Saí do elevador e acenei para a recepcionista do andar. Enquanto chegava próximo a minha sala comecei a ouvir um som. Mas, o que era isso? Uma música? Parei na porta da sala da Alice que era de onde "surpreendentemente" – pensei com ironia – vinha som.
Alice estava retirando e organizando alguns papéis da impressora. Ela tinha um monte de papéis no colo, enquanto colocava algo mais para imprimir. Seu cabelo preso com um lápis no alto da cabeça em um coque bagunçado. Franzi o cenho ao ver que usava óculos. Nunca tinha reparado. Usava um vestido branco e azul, um desses estilos formais para trabalhar.
Alice tinha esse jeito de menina mulher que era intrigante. Prestei atenção na música que tocava baixinho e balancei a cabeça. O gosto dela também era peculiar.
"Todo santo dia
Cada palavra que você disser
Cada jogo que você jogar
Cada noite que você ficar
Eu estarei te observando
Oh, você não consegue ver?
Você pertence a mim"
Every breath you take – The Police
Alice acabou percebendo minha presença e sorriu quando me olhou. Eu deveria ficar bravo, na verdade, sentia a irritação dentro de mim. Mas, como sempre, a curiosidade em descobrir mais sobre ela venceu.
— Quantos anos você tem? — perguntei em vez de começar a gritar pela música na sala.
— Vinte e Quatro. Por que? Me acha nova para ouvir essas músicas? — retrucou na defensiva.
— Eu não disse isso — falei erguendo uma sobrancelha. Mas, era incomum alguém da idade dela gostar de músicas dessa época. — E, eu me lembro de ter proibido esse treco uma vez. — Apontei para o aparelho de som em cima de sua mesa.
Alice ficou um pouco vermelha, mas levantou o queixo em desafio.
— Bom, como eu pensei que estávamos melhorando nosso....Er... relacionamento, achei que poderia começar fazendo alguns acordos.
— Acordos? — Eu deveria ter imaginado isso vindo dela. — Olha Alice, aceitei sermos amigos. Mas, não confunda ou misture as coisas aqui no trabalho.
— Não estou confundindo — rebateu apressadamente. — Nem me aproveitando dessa nova situação. Mas, pensa comigo, eu estou ouvindo música com um volume baixo, não temos visita pra hoje e a música não vai atrapalhar ninguém aqui perto. Que mal tem em ouvir um pouco de música? E, pra sua informação, eu vou render bem mais no meu trabalho, ouvindo uma música relaxante.
Enfim, a mulher parou de falar. Alice sabia introduzir argumentos a seu favor. Vencia os outros pelo cansaço, pois eu já estava cedendo só pra ela ter que se calar. Cocei a testa, procurando o que falar.
— Alice, não é... olha... quer saber? Fique com a maldita música. Mas... — Aproximei-me do aparelho e procurei o botão do volume pra diminui o som. — Se quiser ouvir, terá que ser nesse volume. E vamos testar isso, Ok? Se me atrapalhar, vai ter que desligar.
— Nesse volume? Eu nem consigo ouvir direito... — Começou a contestar e eu fechei a cara. Alice recuou sabiamente em sua reclamação. — Tudo bem.
Acenei e fui caminhando pra minha sala. Alice pigarreou e eu a olhei novamente.
— Não está esquecendo-se de nada?
Franzi o cenho e passei o olhar em sua mesa tentando lembrar de algo que possa ter esquecido. Por fim, balancei a cabeça negando.
— Um bom dia, talvez? — perguntou um pouco hesitante.
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Minha Tentação - Degustação
Genç Kız EdebiyatıO LIVRO SÓ TEM 10 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO. SERÁ LANÇADO NA BIENAL DO LIVRO EM SETEMBRO PELA EDITORA TRIBO DAS LETRAS -- SELO MÉTRICA. Dr. Liam Parker é um médico cardiologista, já salvou muitas vidas, contudo não faz ideia de como curar sua alma...