Corações de Papel - Degustação

Capítulo 8

Marisa

Hoje nada pode estragar meu dia.

Eu finalmente vou colocar um ponto final em algo que já se arrastou demais.

Levou tempo, mas eu compreendi o meu papel, entendi o que deve ser feito.

Danilo nasceu para ser meu e eu dele, e não seria um casinho que iria atrapalhar isso.

Confesso que no começo fiquei indecisa, brava e um tanto desconfortável com tudo isso, mas os dias foram passando e eu fui me conformando.

Mulheres como eu não podem ter tudo.

Eu tenho o dinheiro, a beleza e o homem dos sonhos, ter no combo fidelidade é pedir demais neste mundo de aparências, o importante é que era comigo que ele estava, e é comigo que ele vai se casar dentro de poucos dias.

Ter engolido essa situação não quer dizer que ela não foi dolorosa, foi como tomar o remédio mais amargo do mundo e sem direito a um copo de água depois, mas eu engoli, e continuo engolindo.

Por Danilo.

Por mim.

Pela família que vamos criar.

Por nossa empresa.

Isso valia a pena.

É um preço pequeno a se pagar.

Pelo menos é o que vivo repetindo para mim mesma.

Mas, para tudo dar certo a filha da empregada tinha que sair do meu caminho.

Danilo a idolatra.

É realmente apaixonado por ela, e isso não é nada bom.

Eu tinha colocado um detetive para descobrir tudo que podia sobre o relacionamento dos dois.

Descobrir tudo sobre ela.

O que ele me trouxe foi interessante, no mínimo.

Ela não sabia de nada.

A pobre criança, era apenas mais uma adolescente apaixonada.

Tentei a todo custo, monopolizar o tempo de Danilo antes de viajarmos, mas mesmo assim ele sempre dava um jeito de ficar com ela.

No dia do embarque, quando ele não atendia e quase não apareceu eu achei que ia ter um infarto.

Ele estava com ela, tenho certeza que estava, e ficou indeciso sobre qual caminho seguir.

E esse é o meu maior medo.

Não posso correr esse risco, de isso acontecer no dia do nosso casamento.

Eu sei o quanto o amor deixa as pessoas doidas, sei disso pois eu o amo e faço essa loucura de aceitar uma outra pessoa em nosso meio só para não o perder.

Não posso ser abandonada.

Me recuso a ser.

Ele vai sim se casar comigo, e pouco me importa o que tenho que fazer para isso acontecer.

Se tenho que encenar, que assim seja.

Agora mesmo mantenho o sorriso mais falso do mundo em meu rosto, enquanto estou sentada no sofá largo e espaçoso da casa dos Ermerc's.

Pedi para Lidiane para coordenar pessoalmente esse jantar, e ela mais que rápido me deu a devida autorização, me apresentando para sua empregada como a anfitriã da noite.

Tudo perfeito, da forma como planejei.

— O que você pretende com isso, Marisa? — Minha mãe questiona discretamente ao sentar do meu lado.