Capítulo 7: Twenty Four

65 9 52
                                    

Taehyung bufou quando sentou na cadeira do interrogatório pela milésima vez, o cenário já era familiar para o garoto, que mascava um chiclete com um cheiro de menta notável e refrescante. Hamilton estava do lado de fora da sala, encarando o Kim pelo vidro que para Taehyung, era um espelho.
— Senhor, não sei porque insiste em interrogar apenas um dos amigos de Hoseok – Disse o policial que estava com o detetive, folheando a ficha de Taehyung — Oh, ele cursa fotografia – Observou o policial, fazendo uma rápida cara surpresa
— Tem algo errado...Se ele realmente não sabe de nada.... Teremos que apelar, o FBI pode entrar na jogada... Só precisamos de uma informação minima que for, apenas um deslize... Espera, o quê disse? Disse que ele cursa fotografia?
— Sim sim, tá na ficha dele! – O detetive arqueou as sobrancelhas — Achei que poderia ajudar – Hamilton revirou os olhos e caminhou até a sala de interrogatório, Taehyung no mesmo instante estourou a bolha de seu chiclete e voltou a mascá-lo, sem esconder a cara debochada em sua face levemente bronzeada.
— É, nos encontramos novamente, Kim Taehyung.... Essa está sendo sua última chance de dizer tudo o que sabe.
— Olha aqui, detetive com o nome do cara na nota de dez dólares. Eu não irei te dizer o que não sei – Resmungou Taehyung assim que Hamilton se sentou — Não se ache tão poderoso assim porque você não é, senhor
— Se continuar, eu irei te prender por desacato, rapaz – Disse o detetive após respirar fundo.
— É o seguinte... Não sei por quê vocês cismaram comigo! Eu não matei ninguém! Não sei nem como manusear uma arma! – A frase fez o detetive arquear ambas as sobrancelhas, era aquilo que eles precisavam, um deslize.
— Em nenhum momento dissemos que algum dos crimes foi cometido com uma arma... – Dito isso, Taehyung arregalou os olhos e abaixou a cabeça — Como você sabe que foi com uma arma?
— E-eu... Bem... Quer dizer – Taehyung limpou a garganta e engoliu em seco. Hamilton se levantou e tirou as algemas do bolso de sua jaqueta de couro marrom
— Levante-se – Ordenou, Taehyung ergueu a cabeça, Hamilton sem paciência, pegou o cotovelo de Taehyung e o puxou, fazendo com que o Kim se levantasse e ficasse próximo do detetive, Hamilton virou o Kim de costas e o deitou sobre a mesa com as mãos para trás, usando a mão livre para algemá-lo — Kim Taehyung, você está sendo preso por dois assassinatos. O senhor tem o direito de permanecer calado até o seu encaminhamento à prisão temporária, após isso, poderá solicitar um advogado.
— Okay, okay!!! Você me pegou, detetive... Vou contar tudo que sei, mas por favor não faça nada – Taehyung respira fundo com a cara prensada na mesa do interrogatório. O Kim vira seu rosto na direção do ombro, onde olhou seus pulsos algemados e fez uma cara feia, por mais que a algema não estivesse tão apertada, aquilo incomodava.
— Direto ao ponto, ou não irei exitar em te deixar morrer no xadrez, Kim Taehyung – Disse o detetive

(...)

— Okay, Jimin. Vamos passar essa cena uma última vez – O diretor disse, sentado em sua cadeira com um copo térmico em uma das mãos. Jimin soprou o ar pelos lábios e respirou fundo, tomando toda a sua concentração e se preparando para começar.
— Eu imagino tanto a morte que me parece mais uma memória. É aqui que ela me pega, de pé, alguns metros na minha frente? Eu a vejo chegar, eu corro, ou atiro, ou permito? Não há batida, não há melodia – Citou suas falas enquanto mirava a arma na direção do ator que interpretaria seu inimigo de duelo. O professor avaliava a cena, anotando sua prancheta como Jimin estava se comportanto, o Park seguiu a cena, citando e interpretando com maestria as falas de seu primeiro musical. Se passasse no teste, ele então seria o protagonista. Jimin sorri brevemente de lado, mas começa a sentir um mal estar dentro de si, mesmo assim, decide continuar o ensaio e não deixar transparecer seu pequeno problema — Me ensine a dizer adeus... Ascendendo, ascendendo, ascendendo – Uma garota morena, numa camisola branca, interpretava a esposa de Jimin, passou por ele enquanto guiava sua mão, ela dançava como uma bela bailarina — Eliza!! – Exclamou Jimin, soltando sua mão, eles fazem contato visual e Jimin funga enquanto inicia um pequeno choramingo — Meu amor, tome-te teu tempo. Eu a verei no outro lado – Jimin dá um passo e sorri de forma frouxa, sentindo o mal estar em seu peito, como um aperto no coração. Jimin apertou os olhos tentando não se concentrar na dor — Um brinde à nossa liberdade – Disse ele erguendo sua arma para cima, recebendo um olhar surpreso de seu colega de palco.
— Ele aponta a pistola para o céu – O coral disse num tom surpreso.
— ESPERE! – Grita o colega de palco e as luzes se apagam seguido do som de tiro. Jimin leva um baque que o traz ao chão, a dor no peito era mais forte. A dor viera seguida por um formigamento no braço esquerdo, ele suava frio. A luz do holofote voltou sobre si, mas Jimin não levantou, estava tudo embaçado e logo pessoas começaram a rodear seu corpo no chão. Ele não enxergava os rostos, mas um ali, ele pôde reconhecer. Era Hoseok. Hoseok estava com as orbes completamente negras, que reluziam à luz do holofote. Jimin franziu o cenho tentando enxergar melhor, mas apenas sentiu sua garganta ser apertada e o coração acelerar bruscamente, como se fosse sair do peito. Logo, Jimin apaga por completo, tudo fica escuro e seu corpo fica mole.
Está morto? Não, apenas inconsciente. O Park desperta aos poucos, sentindo frio e a luz clara e forte arder em seus olhos. Jimin tentou se levantar rapidamente, mas fora impedido. Logo reconheceu o ambiente, era um hospital.
— Ei, você está bem? – A voz grave perguntou ao lado da cama. Jimin se vira e se depara com Hoseok, a face do mesmo, fez Park se assustar — O médico disse que você teve uma pré-convulsão
— Como você chegou aqui?? – O Park questionou, tendo seu pulso envolvido pelos dedos longos do Jung.
— Eu ia ver sua audição, lembra? Mas assim que eu entrei no anfiteatro, você caiu no chão e todo mundo foi pra cima – Explicou Hoseok, Jimin franziu o cenho — Já liguei pra sua mãe. Ela agradeceu por eu ter ficado com você e deu dinheiro para que eu te leve pra casa...
— O-obrigado.... – Agradeceu o Park, franzindo o cenho. Tudo era muito estranho, mas ao mesmo tempo tentava fazer sentido. A convulsão pode ser estimulada pela ansiedade. Jimin suspirou e colocou a mão em sua testa morna, estava se esquecendo de alguma coisa.
— Você já vai tomar alta. O médico só vai vir te examinar e esperar terminar o seu soro. – Jimin olhou para o lado e então, percebeu o fio longo que vinha da dobra de seu braço até as costas da mão direita. Estava frio naquele quarto, talvez pelo ar condicionado, seus pêlos do braço estavam arrepiados. Logo, o médico entrou com um sorriso no rosto.
— Oh, você acordou. Como se sente, Jimin? – Questionou o médico com a prancheta numa das mãos e uma caneta preta na outra.
— Com fome...E com dor de cabeça – Disse Jimin, o médico sorriu para Jimin e anotava o que o mesmo dizia, depois caminhou até a bolsa de soro e examinou as últimas gotas saírem da bolsa, correrem pelo caninho até Jimin.
— Bem, o seu soro já acabou. Irei te dar alta, poderá comer o que quiser. Só não pode exagerar muito sal por causa da sua pressão. Fora isso, tá liberado! – O médico explicou, escrevendo algumas coisas na prancheta — E irei te receitar alguns remédios para recuperação, te darão um pouquinho de sono, mas nada muito forte – O médico disse, fazendo uma breve reverência para os dois rapazes no quarto e saindo em seguida. Hoseok se levantou e caminhou até a poltrona do outro lado da maca, pegando a pilha de roupas dobradas e as colocando em cima da maca.
— Vou ir buscar algo pra você comer enquanto você se troca. Seu celular tá em cima da mesinha. Me liga, caso aconteça qualquer coisa – Hoseok disse e saiu do quarto. Jimin aos poucos se levantou e caminhou até a pilha de roupas, onde se despiu e se trocou, voltando a usar a calça preta e o suéter acinzentado um pouco maior que seu corpo.

