Quem sabe um dia?

CAPÍTULO 11

CAPÍTULO 11:

Tudo doía. Tudo estava tão... Cinza. Onde eu estava? Meu bebê estava bem? Cadê a Shirley? Eu não consiguia me mexer, olho para trás e vejo sangue. De onde vem tanto sangue?

**** Um dia antes ****

— Tomás, eu agradeço, de verdade, mas eu não me sentiria a vontade.

— Eu vou te respeitar.

Tomás me levou em casa, entrou e brincou por alguns minutos com Bob, quando fui levá-lo no portão, ele me abraçou muito forte.

— Eu sou apaixonado por você, Emma — disse enquanto me abraçava.

Naquele momento eu sentia uma vontade imensa de beijá-lo. Não sei como me controlei, mas pedi pra que ele fosse embora, antes que eu caísse na tentação. Eu ainda não me sentia preparada pra ficar com ninguém depois do término com o Nicholas, não ainda. Tomás era atraente, era lindo, era gentil e gostava de mim, ele era tudo de bom, porém eu não conseguia naquele momento, quem sabe um dia?
Eu nunca contei pra ninguém, mas quando meu pai morreu, minha mãe teve depressão e foi o período mais complicado da minha vida. Ele morreu! O esposo dela, ela teve motivo para ficar sofrendo, o meu motivo era mínimo perto de tudo o que ela passou. Ela ficou anos em tratamento, minha mãe não saía de casa, ela emagrecia por conta de comer mal, porém engordava por conta da medicação então o peso dela nunca era estável, foi uma coisa que a deixou com baixa auto estima. Não faz muito tempo que minha mãe melhorou, então eu só queria ela por perto, morria de medo dela ter uma recaída, mas dá última vez que converso ela disse que estava conhecendo uma pessoa e então eu fiquei mais tranquila, minha mãe merecia ser feliz.
Passei o resto dia cuidando do Bob e brincando com ele, ele alegrou meus dias e tirou a minha solidão, eu era grata ao Tomás por isso. Foi o melhor presente que eu já recebi.
No dia seguinte acordei e estava me sentindo mal, tava com um pressentimento ruim, a última vez que eu senti isso foi quando ainda era uma adolescente, foi na morte do meu pai. Fiz minhas lindas como de costume, tomei banho, e fui escolher minha roupa. Ainda não tinha barriga então conseguia usar todas minhas roupas, como ia fazer ultrassom queria uma roupa confortável, estava muito calor em SP, 30° graus. Escolhi uma regatinha bem soltinha e um shorts de moletom preto, coloquei meu tênis vans vermelho, porque era muito confortável e eu amava ele.
Desci as escadas, brinquei com Bob, ele era um cachorro muito brincalhão, quase não me deixou ir tomar café.
Quando cheguei no colégio, Nicholas foi até minha sala para falar comigo:

— É hoje, né?

— Bom dia pra você também. Sim, é hoje.

— Eu não vou conseguir te acompanhar Emma, tenho um compromisso muito importante mas se possível, grava pra mim poder ver e me conta tudo.

— Eu não esperava que você fosse por isso chamei a Shirley para ir comigo. Mas compromisso mais importante do que a primeira ultrassom do seu filho?

— Eu vou dar uma aula particular.

Nicholas só dava aulas particulares para suas namoradas, antes de trabalhar no Instituto Aprendiz, nós nunca precisamos ir atrás de outra renda, pois ganhavámos muito bem naquele colégio. Ele dava aulas particulares por prazer, por gostar de estar perto das namoradas e querer ajudar.

— Você tá namorando?

— Eu não te devo mais satisfações, Emma, mas não estou não.

— Se você acha mais importante ver a sua peguete, vai em frente — disse quase chorando.

Nicholas saiu da minha sala e foi ali que eu percebi que não teria mais volta, ele estava seguindo sua vida, ele estava com outra, e eu também precisava seguir em frente. Fui até o segundo andar, fui até a sala de Tomás e o beijei.
Naquele momento eu me senti amada, foi o nosso primeiro beijo, foi o começo de uma história que eu jamais imaginava viver.