sama e ele havia ficado para trás. Propositalmente para trás. Não queria estar junto daqueles vermes. Nem do filho de Kakaroto... e, principalmente, não queria encarar seu filho quando ele voltasse dos mortos se ele não conseguira fazer absolutamente nada para evitar seu assassinato por Cell.

Olhou e viu ao longe aqueles humanos patéticos que haviam aparecido acreditando que seriam páreo para o monstro, o tal Mr. Satan e seu séquito de idiotas. Em outros tempos, ele os mataria apenas para aliviar a frustração, mas agora ele sabia que esse era o tipo de coisa que aumentava o vazio em seu peito em vez de preenchê-lo. Precisava fugir dali, apenas fugir. Olhou para o céu e partiu, sem saber exatamente para onde.

Pela primeira vez desde que voltara a Terra, não tinha um objetivo, não tinha motivo algum para ficar mais forte ou desejar lutar, e isso o consumia. Era como se todas as derrotas seguidas que havia sofrido agora o esmagassem: a derrota na Terra, a morte pelas mãos de Freeza, a dificuldade imensa para se tornar super sayajin, a humilhação nas mãos da Androide 18, a sua falha em escapar do jogo tolo de Cell e, finalmente, a batalha final contra Cell que acabara com seu filho morto. Era insuportável ficar ali.

Voou na direção do horizonte, onde o sol ia morrendo, deixando o céu rosado e as montanhas brilhando com uma aura alaranjada. Às vezes a beleza da Terra quase o ofendia. Ele pousou no cume de uma montanha, e para todos os lados que olhasse, só havia mais e mais montanhas. Ficou ali, com a mente vazia e de repente, pensou em Kakarotto.

A morte do rival o lançara nesse vazio. Nada mais havia a ser provado, afinal. Ele poderia afirmar que era um soldado de classe superior, que era o mais forte. Mas no fundo sabia que morreria com essa triste derrota a humilhar seu espírito: não conseguira provar que ele era o mais forte, logo ele, o príncipe dos Sayajins. Respirou fundo e, de repente, explodiu:

– KAKAROTTO! – ele gritou, furioso, tornando-se super sayajin. Energia emanava do seu corpo, suficiente para destruir o pico, provocando avalanches pelas quatro faces da montanha. Não era o suficiente para aplacar a sua frustração nem sua raiva. Mas antes que ele destruísse qualquer outra coisa, ouviu seu nome:

– Vegeta...? – a voz de Kakarotto, nítida e forte, como se ele estivesse diante do rival. Como ele não respondeu a voz repetiu: – Vegeta... sei que você está me ouvindo.

Ele arregalou os olhos, espantado e voltou a sua forma original, pousando no platô que se tornara o pico da montanha após sua explosão de raiva. Hesitante, respondeu:

– Kakarotto? É você?

Uma risada antecedeu a resposta:

– Sou eu mesmo, Vegeta. Estou falando contigo através do senhor Kaioh.

– Por quê? Não sou um dos seus amigos ou seu filho. Eles que gostariam de falar contigo.

– Já falei com eles. E você não estava lá, então, te procurei, porque precisava falar com você também.

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