Criaturas Noturnas.

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     Tsukinami.

     Para qualquer um que olhasse para a mancha negra voando e escondendo  por pequenos segundos as estrelas, não teria achado problema. Porque para as pessoas comuns, era um simples morcego, que ao cair da noite, tinha aproveitado a escuridão de alguma gruta ou capela para se alimentar.
    Mas para ele não.
   O frio gelado do meio de outono congelaria qualquer um que no meio da madrugada, teria escolhido subir em um lugar alto. Mas para Carla, o pequeno animal voador era a única coisa que o incomodava.
     Os cabelos brancos esvoaçantes em sua vista, não o impediam de ver o pequeno pergaminho amarrado no pescoço do morcego.
    Ele estica com segurança o braço coberto pelo casaco de couro, e o deixa pousar sobre o antebraço, as orelhas pontudas apontando para o chão. Com a mão eluvada, ele desamarra cuidadosamente o laço vermelho e solta o pergaminho.
   Com o guincho do morcego quando ele vai embora, uivos de lobos nascem atrás dele com a presença do irmão.
    -Temos que ir...-Carla diz abaixando o cachecol até a altura do queixo e franze a testa sobre os olhos frios e dourados. Ele então se vira e caminha em direção a descida.
     -Irmão,o que ?? -Shin pergunta com o único olho arregalados e as sobrancelhas ruivas levantadas.           
    -Agora!! - ele grita em resposta quando ele tenta dizer mais alguma coisa e pará-lo, enquanto amassa o pergaminho em seu peito para que ele mesmo lesse.
  
     Mukami.
    Depois que ela tinha voltado para a mansão dos Sakamaki, os irmãos Mukami deixaram que um pequeno abismo se abrisse entre  cada um deles. Não haviam mais jantares juntos e eles não iam para o o colégio em companhia.
    Todos queriam ser Adam. E todos culpavam em silêncio  uns aos outros por não terem conseguido o que queriam e por ter perdido Yui.
    Mas a mensagem que Ruki tinha lido para todos na mesma mesa de jantares todas as outras noites,  nao era uma razão feliz para que voltassem a se reunir.
    -Mas, o que nós vamos fazer ?? -o tom de voz de Azuza mostrava claramente sua preocupação. Uma primeira emoção demonstrada, desde que Yui se foi. Nele, havia  mais bandagens sanguinolentas e curativos  o cobrindo do que o normal.- Sera que  poderíamos...
    -Não!! -Yuma bate na madeira com seu grande punho.- Eu não vou passar nem uma hora junto com aqueles bastardos monstruoso!! Prefiro morrer. Enfim...
    -Ok, ok...Não  presicamos entrar em pânico!! -Ruki gesticula com a mao livre do pergaminho e franze as sombrancelhas escuras para  Yuma- E nós também  não  podemos rejeitar qualquer opção que não agrade uma minoria!!.
    -O que quer dizer com isso, Ruki ?? -o gigante de cabelos longos e castanhos se levanta de seu lugar e caminha na direção de Ruki.- Então já esqueceu ?? Você está conseguindo se alimentar ??
     Não. Ele não esqueceu.
     E não. Eles nao estavam se alimentando  bem. Todo o sangue que ele provava parecia podre e azedo depois de ter provado o sangue de Eva.
    -Sinto muito, Ruki, mas não acho que seja uma boa idéia...-Azuza diz. Ele parece encolher em seu assento, apenas com o pensamento de morar na mesma casa que eles e ter que brigar de verdade pelo sangue que ele sonhava em provar novamente.- É perigoso!!
     Kou permaneceu em silêncio o tempo todo, desde que foi ele que  recebeu o morcego é entregou a carta marcada para o irmão. Nesse momento Yuma e Ruki discutiam alto entre xingamento e questionamentos.
    -Qual é o problema de vocês ??! -o loiro pergunta com a voz séria,  mas baixa. Os outros olham para ele prestando atenção.- Se vamos escolher entre a cruz e a espada, eu prefiro a espada. Porque eu escolheria sem pensar morrer por eles se estou  lutando pelo que eu amo!! - ele faz uma pequena pausa enquanto os outros digerem a palavra amor- Eu  escolho isso do que morrer com uma estaca maldita no meu coração...
     Estava decidido.

  Sakamaki.

   -Ai!! -ela diz quando sente a agulha perfurar sua pele.- Não...
    Rapidamente, Yui afasta o dedo machucado e observa a pequena bolha de  sangue se formar sobre a ferida. Pelo menos, nal havja manchado o tecido roxo que ela passou o dia todo procurando.
    Ela não pensou que costurar um casaco em um urso, fosse tão difícil.
    Fazia uma semana que os lobos invadiram as mansões dos Mukami e dos Sakamaki e aquele dia, vários desastres aconteceram em série. Mas uma das farpas mais dolorosas que haviam partido seu coração, foi ter visto o adorável urso de Kanato se desfazer nas chamas.
   E desde aquele dia, o vampiro parecia completamente anestesiado e perdido, nas poucas vezes que ela conseguia  vê-lo  vagando pelos jardim de rosas. Por isso, Yui se deu ao trabalho de comprar um uso de pelúcia idêntico ao dele e costurar um pequeno casaco com um tapa olho.
   Já era fim de madrudaga na mansão, e estava quase na hora de dormir. Komori teve que suportar uma longa noite no colégio intercalado com os "momentos desagradáveis" com  Laito  em sua cama de  manhã, Reiji querendo uma compensação por um botão pendurando e Shu decidindo dar uma pausa no seu sono.
    -Graças a Deus...- Ela diz suspirando e sorrindo quando analisa o fruto de trabalho. Sentindo se feliz, ela abraça o ursinho de pelucia com cheiro de lavanda- Você parece tão fofo quanto antes novo Teddy... Ahhh!!
   Quando ela ela se levanta da cama e olha em direção a porta, ele estava parado lá ,  olhando pra ela com aqueles olhos sofridos e desesperados. Yui se arrepende de ter gritado, porque provavelmente ela pagaria por isso por ser o próprio  Kanato parado na sua frente.
   O segundo mais novo dos Sakamaki, ainda vestia o uniforme. Preso em seu casaco, havia  folhas e espinhos, que quase fizeram Yui ir em seu socorro. Ele parecia mais pálido  do que o normal dele, e as olheiras estavam dois tons mais negras. Quando as íris lilás descem para pelúcia, ela pensou ter visto as pupilas dele dilatando.
   -Kanato, eu...- ela começa sem saber o que dizer." Talvez não tenha sido uma boa idéia...",ela pensa quando o medo agora se torna real. Mas sucumbir a ele traria consequências piores- Que bom ver você dentro de casa...
   Ela atravessava o quarto se aproximando dele lentamente. Ela podia ouvir, (e ele também), seu coração acelerando, enquanto a distância  entre eles diminuía e a cabeça dele se inclinando suavemente   pela diferença de altura.
   Yui para em uma distância de pelo menos um metro, o que  ela pensava ser seguro. Mas  quando ia tentar dizer mais alguma coisa, com um golpe rápido e violento, ele tira o urso de seus braços.
    -Te...- ele sussurra para si próprio olhando para a cópia perfeita em suas mãos. Ela não tinha direito. A comida não sente pena de seu devorador, era mais que um insulto.- Sua...Sua...-ele não  conseguia pensar em um so xingamento- E culpa sua...
   -,Me desculpa!! - ela berra interrompendo seu discurso de ódio- Eu sei que foi por minha causa que Ted se foi!! Eu só não ia vê-lo softer tanto. E ter que se isolar para poder chorar!! - ela pata para póder tomar fôlego e apertar ss mãos  ao lado do  corpo.- Eu não  me importo de você  me machucar hoje, apenas aceite!! Por favor...
   Ele estava aturdido.
   Kanato olha para a pelúcia, e ela era idêntica a que a mãe havia dado a ele a muitos e muitos anos atrás. Ted foi um presente rejeitado de um amante, que foi dado a ele, para outro rejeitado.
   Mas esse Teddy  era diferente.
   Ele tinha cheiro de flores, tinha o cheiro doce de Yui. O sangue dela sim, tinha feito uma pequena mancha no colete roxo do urso, mas apenas ele percebeu quando o aroma delicioso dela encheu suas narinas.
    Esse Teddy era mil vezes melhor do que o outro. Mas ele deveria confessar isso a ela ??
   Quando ele levanta o olhar e vê as bochechas rosadas dela de tanto segurar as lágrimas, a sensação estranha que se repetia várias vezes encheu seu estômago. Era fome. Era desejo. Era um tudo que ele nunca sentiu.
   Lentamente, o jovem vampiro caminha até a cama de Yui, enquanto abraça a pelúcia inspirando profundamente. Quando a acomoda em cima do colchão, já era tarde demais quando Yui percebeu que ele estava indo agarra-la.
    Os braços dele a apertavam tanto, que quase lhe faltava ar. A pequena e indefrsa garota nese momento, nao tem abertura pata lutar. Ela apenas se entrega a dor  que viria depois.
    Obrigado...você me odeia ?? Nao, não responda. Eu nao suportaria a verdade...- ele sussurra de forma surpreendentemente doce depois de beijar as duas lágrimas que desceram teimosas e esfregar o nariz sobre o pescoço dela- Obrigado, Yui.
   No momento que as presas dele tocaram a pele dela, um barulho alto veio de detrais deles na janela, o interrompendo.
   Era um morcego. Ele tinha quebrado o vidro e avançava na direção da loira guinchado, enquanto sangrava pelas suas próprias feridas de cacos.
   Faltando poucos centímetros  de seu rosto, o próprio Kanato agarra o animal com uma das mais e o arremessa em direção ao chão, enquanto rosnava violentamente.
    Estava morto.
    Reconhecendo o selo do pai no pergaminho ensanguentado perto do morcego, ele o pega do chão com um suspiro de surpresa.
    Lembranças ruins e sentimentos variados enchem a mente do vampiro, ao ver a carta e de quem era. Sem pensar mais de uma vez, ele vira  com o único pensamento de dar aquela coisa para Reiji.
    Antes de ir, ele da um última olhada para uma Yui se derramando em lágrimas no chão  e para o uso na cama.
   "Ele vai tomar conta dela",ele pensa e vai embora.
  
   
  
  
   

   
      
  
 
  

     
   
   
  

A Ultima Lua Cheia.Onde histórias criam vida. Descubra agora