Capítulo 13

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Sabe aqueles reality shows onde uma pessoa tem que aprender a sobreviver na selva? Às vezes fica sem comer, ou corre por horas sem parar e tem que se preocupar em achar abrigo e um local seguro o suficiente para passar a noite. Se tiver sorte, consegue fazer uma fogueira e não congelar com o frio.

Sempre imaginei que as pessoas ali deveriam se sentir uma merda. Quero dizer, eu perdia o fôlego só subindo algumas escadas, imagina ter que correr o dia todo? Todo o seu corpo doendo, gritando por um descanso com cada pequeno passo a mais que você dá.

Era exatamente assim que eu me sentia ao sair do treino com Arlo. Ele estava irritado comigo, isso ficou óbvio depois da terceira vez que me derrubou no chão. Se foi pelo fato de eu ainda estar insistindo que não queria lutar ou por ter chegado alguns minutos atrasada, eu não sabia, mas ele estava insatisfeito.

Assim que nosso treino terminou, ele saiu sem falar uma palavra, me deixando sozinha. Sentia falta dos dias em que ele fazia sua massagem milagrosa nos meus pés após os treinos, mas imaginei que comentar isso seria empurrar o meu azar para um outro nível, algo que eu não queria fazer.

Assim que volto para o quarto, Adam arqueia uma sobrancelha e pausa a televisão, seus olhos percorrendo todo meu corpo. Tudo bem, então talvez eu não estivesse muito bonita naquele momento. Estava com uma expressão derrotada, suor por todo o meu corpo, e meu cabelo estava por todo o lado.

"Outch. Você pisou no pé dele ou algo do tipo?" Adam questiona, e eu bufo, me apoiando na parede. Deixo minha bolsa no chão e tiro o tênis.

"Algo do tipo." Resmungo, então vou direto para o banheiro, precisando urgentemente de um banho demorado e muito merecido.

Fecho e tranco a porta - Não que fosse adiantar alguma coisa, mas me fazia sentir melhor -, tiro a roupa e solto o cabelo. Ligo o chuveiro e vou para debaixo do jato d'água.

Dessa vez, quando a porta abre e alguém entra no box junto comigo quando eu estava debaixo do chuveiro e de olhos fechados, eu consigo escutar. Abro os olhos para ver Adam na minha frente e suspiro.

"Eu posso tomar um banho sozinha, por favor?" Ele da um sorrisinho.

"Vira de costas." Fala é eu imediatamente arqueio uma sobrancelha, meus olhos lhe questionando. Seu sorrisinho cresce um pouco, a covinha aparecendo. "Acredita em mim, você não vai reclamar."

Suspiro e estreito os olhos, mas após alguns segundos, faço o que ele mandou. Vejo Adam pegar o óleo de banho que eu tinha junto com alguns outros produtos e derrubar pelas minhas costas. Mordo o lábio quando suas mãos vão para meus ombros.

Assim que ele começa sua massagem, fecho os olhos e minha cabeça cai um pouco para trás. Solto um barulho baixinho de satisfação quando seus dedos apertam o exato lugar necessário, que poderia ser - talvez - confundido com um gemido.

Escuto sua risadinha, mas assim que suas mãos descem pelas minhas costas, abro os olhos. Quando vão se aproximando da minha bunda, engulo em seco.

"Adam..." Minha voz era um pouquinho mais alta que um sussurro, e sai mais rouca do que eu gostaria, mas o tom de aviso estava lá, junto com mais outra coisa que eu não quero analisar.

"Relaxa." Sua voz vem igualmente rouca, e eu mordo o lábio mais forte. Suas mãos trabalham pela minha lombar e quadril, e eu vou relaxando conforme Adam vai trabalhando com minha tensão e músculos presos do treino com Arlo.

Quando ele termina, acho que vai me deixar continuar com o banho, mas, em vez disso, ele busca o shampoo. Não falo nada e deixo que derrube um pouco nas mãos, então aplique na minha cabeça. Seus dedos vão massageando daquele jeito que se assemelha à um cafuné, e meus olhos se fecham quase que automaticamente.

Adam deixa eu lavar o cabelo, então aplica o condicionador, indo com calma, mecha por mecha. Nenhuma palavra é trocada, apenas o barulho da água do chuveiro entre nós, mas o silêncio era intenso. Quase como se eu pudesse ver a tensão se formando entre nós.

Ao terminar com o meu cabelo, suas mãos param em meus ombros e ele da uma risadinha rouca.

"Acho que você quer continuar daqui." Murmura, e eu viro para encará-lo, concordando com a cabeça quando seus olhos encontram os meus. Eu não poderia desviar nem se quisesse.

"Yeah. Acho melhor." Falo, minha voz fraca, e pego o sabonete sem tirar meus olhos dos seus.

Quando começo a lavar o corpo, Adam trinca a mandíbula, parecendo lutar uma luta consigo mesmo. Acho que ele acaba perdendo, pois seus olhos descem para acompanhar o caminho que o sabonete percorria.

Eu sei que deveria ter virado de costas. Ou ter dito a ele para sair, seriamente dessa vez. Não deveria deixar que ele olhe para meu corpo do jeito que fazia, com desejo nos olhos. Mas não consigo impedir a mim mesma, por mais que tente. Não consigo afastar Adam, por mais que precise.

Sou uma vadia. Sério. Eu estou apaixonada pelo melhor amigo dele, pelo amor de Deus! Não deveria querer que ele me encarasse exatamente como fazia agora.

Ah, mas eu queria. Gostava. E como gostava...

Mia, para!

Adam segue cada pedacinho de pele com os olhos, e sinto o local entre as minhas pernas pulsar com a sua atenção. Quando termino, lhe passo o sabonete e vou para debaixo da água, mas não tiro meu olhar do seu.

Ele usa o sabonete para lavar o próprio corpo, e é minha vez de acompanhar com os olhos. Vejo cada pedacinho, cada músculo, cada cicatriz, cada tatuagem... Jesus, esse menino era esculpido pelos fodidos deuses. Quando sua mão envolve seu pau, não deixo de notar quando ele a move uma fez, estimulando a si mesmo, e engulo em seco.

Meus olhos voltam a encontrar os seus, e não sei se o desejo que encontro ali é dele ou o reflexo do meu. Dou um passo para o lado, para lhe dar espaço para ir até a água, e Adam se aproxima. Porém, quando está ao meu lado, para e olha para mim.

Ele olha para o espaço entre nós, para mim e então para meus lábios.

"Adam..." Eu pretendia que saísse como um aviso, mas acho que não é exatamente isso que meu tom sugere.

"Me diz que isso é uma ideia terrível." Ele sussurra, seus olhos indo dos meus para os meus lábios e voltando.

"É uma ideia terrível." Porra, eu acho que ele consegue perceber pela minha voz o quanto eu quero isso.

"A gente definitivamente não deveria fazer isso..." Engulo em seco e mordo o lábio, e Adam acompanha o movimento.

"De jeito nenhum."

Seus olhos encontram os meus, e eu vejo ali o momento em que acontece. O momento em que algo dentro dele simplesmente... quebra. Era provavelmente o que estava o prendendo, pois Adam faz exatamente o que a gente não deveria fazer.

Ele me empurra contra a parede e cola os lábios nos meus.

The Stolen Empire - Gotville High 2Onde histórias criam vida. Descubra agora