Moonlight Falls - A Cidade do Medo

Prólogo

DIA DE RECOLHIMENTO

            Para muitos é apenas o dia das bruxas, mas para nós da cidade MoonLight Falls, é sinônimo de tragédias. A primeira ocorreu há cinco anos, quando duas pessoas foram encontradas mortas no MoonLight College. O colégio enfrentou um processo difícil até se livrar do falatório, entretanto, não acabou ali.

            No dia 31 de outubro do ano seguinte mais duas pessoas morreram e foram encontradas no mesmo colégio. MoonLight College não aguentou e acabou sendo desativado. Mas, nada disso impediu que nos anos seguintes a tragédia se repetisse: mais duas mortes em cada dia 31 de outubro.

            Os corpos sempre eram encontrados em condições peculiares e isso fez os moradores de MoonLight Falls levantarem diversas hipóteses e, entre as mais faladas, estavam: psicopata, ritual, pacto suicida e explicações científicas (alguma substância inalada as teria matado).

            É claro que depois das primeiras quatro mortes e da desativação do colégio, mas ninguém ousou entrar lá e descobrir se havia mais cadáveres. As outras pessoas mortas nos anos seguintes não foram encontradas, entretanto, pela similaridade do caso, deduziram estarem mortas, embora nada seja oficial. Segundo a polícia: “estão desaparecidas”. De qualquer maneira, toda essa tragédia sempre aguça a curiosidade de moradores que buscam respostas, mas nenhum voltou para relatar as descobertas. Nunca!

            Portanto, mais ninguém sai de casa no dia 31/10. A polícia determinou o dia de recolhimento porque só há uma certeza: alguém vai morrer ou desaparecer neste dia!

Nota anônima do jornal local:

            Não saiam de casa amanhã! Em nenhuma hipótese! Este é um dia para se passar em família homenageando aqueles que se foram.

Por Laura Valentim

            Medrosos.

            Todos os moradores com quem falei hoje não passam de medrosos.

            Afinal, o que custa ajudar uma jornalista recém-formada?

            Sim, por incrível que pareça eu sou formada, fui para outra cidade estudar, voltei faz pouco tempo, nada que valha muito o meu tempo e o de vocês. Devo dizer que tem sido difícil exercer minha profissão aqui, ninguém colabora! Hoje, uma nota foi lançada no único jornal impresso da cidade. Trabalho lá, mas até hoje não descobri quem foi o autor da nota.

            Todo ano, quando o dia trinta e um de Outubro se aproxima, a nota é lançada pelo “desconhecido”. E pasmem, todos obedecem piamente esse alerta. Nem todos, para ser bem sincera...

            Não é de agora que me interesso sobre os boatos da minha cidade, sobre aquele grupo de mortos encontrados dentro do colégio desativado e que agora é encoberto por uma floresta morta, sobre esse autor desconhecido... Oh, não, definitivamente não.

            Muitas vezes tentei fugir de casa para investigar, mas minha mãe ouvia o barulho da minha janela, e sempre chegava a tempo de me impedir, me levar para o porão e lá me trancar até o amanhecer, para eu me "aquietar". Até hoje as janelas e portas da minha casa tem grades, tudo por que a minha mãe quer "preservar" a minha vida. Mas, qual é? Sou uma investigadora, ou melhor, uma jornalista investigativa.

            Isso soou muito legal! Jornalista pã-pã. Uau.

            Voltando para nota, e para as lendas aterrorizantes da cidade, todos devem ficar em casa amanhã. Mas, como agora eu já sou adulta e maior de idade, óbvio que não vou obedecer, nem que a vaca tussa, e caso ela realmente faça isso, eu vou fingir que não aconteceu.