(...)

Jimin's House (20:00 PM)

Jimin agora estava em casa, enquanto ia embora do hospital, Hoseok disse que seu professor iria dar outra oportunidade do Park fazer outra audição, essa conversa durava enquanto ambos comiam salgadinhos e bebiam refrigerante à caminho da casa de Jimin. Hoseok o deixou em casa e se certificou que o mais novo estivesse seguro. "Tome cuidado", disse Hoseok, recebendo uma breve reverência em agradecimento.
Jimin agora estava em seu quarto, com os fones de ouvidos no máximo enquanto assistia uma gameplay de jogos de terror do seu canal do Youtube favorito. O cara sempre gritava igual a uma hiena quando tomava um susto, isso fazia Jimin rir, até demais. Jimin parou o vídeo e olhou a hora, suspirou e andou até a prateleira do banheiro. Hora do remédio, murmurou para si, antes de pegar o frasco e levar para a mesa do computador. Jimin se senta e coloca os fones novamente, logo colocando a pílula vermelha e branca na boca e a ingerir com a água fresca de sua garrafa térmica. Jimin iria apertar o play, mas um barulho no andar de baixo chamou sua atenção.
— Mamãe? - Jimin chamou após tirar os fones. Ele podia jurar que havia ouvido alguém chamar seu nome. Mas ninguém respondeu, então Jimin lembrou que sua mãe não estaria em casa naquela noite devido ao trabalho. Jimin mesmo assim, resolveu sair do quarto e ir até a cozinha comer algo, mas mudou de idéia quando ouviu um barulho na cozinha, deduziu que fosse a geladeira, estalando por causa do gelo. Ele parou na escada e logo ouviu passos pesados, a luz continuou apagada, e um assobio assustador soou. Jimin não perdeu tempo, voltou correndo para o quarto e desligou o computador, pegando o celular e correndo para debaixo da mesa do computador. Jimin com as mãos trêmulas, desbloqueou o celular com a digital
— Mamãe? Mamãe, consegue me ouvir? – Jimin disse aos prantos ao telefone que chiava em resposta, logo revelando a voz de sua mãe.
— Filho? Jimin? O que houve, querido? – Dizia a mãe do outro lado da linha, parecia preocupada.
— Eu acho que tem alguém aqui em casa... Você já está voltando? – Perguntou Jimin, segurando suas lágrimas e tentando falar o mais baixo possível. Não podia negar que estava com medo.
— Deixe ele entrar, filho.... – Disse a mãe no tom mais tranquilo do mundo, Jimin franziu o cenho de forma confusa.
— Como é? – Questionou confuso, usando a mão pequena para abafar som.
— Vocês devem uma alma pra ele, querido – A voz da mãe do Park começou a se modificar, chiava e engrossava — ELE QUER A SUA ALMA – Gritou do outro lado do telefone, e no mesmo instante, Jimin virou o rosto na direção da porta do quarto, que foi aberta bruscamente. A figura nefasta correu em alta velocidade na direção de Jimin, que soltou um alto grito doloroso e desesperado.

(...)

— Bem... Qual a causa da morte? – Perguntou o policial que havia entrado no quarto. As fitas amarelas espalhadas pelo quarto era tudo que se via, com pessoas usando luvas de borracha para pegar as amostras espalhadas.
— Facadas.... Vinte e quatro no total – Disse o períto criminal, que pegava as últimas amostras da cena do crime — O nome é Park Jimin, 21 anos... A mãe já sabe da notícia? – O policial cruzou os braços, vendo o corpo de Jimin caído no chão do quarto, com sangue escorrendo de vários buracos em sua barriga, de sua boca e de sua perna esquerda.
— Foi encaminhada para o hospital, ela desmaiou quando recebeu a notícia – Afirmou o períto criminal, ensacolando o celular de Jimin. O policial anotou tudo e assentiu com a cabeça e saiu da casa, entrando em sua viatura e indo até o posto policial novamente.
— Detetive Hamilton! Temos um novo caso!

FRIENDS FROM THE OTHER SIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora