Afinal, o que importa?

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I'm gonna take a little time, a little time to look around me
I've got nowhere left to hide, it looks like love has finally found me

In my life there's been heartache and pain
I don't know if I can face it again
Can't stop now, I've traveled so far, to change this lonely life

I want to know what love is, I want you to show me
I want to feel what love is, I know you can show me

(Foreigner: I wanna know what love is – Agent Provocateur, 1994)

– Eu posso entrar? – ele perguntou, calmamente.

Ela o observou por um longo instante. Da cabeça aos pés ele estava coberto de poeira e tinha arranhões e equimoses visíveis no rosto e nos lugares onde a roupa dele se rasgara. Ele tirara as luvas e boa parte de sua armadura estava quebrada. Sem saber porquê, ela perguntou:

– Quer tomar um banho?

– Não antes de falar com você.

– Entre.

Ele andou até ela e parou, braços cruzados, mudo, esperando que ela se levantasse de sua cadeira. Ela ficou de pé, para encará-lo e ele ainda hesitou por um bom tempo antes de conseguir dizer qualquer coisa.

– O que você quer me dizer, Vegeta?

"Céus", ele pensou "... como é difícil."

– Eu senti o ki de Trunks aqui... ele já voltou, certo?

– Sim. Eu o pus para descansar, acho que tudo que aconteceu hoje o esgotou emocionalmente, na verdade. E ele está magoado com você.

Ele baixou os olhos e disse:

– Eu não pude encará-lo... a morte dele foi minha responsabilidade.

– Ora, não faça drama, Vegeta – ela se surpreendeu com a impaciência do próprio tom – pelo menos as esferas puderam ressuscitá-lo. Se você tivesse morrido seria algo irremediável... assim como a morte de Goku é.

Ela não estava facilitando nada as coisas para ele.

– Então você já sabe que...

– Sim. Pobre Chichi. Imagino como vai ser duro para ela daqui em diante.

Ele percebeu a oportunidade e perguntou:

– E se tivesse sido eu?

Ela olhou para ele. Desde que a haviam começado a conversar ele evitava olhar para ela, passava a maior parte do tempo olhando para baixo ou para o lado. Percebendo a demora na sua resposta, ele arriscou uma olhada para ela, que então disse:

– Como você imagina que eu ficaria, Vegeta?

Ele tornou a baixar os olhos. Então disse:

– Eu creio... tenho motivos para crer... que você sentiria minha falta...

– Sim, lógico. Talvez mais que isso. Talvez eu ficasse devastada, como fiquei, hoje mais cedo quando o imbecil da televisão anunciou o Mr. Satan como único vencedor do combate... e sobrevivente.

Em outros tempos, ele ficaria indignado e iria atrás do tal Satan para mata-lo pela insolência de tomar os méritos da vitória para si, mas, em vez disso, disse:

– Talvez seja melhor que os demais humanos não saibam da extensão dos poderes dos sayajins, e talvez isso seja melhor para Gohan, que é bem jovem... deixe esse idiota ter seus minutos de fama. Isso não é importante. A Terra estar salva é o que importa.

Ela o olhou espantada e então disse:

– O que aconteceu contigo?

Era o momento que ele mais temia. Mas agora, não havia mais como parar sua confissão:

O que importa?Onde histórias criam vida. Descubra agora