ALESSIO

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ALESSIO

Nunca pensei que casar era isso. Nunca pensei muito em casar, esse era um fato. Sabia que era uma probabilidade, mas imaginei que seria um casamento por conveniência. Um evento forçado pelas políticas da máfia. E eu não pensava que seria sortudo o suficiente para ter um casamento com amor, como meus pais acabaram tendo. Eles era uma chance em um milhão. Assim como eu, se pensar por esse lado.

A manhã do meu casamento parecia algo surreal. Minha mãe corria pela casa, sob o olhar preocupado do meu pai. Massimo sentava desinteressado no sofá, fingindo não notar a correria. Nevio e tio Remo tinham inventado algum negócio da Camorra para resolver, mas todos sabíamos que era uma mentira. Tia Serafina tinha tentado impedi-los, mas ela precisou sair para buscar Greta no aeroporto e isso deu a janela perfeita para eles fugirem.

-Eu deveria dizer alguma coisa? - Massimo pergunta, observando a cena.

-Não sei. Você que memorizou todos os códigos de etiqueta. - eu respondo, e ele ri, o que é notavelmente difícil.

-Mas gostaria de saber o que você quer. - ele reforça. - Você meu irmão. E está se casando.

Eu viro a cabeça para encará-lo. Nós somos completamente diferentes, como era de se esperar. Ele tem os cabelos negros de nosso pai, os olhos escuros de nossa mãe. Massimo é sempre o mais quieto no ambiente, mas o mais atento. Quando criança, eu e Nevio éramos os pestinhas e ele sempre conseguia uma desculpa que nos livrava de problemas maiores.

-Nada vai mudar.

-Muita coisa vai mudar. Você gosta dela.

-Isso não foi uma pergunta.

Massimo dá de ombros.

-É porque não tenho dúvidas.

Eu chuto sua perna. É um golpe baixo, mas estamos acostumados. Só nosso pai está na sala, e ele nem ao menos pisca. Massimo apenas abre um sorriso presunçoso.

-Se for falar merda, não fale nada.

-Meninos. - o tom de aviso nunca mudou, mesmo mais de vinte anos depois.

Passos leves entram na sala. Mamãe olha de um lado para o outro, as mãos na cintura.

-Tudo certo por aqui?

-Sim, mãe. - Massimo mantém o sorriso.

Eu balanço a cabeça. Isso não devia me incomodar. Ele não falou nada demais, certo? mas eu e Carlotta... Nós não tínhamos falado sobre isso. Não estávamos neste termo. A falta de tato de Massimo e seu jeito de falar coisas difíceis com facilidade podia levar para um turno dramático da minha noite de núpcias, quando a única coisa que eu queria era me afundar em todas as partes mais deliciosas de Carlotta e fude-la até o sol nascer.

Ela estreita os olhos, conseguindo ler a situação toda.

-Massimo, pegue leve com seu irmão hoje. É um grande dia. Ele está nervoso.

-Não estou! - eu não queria soar como um adolescente, mas era exatamente assim que soava.

Meu pai ri.

-É normal. Eu estava nervoso também, no meu casamento.

-Estava? - eu franzo a testa. - Não sei se acredito.

-Alessio!

-Claro que estava. - meu pai continua, ainda impassível. - Mesmo antes de conhecer Kiara direito e... - ele engoliu. - me importar com ela em outros níveis, eu sabia que seria uma grande mudança de vida. E trazer uma mulher para a mansão foi um ajuste para todos.

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