Capítulo 4 - A lenda é real

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Por Laura Valentim 

            Eu não sabia para quem olhar especificamente. Mas o meu olhar aterrorizado era retribuído por expressões incrédulas, outrora duvidosas. Alguns começaram a gargalhar, e por um único momento, eu cheguei a questionar a minha sanidade mental, mas quando Nina, a vendedora da “Velho, bom e caro” se aproximou de mim, e um outro rapaz me estendeu uma garrafa de água, eu consegui me acalmar. Logo em seguida, uma menina com seu cachorro chega correndo, também assustada e assentindo com a cabeça que o que eu falava era sério.

            Será que ela viu Gabriel?

Eu não sabia o que deveria fazer! Se eu deveria contar a todos sobre a presença de Gabriel ali, o que seria praticamente uma acusação devido aos fatos ou se, como jornalista que sou, deveria omitir tal informação. Tive alguns segundos de consciência e egoísmo e me calei! Me cercaram e começaram a me interrogar com milhões de perguntas “O QUE VOCÊ DISSE? CADÊ A MEGAN?? MORTA??” Expliquei o mais rápido possível o que tinha visto e ergui o livro preto para Nina. Foi só então que eu percebi cortes em meus braços e mãos, minha calça estava rasgada em alguns lugares e o meu joelho esquerdo latejava.

Eu estava um lixo.

Alguns questionamentos começaram a surgir da parte de muitos, sobre o significado desse livro preto. Quem poderia ter matado Megan e por quê? E os outros começavam a acreditar que a lenda, não era uma lenda, era uma história real.

Ouvi passos e os pelos do meu braço se eriçaram.

Eu sabia quem estava ali. Mas... como ele tem coragem? Eu preciso avisar a todos, se não, isso aqui irá virar um banho de sangue. Me virei lentamente, para encontra-lo com os olhos sobre mim.

Todos pararam de conversar imediatamente para prestar atenção ao novo indivíduo que se unia a roda.

Ouvi alguém perguntando quem era ele, mas eu não tive coragem de responder.

— Precisamos conversar — Gabriel disse com a voz rouca. — Em outro lugar.

Balancei a cabeça negativamente. Nem pensar, oh não. Eu não iria conversar com ele, nem no inferno. Ele me mataria na primeira oportunidade.

— Ele... — apontei com a mão tremendo para Gabriel — Matou Megan — soltei em um sussurro.

Que se dane, eu estava cagada de medo. Não deixaria que ele matasse mais ninguém.

O homem forte que estava ao lado de Nina, olhou para Gabriel com nojo e começou a se aproximar. Bom, Gabriel teria todos os ossos quebrados e não poderia matar mais ninguém, até que essa ideia não era tão ruim.

— NÃO SE APROXIME! — O jornalista gritou furioso. — Porra Laura! Eu não matei ninguém.

— Você estava lá, você ia me matar se eu não corresse para longe — constatei.

— Cala a boca e me escuta. — Ok, eu poderia sentir a fúria em sua voz. — E você grandão, não tente.

Gabriel se sentou em um troco de árvore e ergueu uma câmera para mim. Mesmo com receio, fui até ele a tomei de suas mãos.

— Só tem um vídeo nela, e é de alguma coisa matando a garota.

Alguns se aproximaram de mim, e começamos a assistir ao vídeo. Era possível ver Megan um pouco mais a frente, enquanto Gabriel sussurrava para câmera detalhes jornalísticos. Poucos segundos depois, o vídeo foi tomado por uma escuridão e o grito estrangulado de Megan.

— Merda. — Gabriel disse no vídeo. — Merda, o que aconteceu?

Logo depois, a escuridão se tornou clara, e eu apareci no vídeo.

— Laura? — Gabriel continuava seu monologo. — Saía daí. Vai morrer.

Entreguei a fita para Nina e a mesma disse: — Ele é inocente.

— Sim, eu sou. — Gabriel e seu tom arrogante voltaram à tona. — Eu sou um jornalista, não um assassino. E eu quero saber o que aconteceu, tanto quanto vocês.

— É melhor irmos para o colégio, estaremos seguros lá. — Nina disse em alto e bom tom.

— Nina, devemos voltar para as nossas casas, antes que essa merda piore e mais alguma tragédia ocorra.

— Bom, fiquem a vontade. Eu estou indo para o colégio. — Gabriel disse.

— Irei com ele! — Sentencio a minha própria cova.

Uma nova discussão se iniciou sobre o que deveríamos fazer.

Até que fomos interrompidos por um novo grito, agora, parecia o de um homem.

Adolescentes estavam ali. Éramos todos uns idiotas fomos diretamente provocar a morte, e agora... talvez nenhum de nós voltasse para casa

Oh merda.

Estávamos todos mortos. 

Moonlight Falls - A Cidade do MedoOnde histórias criam vida. Descubra agora