Quem sabe um dia?

CAPÍTULO 8

CAPÍTULO 8:

No dia seguinte acordei às 7h como sempre, eu odiava acordar cedo, tomei banho e olhei meu guarda roupa pensando que eu estivesse realmente grávida nada mais me serviria. Desci as escadas, brinquei por uns 10 minutos com Bob, troquei comida e água dele, tomei café, me despedi dele e fui até a garagem. Conferi as mensagens do meu WhatsApp querendo ver uma mensagem do Nicholas. Mas não tinha. Entrei no carro e dirigi no som de "The greatest love of all" da Whitney Houston. Era uma música que sempre me lembrou Nicholas.
Cheguei no colégio, Shirley logo veio me procurar perguntando se já tinha feito o teste.

— Não, na hora eu não consegui fazer. Vou fazer agora, vamos.

Nós fomos até o banheiro, peguei o teste na minha bolsa e fiz. Ficamos alguns minutos observando, pois precisava esperar um tempo. Foram os minutos mais demorados da minha vida, parecia que eu ia explodir por dentro. Eu sempre tive o sonho de ser mãe, de ter um filho com o Nicholas, mas não queria descobrir naquela situação, e estando separada dele. Nossos planos sempre foram casar, viajar o mundo e depois de uns 2 anos, ter um filho. Lembrei de alguns momentos com Nicholas em que falávamos de ter um bebê, momentos em que decidimos os nomes dos nossos filhos juntos, sempre tivemos vontade de ter um casal, então há algum tempo atrás, na varanda da casa dele, deitados numa rede, nós decidimos:

— Você escolhe o nome do menino, e eu da menina — disse Nicholas.

— Geralmente é o contrário — respondi enquanto estava abraçando ele.

— Eu gosto de diferenciar — disse sorrindo.

O sorriso dele era o mais lindo que eu já tinha visto em toda minha vida. Eu nunca tinha amado antes, já tive namoros quando era mais nova, mas não foi amor, foi atração, paixão, mas não foi amor. Eu tinha certeza absoluta que Nicholas era o amor da minha vida, e que morreríamos juntos.

— Tudo bem, então. Richard.

— Liza — sorrimos.

E foi assim que decidimos os nomes dos nossos filhos, eu queria que ele estivesse comigo nesse momento, fazendo esse teste de gravidez, eu queria que ele soubesse da notícia de uma maneira bonita, uma surpresa. Mas na maioria das vezes, as coisas não saem como planejamos. Em um mês atrás eu não me imaginava solteira, no banheiro do colégio esperando o resultado de um teste de gravidez com a Shirley, minha amiga falsa.
Conheci Shirley assim que entrei no Instituto Aprendiz, nunca tive uma melhor amiga, ela era minha única amiga, então como poderia ser a melhor? Não tinha outras para mim dizer quem era a melhor. Ela sempre esteve do meu lado em todos momentos e me apoiou, foi uma surpresa decepcionante o que ela tinha feito comigo, contar para o Nicholas... Esse não era o perfil dela, ainda mais por ciúmes do Tomás, que segundo ela, agora não sente mais atração nenhuma.
Eu continuava olhando fixamente para aquela fita que mostrava apenas uma listra e então... Duas listras, positivo, eu estava grávida. Nós continuamos encarando a fita sem saber o que dizer ou fazer, eu nem sabia o que eu estava sentindo, mas se fosse pra tentar descrever, acho que a palavra certa seria: desespero.
O que eu faria? Como contaria ao Nicholas? Eu não queria que ele voltasse comigo pelo bebê, e sim por me amar o suficiente para me perdoar, várias coisas vieram na minha cabeça naquele momento, eu também sentia medo, Shirley olhou para mim, ela percebeu o quão tensa eu estava, ela me abraçou e então eu desabei, eu chorei mesmo. Não só pela gravidez, mas por tudo que vinha acontecendo e eu estava tentando ser forte, naquele momento não consegui. Eu desabei.