Capítulo 02 - Alice

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OK. Depois de três dias trabalhando com o crápula do Dr. Liam Parker, eu estava quaseperdendo as boas maneiras que minha mãe ensinou e dizendo poucas eboas pra ele.

Além de me encherde tarefa o dia inteiro, cada vez que falava comigo era mais grossoainda, se é que isso era possível.

No segundo dia,levei bronca por falar alto demais. No terceiro dia, me fez ir até alanchonete pra buscar um café e quando voltei só encontrei umbilhete avisando que já tinha saído.

Também têm asvezes que me ignora completamente, passa por mim como se eu nãoexistisse. Não decidi se fico ofendida ou aliviada por essas vezes.

Sério mesmo! Ohomem me irritava! Eu não tinha sangue de barata para tolerar isso otempo todo. Tinha que me segurar para não lhe dar a resposta quemerecia. E, pelo meu humor, sabia que logo eu entraria em problemas.

Hoje, graças aoscéus, só viria trabalhar após o almoço. Então, aproveitei paraquebrar um pouco as regras. Fechei a porta da sala e liguei o mp4baixinho. Se é verdade aquela história de: o que os olhos não veemo coração não sente, eu esperava que funcionasse a respeito doouvido também.

Fiz o que o médicoranzinza pediu e fiquei distraída com o trabalho. Um pouco antes dahora do almoço meu celular começou a tocar. Olhei no visor da telae a palavra mamãe me fez ter uma careta. Apertei rapidamenteo botão ignorar.

Eu amava meus pais,mas me sentia profundamente ressentida por eles terem ficado do ladodo Daniel. Não sei se eu perdoaria isso algum dia. Mamãe insiste,diz que, algum dia, eu entenderei. Coisa que duvido muito.

Quase pulei dacadeira quando a porta abriu de repente. Achei que tinha sido pega noflagra e que dessa vez o homem me mataria, mas quem entrou foi umaloirinha espevitada que eu tanto amava.

Tamara estavaradiante com seu enorme sorriso costumeiro. Suspirei aliviada.

— Que cara éessa? — perguntou, sentando-se a minha frente.

Tamara éextrovertida e uma pessoa superdivertida. Com ela não tinha temporuim. Além de ter uma beleza invejável. Seu sorriso com covinhas eseus cabelos loiros a deixavam com uma aparência angelical. Mesmoque de anjo não tenha nada.

É minha amiga desdea minha primeira semana aqui no hospital. Me mantém com os pés nochão e me impede de fazer uma loucura.

— Que susto, Tamy.— falei, colocando a mão no peito. Desliguei o mp4 e a encarei. —Pensei que fosse o Dr. Parker.

— Sei que nãoestá. E é por isso, que arrisquei vir te fazer uma visitinha. —Tamara girou uma mecha de cabelo no dedo. — Como você está?

— Trabalhando comouma louca.

— Estou vendo. —Olhou para minha mesa atolada de papel. — Tenho certeza que agoradeve estar sentindo falta do RH, não é?

Fiz uma careta eresmunguei:

— Nem fale. Nuncamais vou reclamar de currículos mal feitos ou de ter que mexer compapelada de demissão.

— Na verdade, vocênão deveria nem trabalhar nesses lugares. Tem diploma de direito efica trabalhando como assistente aqui porque quer.

Na hora meu humormudou. Tamara sabe que não gosto de falar sobre isso.

— Esse assunto denovo não — falei, severamente.

Tamara suspirou, masaceitou. Pegou uma revista de dentro da sua bolsa e me olhousorrindo.

— Olha só o queachei. Aqui diz que: "Mulheres que não gritam durante a relaçãosexual, são mulheres que ainda não encontraram overdadeiro prazer". — Tamara falou de um jeitodivertido e eu fiz uma careta. Arqueou uma sobrancelha ao falar: —Em outras palavras, são mulheres mal comidas!

Minha Tentação - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora