Corações de Papel - Degustação

Capítulo 4

Marisa

Você pode fazer isso, Marisa. Claro que pode.

É o que digo a mim mesma na frente do espelho.

É só mais um dia, mas um dia de merda, mas que vai passar.

Respiro fundo terminando a minha maquiagem.

Impecável.

Tenho que estar impecável.

Tento reunir a coragem que preciso para fazer o que é necessário.

Vou seguir o Danilo hoje.

Vou descobrir tudo que está acontecendo.

Ele pensa que eu não reparei em suas sutis mudanças, mas eu sempre estive atenta a tudo relacionado a ele.

E ele está diferente.

Disperso, com tudo que é relacionado a nós dois, distante tanto dentro quanto fora da cama.

Danilo está com outra e eu quero ver isso com meus próprios olhos.

Pego minha bolsa e saio do meu quarto decidida.

— Estou indo fazer compras, não sei que horas volto — informo a empregada enquanto saio.

Entro dentro do carro de luxo e me sento no banco de trás, dando ordem para o motorista seguir adiante.

Minha vida é boa e não tenho o que reclamar dela, meus pais são ricos, nunca tive que trabalhar um único dia e tenho tudo o que quero.

Minha vida foi planejada desde o nascimento até aqui, e eu estou bem com isso.

Mamãe sempre me falou que eu sou uma princesa e que princesas mereciam príncipes a sua altura.

É isso que Danilo é, o meu príncipe escolhido.

Nossos destinos foram atrelados muito antes de sabermos dizer qualquer palavra.

Era do interesse do nossos pais que ficássemos juntos e vou dizer que foi de certa forma natural que isso acontecesse. 

Eu o amo.

Ou talvez ame a ideia de o ter.

Quem sabe?

Mas uma coisa é fato: Danilo é meu!

Por isso seu distanciamento ultimamente tem me preocupado.

Danilo é lindo, sem dúvidas.

Com um corpo perfeito e que ele sabe muito bem como usar, com aquela cara de menino bonzinho que de bonzinho não tem nada.

Ele é o meu homem.

Somos compatíveis em tudo.

Nossos planos são os mesmos, os objetivos e riqueza também.

Nossa vida está toda planejada e não vou deixar ninguém estragar isso.

O carro para em frente ao apartamento dele e eu me sento mais atenta.

Está na hora dele voltar da empresa.

Ultimamente ele anda fazendo apenas meio período lá, a fofoqueira da secretária me contou.

Aguardo vinte minutos até seu carro finalmente parar na frente do prédio.

Ele desce entregando a chave ao manobrista.

Sorrio satisfeita.

É tudo apenas paranoia da minha cabeça.