The Stolen Empire - Gotville High 2

Capítulo 20

Então, eu precisava que Arlo largasse do meu pé em relação aos treinos, mas eu sabia que não seria tão fácil assim. Uma conversa não adiantou, então decidi partir para meu plano B. Ir tão mal nos treinos que ele mesmo iria acabar desistindo. Naquele dia, quando nós dois estamos no ginásio, eu erro cada movimento que ele me manda fazer, e faço questão de cair no chão a cada oportunidade.

O que eu aparentemente havia esquecido é que eu estava lidando com Arlo Black. Acima de qualquer coisa, o cara tinha uma paciência de ferro. Sério, eu estava começando a achar que nada o abala. O tratamento do silêncio não funciona também, já que ele parece se manter completamente confortável mesmo sem barulho nenhum, ao contrário de qualquer ser humano normal.

Então, em vez de Arlo parar o treino, ele apenas o prolonga. Toda vez que erro algo, ele repassa aquela mesma coisa até eu acertar, e eu não posso sair do ginásio até ter cumprido nossa meta para o dia. Quando caio no chão pela milésima vez, ele arqueia uma sobrancelha para mim.

"Você está tentando morrer ou algo do tipo? Porque eu já teria te matado setenta e quatro vezes na última hora." Fala quando estende uma mão para me ajudar a levantar. Eu aceito e suspiro quando estou de pé.

"Você realmente contou ou só adivinhou um número?" Questino. Arlo suspira e cruza os braços.

"Eu contei. Isso é o quão entediado esse treino está me deixando." Diz. Eu bufo, estreitando os olhos, mas sua expressão não se altera.

"Eu já te disse, Arlo. Não quero mais treinar." Resmungo, o fazendo revirar os olhos.

Arlo se aproxima de mim e levanta meu queixo com o indicador, me forçando a olhar para ele. Seus olhos azuis da cor do céu no início da noite me prendem.

"Ninguém quer treinar, hot stuff. Mas você vai, porque, caso contrário, Ruby vai te cortar em pedacinhos. Eu te disse que meu favor era não desistir do treino. o que você fez hoje é desistir. Então você vai parar de encher a porra do meu saco e vai treinar direito. Entendeu?" Em nenhum momento ele levanta seu tom, mas eu ouvi alto e claro o comando em sua voz. Bufo.

"Eu confiei em você quando você me pediu para fazê-lo. Agora é sua vez de confiar em mim nisso." Murmuro, e Arlo estreita os olhos.

"Eu não apenas confio, hot stuff. Não é assim que as coisas funcionam no meu mundo. Eu recebo informações e trabalho com o que tenho. Então, até que você me diga exatamente que porra você está fazendo, vai treinar direito comigo." Eu queria lhe dar um soco. Mas acho que isso não funcionaria para nada além de quebrar minha mão, então me seguro.

Mordo o lábio, minha visão ficando embaçada com lágrimas. Eu odiava que ele não achava que podia confiar em mim. Até Liam decidiu confiar em mim no final das contas, e minha relação com ele sempre foi mais complicada. Quebrava meu coração o fato de Arlo não conseguir fazer o mesmo.

"Confia em mim! Eu não posso ganhar aquela luta, Arlo." Ele cruza os braços, sua expressão ainda em branco.

"O que vai acontecer se você não perder?" Questiona e eu suspiro.

"Coisas muito ruins. Muito ruins mesmo." Murmuro, e ele estreita os olhos levemente.

"Quem te disse isso?" Eu suspiro, colocando meus braços ao redor de mim mesma.

"Não posso te falar ainda." Arlo rola os olhos, parecendo levemente frustrado.

"Você não me conta nada e espera que eu simplesmente siga você cegamente? Não é assim que as coisas funcionam por aqui, Sorrentino." Ele fala e eu suspiro, contendo o choro que sobe pela minha garganta.

"O que você quer, Arlo? Outro favor? Isso vai te fazer sentir melhor?" Pergunto, minha voz falhando um pouco, me sentindo meio magoada.

"Não, eu não quero outro favor, Mia. Quero alguma coisa, porra. Você não pode esperar que eu simplesmente faça o que você diz apenas porque você me pediu para confiar em você." Sua voz era irritada. Bufo.

"Na verdade, isso seria ótimo. Se chama confiança, Arlo, você deveria tentar alguma hora." Resmungo. Ele suspira, a expressão suavizando um pouquinho quando meu lábio treme.

"Eu não posso simplesmente confiar, hot stuff. Não é assim que eu funciono." Murmura e eu suspiro, passando a mão no cabelo. Ele deve ver a mágoa na minha expressão pois se aproxima de mim. "Vamos fazer o seguinte... se você quiser perder, perde. Isso é com você. Mas os treinos continuam. Quero ter certeza que Ruby não vai te matar."

Mordo o lábio para enconder um pequeno sorrisinho divertido que acaba escapando mesmo assim, mesmo quando eu ainda tinha lágrimas nos olhos. "Não vou morrer. Talvez me machuque muito, mas não vou morrer."

Arlo da um sorrisinho torto. "Não com os meus treinos. Quem sabe, talvez você até consegue acertar um soco ou outro." Dou um empurrãozinho em seu ombro, rolando os olhos, e seu sorriso cresce um pouco.

Ele afasta as mechas de cabelo do meu rosto e ombro, mas isso lhe dá uma visão direta para o meu pescoço. De início, não entendo porque sua expressão muda compltemente, mas então me atinge. Ah, porra...

"Arlo..." Começo, mas ele se afasta de mim e pega suas coisas para sair do ginásio.

"Mesma hora amanhã." Fala, mas eu vou atrás dele.

"Não é o que você pensa." Digo. Sério, Mia? Nossa, parabéns. Você deveria ganhar o prêmio de melhor clichê ambulante do século. talvez da história.

Arlo para de andar e se vira para mim, arqueando uma sobrancelha com a mandíbula trincada. "Sério? Então isso no seu pescoço não é um chupão?"

Bufo. "É. Mas não estamos juntos..."

"Não importa, Mia." Ele resmunga, então tenta sair de novo. As lágrimas reaparecem.

"Vai se foder, Arlo. Para de ir embora toda vez que temos uma fodida discussão!" Grito, as lágrimas descendo livrimente. Sim, eu sei. Não estou sendo a racional da conversa. Mas, fodasse, eu estou triste e de TPM.

Arlo via para mim novamente, parecendo irritado. "Você precisa parar de mexer com a porra da minha cabeça, caralho! Um momento, você age como se quisesse que eu me importasse, no outro não. Chega, porra!" Ele grita, me fazendo chorar mais.

"Eu não faço por querer..." Murmuro, mas ele nao me deixa terminar.

"Quer saber, Mia? Que seja. Não é da minha conta com quem você trepa, e talvez esteja na hora de nós dois pararmos de agir como se fosse." Arlo diz, então pega suas coisas e sai do ginásio, me deixando ali sozinha.

Abraço a mim mesma e fecho os olhos, meu corpo tremendo com a intensidade do choro. Sinto como se Arlo tivesse levado meu coração consigo.

E não há ninguém para culpar além de mim.