51 - Ângelo Palumbo - Final

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Dois meses depois

Estirado na rede em Vera Cruz - México, eu repousava ainda dos ferimentos que me causaram durante o sequestro. Minhas costelas ainda doíam horrores, mas eu estava vivo e Eloah estava comigo.

Saber que a nossa casa não existia mais era de doer o coração, mas de verdade, estava adorando esse país, minha ruivinha agora vivia bronzeada e com um fogo de dar inveja a qualquer homem casado.

Até então não havíamos conversado sobre o que aconteceu, não sabia direito quem realmente estava por trás de tudo, Eloah não queria me contar, dizia que eu tinha que melhorar primeiro para depois resolver os problemas que haviam deixado para trás. E pasmem, ela era uma ótima chefe de família. Daniel trouxe a pequena Poliana para ficar com a gente, era mais seguro, Eloah não queria arriscar a vida da menina, já que estávamos em processo de adoção.

Daniel estava na nossa casa, vestindo um short creme e uma camisa floral, preparando nossos drinques, os rapazes pareciam mais parentes visitando do que nossos seguranças, relaxados e aproveitando o mar.

Eloah corria com a pequena à beira mar, me levantei devagar por conta das costelas e me aproximei delas. Assim que cheguei nelas puxei Eloah pela cintura, beijei seu rosto e olhamos para Poliana que catava conchas.

— O que acha de morarmos aqui?

— Acho perfeito! — Ela olhava a menina brincar com um sorriso. — Acho que vai ser muito bom para ela também.

— Você é perfeita... — beijei a sua boca. — Vou arrumar um gerente assim que voltar para Montalcino. Vamos administrar tudo por aqui. Chega de inverno extremo, de árvores, cabana. Eu só quero você, esse oásis e a nossa família. E os rapazes como nossos parentes. O que acha?

— Acho que seu pai ficaria orgulhoso da dupla que ele juntou — Ela disse com um sorriso — Mesmo que não goste, devemos a ele por termos nos encontrado, por termos nos apaixonado. Genaro deve estar rindo no túmulo por essa façanha.

— Há! Aquele velho carcamano, filho de uma... — disse revirando os olhos, Eloah riu de mim. — Tá! Eu admito. Ele foi inteligente demais.

— Sim, ele foi! — o olhar de Eloah ficou distante. — Eu o ajudei a morrer mais rápido! — ela revelou triste.

Respirei fundo prendendo o ar por alguns segundos, analisando o que ela tinha dito.

— Talvez você tenha feito o que era certo. Talvez ele já imaginava o que aconteceria se sua vida durasse mais um pouco. e... — Dei de ombros. — Talvez ele soubesse que se esperasse mais um pouco, eu não teria ido ao seu enterro e não teria te conhecido.

— Sim, eu sei de tudo isso! — Ela riu triste. — Eu percebi tudo isso depois de um tempo. Não melhora o fato de que eu ajudei com isso. Que eu via ele sentindo dor, e não podia fazer nada para ajudar. Era a vontade dele. E só fiquei assistindo, porque se fosse eu — Ela me encarou, e eu sabia que ela era bem capaz disso — Eu iria querer que respeitassem minha última vontade.

— E respeitarei. Sempre. — a beijei. — Mesmo sendo cabeça dura. — Fiz cara de súplica. — Só não judia com seu velho aqui, está bem?

— Eu não judio de você! Fui uma ótima esposa esses últimos meses! Estou até com medo de perder a prática e querer se aposentar me dando esse cargo de chefe de família, é cansativo e eu não aguento mais. — Ela fingiu tédio.

— Estou pronto para voltar ao trabalho. — rimos. — É sério. Estou querendo ir a Montalcino para resolver tudo e... Para isso vai ter que me contar tudo. Tudo o que descobriu.

— Eu vou te passar a resolução do problema, então! — Ela titubeou e parou de falar me deixando ansioso. — Melhor eu te contar depois... — Eloah me olhou como se tivesse medo de me contar.

