Por Megan Grass
O dia estava nublado novamente, mais uma sexta-feira sem graça e sem nenhuma novidade. Arrumei meu cabelo, coloquei meus óculos e fui logo cedo para a loja de antiguidades. Ben ainda estava destrancando as portas. Nos demos bom-dia, perguntei como havia sido sua noite, “nada demais” respondeu ele enchendo sua caneca de café já dentro da loja. Enchi a minha caneca também, tudo o que eu queria era que Bem, ao menos, me contratasse para trabalhar na loja, eu passo tanto tempo aqui que seria ótimo ser paga por isso, mas pelo visto ele não precisa de ajuda por mais que eu sempre acabe vendendo uma coisa ou outra para alguns clientes.
Ben pegou seu jornal e antes de eu ir para o fundo da loja e devorar um livro como sempre faço, fiquei apoiada no balcão bebendo meu café e o observando folhear as notícias de Moonlight Falls.
— Hoje ninguém deve passar a noite fora de casa, diz aqui. — disse ele, vidrado nas notícias.
— Todo dia trinta e um é assim aqui em MoonLight, você já deveria estar acostumado. — respondi.
— Você não tem nada melhor para fazer, não? Todos os dias você está aqui antes mesmo de a loja estar aberta. — disse ele.
— Achei que velhos ranzinzas gostassem de companhia. — disse eu.
— Eu gosto. Principalmente no dia trinta e um. — respondeu ele.
— Por que você não me conta a história da sua vida, Ben? Hoje o movimento vai ser bem pequeno na loja.
Ele ergueu os olhos do jornal e me fitou nos olhos. Entendi aquilo como um não.
— Tudo bem… — suspirei. — Lhe contarei a minha história então.
— Sua história deve ser emocionante, Megan. — disse ele, ironicamente.
— Tudo começou quando eu tinha nove meses e alguns dias de vida. — Comecei.
— Não me diga! — disse Ben, interrompendo-me.
— Eu nasci com alguns quilos e com alguns poucos fios de cabelo. Minha mãe não me planejou e meu pai deu no pé ao saber que ela estava grávida. Assim que ele a abandonou o melhor amigo dele tomou seu lugar e tornou-se parceiro da minha mãe. Conforme eu fui crescendo e dando mais trabalho por causa de uma rebeldia tola, minha mãe foi ficando mais estressada e descontando nele quando chegava em casa, já que ele não trabalhava.
— Que vagabundo. — disse Ben, finalmente.
— Ele trabalhava em casa, vivia no computador… Mas sabe, isso não rendia muito dinheiro, não. Ele ficava o tempo todo trancado no escritório e só saia perto da hora de mamãe chegar e ia direto tomar banho. Pensando agora, ele devia ficar o dia todo vendo vídeos pornôs ou algo do gênero.
— Ele podia ser o administrador de um site pornô, você não pode saber. — disse ele.
— Realmente não posso… Mas que ele mentia para a minha mãe, mentia. Bom, eu tinha 8 anos quando ele começou a beber. Ainda lembro-me bem… Foi em maio que o inferno começou. Ele não se trancava mais no escritório, ele ficava fora de casa o tempo todo bebendo. Chegava um pouco antes do horário de mamãe chegar e ia tomar banho e desinfetar a boca para disfarçar o cheiro de álcool. Ele teve sucesso por apenas algumas semanas, mas não demorou muito até que eu desse com a língua nos dentes. Minha mãe ficou tão furiosa naquela manhã, que disse que precisava de provas e disse que chegaria em casa mais cedo só para burlar os planos diários dele.
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Moonlight Falls - A Cidade do Medo
Korku31 de outubro. Para muitos é apenas o dia das bruxas, mas para nós da cidade Moonlight Falls, é sinônimo de tragédias. Tudo começou há 5 anos com as duas primeiras mortes no Moonlight College e a cada 31 de outubro são sempre mais duas mortes. Mais...