Bônus - O exame I

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ᴊᴜʟɪᴀ

— Amor, come, por favor — me estende um prato de lasanha de queijo.

— Eu não quero, só de olhar me dá vontade de vomitar — faço cara de nojo.

— Come que nem um trator e agora não quer comer? Pega teus documentos que eu vou te levar pra fazer alguns exames — levanta da ponta da cama e coloca o prato na cômoda.

— Não precisa, Gustavo.

— Precisa, sim. Levanta dessa cama. Duas semanas que vomita tudo que come e agora faz três dias que olha pra comida e não quer comer. Tá faltando trabalho direto, coisa que tu odeia fazer.

— Só tô um pouco enjoada.

— Amor, coloca uma coisa na tua cabecinha — pega em meu rosto com as duas mãos — Julia não rejeita comida — a balança de leve e me dá tonteira.

— Não faz isso, corno — bato em sua mão — Me enjoa mais ainda — ele me solta e sai do quarto. Estranho e vou atrás dele que está no sofá — Ficou ofendido com o corno? — sento em seu colo.

— Não surta como da última vez, mas... — faz um carinho no meu cabelo.

— Lá vem — reviro os olhos — O que foi dessa vez?

— Tá grávida, amor? — viro um pouco olhando pra ele e tento achar um resquício de humor e nada acho.

— Tá falando sério?

— Tu tá vomitando horrores, Ju. Desde quando tu rejeita comida ou falta trabalho? Estou percebendo já faz um tempo, só não perguntei pra você não surtar - alisa a minha perna e engulo a seco.

— Eu não poso estar grávida — falo baixinho — Eu não estou grávida — falo mais pra mim, do que pra ele.

— Tá tomando o remédio direitinho? — anuo — Sabe que não é 100% eficaz, né? — concordo — Vamos fazer o exame dessa vez e aguardar o resultado, tá bom?

— E se... — Gustavo me interrompe.

— Não tem e se. Se der negativo, deu negativo. Se der positivo, é o nosso filho —.coloca a mão na minha barriga e acaricia.

— Você sabe que eu não quero isso, não sabe?

— Sei totalmente que você não quer, mas e se vir? Não fala sem pensar duas vezes na tua decisão, Julia.

— Eu não penso em abortar, mas também não penso em ter filhos. Principalmente se eu for uma péssima mãe.

— Tudo é questão de tempo e aprendizado.

— Nos mudamos quase agora pro Rio, já estamos estabilizados e aí vem filhos?

— Só falta a gente no grupo mesmo — dá de ombros.

— E quero continuar faltando — faço momice.

— Se arruma e vamos —.beija minha bochecha e levanto do seu colo.

Tomo um banho, me seco, coloco um short e uma blusa ombro a ombro, calço um chinelo mesmo e vou pra sala onde Gustavo está sentado ainda.

— Levanta o cu daí — taco o chinelo dele nele próprio.

— Já tô pronto, estressada — estala a língua — Pega minha camisa em cima da cama pra mim.

— Pega você também.

— Olha aí, os hormônios fazendo efeito — me provoca.

— Eu só vou falar uma vez, bota a porra da camisa e vamos logo fazer o caralho do exame — aponto dedo na sua cara

— Tá bom — corre pro quarto e volta vestindo ela — Já tá aprendendo a mandar nos teus filhos.

— Eu não vou ter filhos. Titia sim, madrinha também, mamãe não — balanço a cabeça.

— Vai assim? — me analisa de cima a baixo enquanto andamos até a porta e gelo um pouco por não saber o que ele vai falar. Sim, me recuperei total do Matheus, mas fico um pé atrás em saber que um dia, pode acontecer do Gustavo mudar. Estou me consultando com a uma psicologia daqui e aos poucos estou me sentindo mais confiante, mas não 100%.

— Tá curto demais? — me viro pra ele e pergunto.

— Tá gostosa demais — coloca a mão na minha bunda e bate na mesma — Vai ser a mamãe mais gostosa que eu já vi — beija minha bochecha e sorrio — Vamos? — estende a mão pra mim e concordo pegando em sua mão.

23/03/20

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