As Estações - Kim Taehyung

🍁 Capítulo 10 🍁

Escrito por: amorices

Esperei encontrar Taehyung em sua casa, mas Srª Kim prontamente me informou que ele estava na cidade vizinha comprando fertilizantes e que só voltaria no dia seguinte, talvez pela tarde.

Meu súbito de coragem se esvaiu rapidamente e eu quis chorar de frustração. A senhora que me observava, pareceu entender a situação.

— Taehyung esperou por você todos os dias. — Disse-me e aquilo foi o suficiente para que me martirizasse ainda mais.

— Eu... — tentei me desculpar, me explicar, mas nada saiu.

— Sente-se aqui um momento, querida. — Ela me direcionou para o banco em sua varanda — Acalme-se, não estou julgando você. Entendo o que aconteceu.

— Entende mesmo?

Ela sorriu enquanto assentia com a cabeça. Depois olhou para o horizonte, mal se podia ver o sol atrás das montanhas.

— Taehyung sempre foi diferente das demais crianças. — Começou a contar — Ele costumava se isolar em vez de brincar com os outros meninos. Pensava coisas surreais, tinha uma mente muito criativa, mas se encantava pouco pelas coisas e pelas pessoas, sabe?

Continuei escutando, imaginando Taehyung em sua infância.

— Sempre foi um bom menino. Ajudava todo mundo, não importava quem fosse, mas era difícil de se apegar a alguém. Por isso, nunca se apaixonou ou teve uma namorada antes de você.

— Nunca? — Insisti sem conseguir acreditar.

Srª Kim sorriu mais uma vez. — Não tinha acontecido para ele ainda. Taehyung se preocupava mais em cuidar da terra, dos bichos da fazenda. E como você já soube da última vez em que esteve aqui, ele mudou muito com sua presença. Você foi capaz de cativá-lo de forma que nenhuma outra conseguiu. Por isso, não entenda mal o meu neto. Ele só foi impulsivo por medo de perdê-la.

Deixei a cabeça pender sobre minhas mãos. Se eu soubesse disso antes... Não, mesmo sabendo, eu não poderia ter feito diferente, porque estava assustada, porque ainda havia nós a serem desamarrados nos pontos feitos durante a minha vida. Nós que desataram à medida como consegui um novo emprego e depois da conversa com Dong Yul. Só na sua ausência que eu pude perceber o quanto sentia por ele e desejava estar ao seu lado.

— Eu não consegui ser corajosa... — Balbuciei.

— Você estava ferida, Na Ri. — Pousou a mão em meu ombro — Mas não permita que essas feridas te impeçam de viver feliz outra vez. Aproveite enquanto é jovem, porque depois que isso passar, não poderá voltar no tempo.

Saí de lá com todos os meus sentimentos em mãos, prontos para serem entregues a Taehyung, mas naquele momento, nossos caminhos não se cruzaram. Eu só poderia observar as folhas caírem da árvore até que ele estivesse pronto para mim novamente.

***

Quando voltei da escola naquela sexta-feira, meu estômago ronronou ao ver a caminhonete dos Kim estacionada em frente a minha casa. Shik também não estava em seu posto, como de costume.

Caminhei até os fundos da casa, encontrando a figura de Taehyung abaixado sobre a horta que outrora fora destruída pelos guaxinins e não mais cuidada. Shik pulava e corria ao redor dele, querendo atenção e quando me viu ali parada, correu para mim, fazendo com que Taehyung olhasse em minha direção, levantando-se rapidamente.

— Limpei as covas. — Ele apontou para a terra arada — Plantei tomates e batatas. Você poderá colher antes do inverno, se tudo der certo.