Corações de Papel - Degustação

Capítulo 2

Danilo 

— Estava com a filha da emprega de novo, não é?

Seu tom de voz é acusador, e seu olhar ainda mais.

Tranco a porta a optando por a ignorando.

—Danilo, Danilo.... Se a Marisa descobre esse seu casinho, eu te mato! Tem muita coisa em jogo para você arriscar tudo por conta de um rabo de saia!

—Mãe, chega — falo cansado — Sei muito bem o que estou fazendo, não precisa se preocupar.

— Mas me preocupo, você nunca foi tão imprudente como agora, não sei a onde eu estava com a cabeça quando permiti essa loucura.

— A senhora não tinha que permitir nada, afinal essa é a minha vida, minhas escolhas. Sei das minhas responsabilidades, não preciso ser lembrado delas a cada segundo. Até agora está indo tudo como o planejado, não está? — Encerro o assunto irritado.

Ela respira fundo e concorda com a cabeça ainda contrariada.

A grande Sra. Lidiane me encara com sua habitual firmeza e frieza.

— Você está atrasado, temos um jantar na casa dos Jianis. Vamos acertar os últimos detalhes da sua viagem com a Marisa. — Avisa — Ainda bem que essa viagem está chegando, quando mais rápido você ficar longe daqui melhor.

Ignoro a última parte, como venho fazendo nos últimos tempos com tudo que é relacionado ao meu relacionamento.

Eu já estou acostumado, minha vida toda foi planejada antes mesmo de eu nascer.

Sou o primogênito, o "escolhido" para levar a diante o império da família.

Não vou negar, eu gosto disso.

Gosto da sensação de poder, de saber que tudo que meus pais construíram vai ser meu. Fui preparado para isso e estou pronto para ter tudo que é meu.

Meus pais possuem grandes para a empresa e um deles é meu casamento com a Marisa.

A filha de Andrew e Marcela Jianis, os segundos maiores acionistas da corporação Ermerc, e é do interesse dos meus amados pais que nós tivéssemos o controle total.

Tudo foi milimetricamente planejado, eles só não contavam com uma coisa.

Liz.

A pequena e linda filha dos empregados.

Aquela menina tinha tomada meu coração.

Sei que não posso ficar com ela, mas não consigo evitar, não consigo me afastar.

Eu, um homem feito, que sabe muito bem o que quer, me perco naqueles doces olhos verdes de uma menina de 15 anos.

Liz é a minha paz no meio das turbulências e mentiras que é a minha vida.

Ela é minha única certeza.

Mesmo tão nova, ela tem dentro de si uma maturidade sem igual que me fascina, sua paixão pela dança, seu amor pela família, tudo nela é perfeito.

Estou completamente apaixonado, não vou negar, e isso preocupa e muito a minha mãe.

Mas apesar de toda a minha paixão, não esqueço das minhas obrigações.

E Marisa é uma delas.

— Eles vão perdoar o meu atraso, vou me arrumar, encontro com vocês lá — falo enquanto subo as escadas.

Entro no meu antigo quarto, o qual ainda se mantém o mesmo.

O plano também se mantém o mesmo.