— Eloah! — disse sério. — Quero saber por você.

Ela suspirou e me olhou.

— Lui colocou fogo na mansão, e era verdade o que Bernardino disse, ele estava trabalhando para derrubar você. — Ela me puxou para a cadeira e sentou no meu colo devagar. — Ele tentou me atrair para uma armadilha, provavelmente para me matar, e se não fosse pelos rapazes — ela deu de ombros. — Eu não estava me importando muito com minha segurança naquele momento e ele se aproveitou disso. Queria me usar como isca e eu teria feito, se fosse para te salvar. Então, depois que tudo acabou e você estava se recuperando em segurança, nós fomos atrás do Lui! — Ela me olhou sem arrependimentos, mas temerosa. Provavelmente do que eu acharia dela. — E nós o matamos. Agora, o nosso maior problema está em confiar naqueles que assumiram os lugares de Bernardino e Lui. Por enquanto, eles ainda têm medo de mim. Estão um pouco assustados comigo. — Ela alisou meu peito. — Logo eu que não gosto de matar nem mosca. — Ela fez um biquinho.

Pisquei várias vezes para ela e abri um sorriso enorme, eu estava orgulhoso da minha esposa, segurei a sua cintura e a olhei de lado.

— Minha ruivinha é poderosa! — gargalhei alto. — Você é minha heroína, como posso retribuir a minha grande dama?

— Ficando bom para que eu possa quicar em cima de você sem achar que vai quebrar! — Ela riu alto. — Eu tive tanto medo de te perder

Acariciei seus cabelos e a puxei para um beijo.

— Eu rezava para que estivesse bem longe. Desejei que jamais passasse por aquilo. — a beijei novamente. — É tão bom estar vivo e com você.

— E eu só pensava em matar quem quer que me impedisse de salvar você! — ela acariciou meu rosto. — Nunca mais se atreva a me dar um susto desses. Nunca mais se entregue sem lutar. — Os olhos dela brilharam — Nem que seja pra me proteger. Eu nunca mais quero te ver machucado daquele jeito.

— Eu prefiro dar a minha vida para salvar a sua, Eloah! — A beijei e a apertei nos meus braços, mesmo sentindo dor. — Logo eu vou estar bem, você vai ver.

— Você já está bem melhor, só essa costela que parece encruada. — Eu ri alto. — Não ria, eu fico preocupada!

Sorri a virando para relaxar ao meu lado, para vermos a nossa pequena se divertir com Enzo a beira mar.

— Eu amo você, ruivinha!

— Eu amo você, amo tudo que construímos juntos e apesar de ainda não engolir como entrou na minha vida. — Ele me deu uma tapa no peito e a olhei sem entender. — Eu agradeço todos os dias por ter aparecido naquele enterro e desrespeitado o morto!

Soltei uma gargalhada fazendo todos nos olharem, Daniel apareceu com as nossas bebidas. Levantei-me com Eloah, apanhando uma taça e dei a ela, Enzo, Max, Cláudio e Daniel pegaram a suas taças e a pequena Poliana o seu copo com canudinho colorido com suco de caju.

— A Família! — ergui a taça e todos repetiram em um brinde.


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E por aqui encerramos essa linda história.

Mas... Não fiquem tristes, Nós @maitesombra e @HeloisaBenini preparamos dois extras especiais para vocês.

Um narrado por Ângelo alguns meses depois e o outro narrado por Eloah alguns anos depois.

Aguardem e chamem os amigos para ler, divulguem a história para que mais gente conheça essa linda aventura de amor e crescimento.

Foi um imenso prazer escrever esse livro e esperamos que tenham gostado. Deixem aqui seus cometários, são muito importantes e se vocês não votaram e puderem voltar fazendo esse gesto nos ajuda demais também! 

Muito obrigada e até a próxima aventura!

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